Os imigrantes que sobreviveram ao naufrágio de domingo no litoral da Líbia chegaram na noite desta segunda-feira (20) ao porto de Catânia, no sul da Itália, em um navio da guarda costeira do país europeu. Dois deles, suspeitos de tráfico de pessoas, foram presos pelas autoridades italianas, de acordo com a agência Reuters.
Os detidos seriam o capitão do barco, de origem tunisiana, e um membro da tripulação, de nacionalidade síria, segundo o oficial da polícia Rocco Liguori.
No total, o número de sobreviventes é de 28 pessoas, apesar de no porto siciliano terem chegado 27, já que um foi previamente transportado em um helicóptero a um hospital da Sicília porque apresentava uma série de complicações clínicas.
27 dos 28 sobreviventes chegaram ao por de Catânia, na Itália (Foto: REUTERS/Alessandro Bianchi)
O ministro de Infraestruturas da Itália, Graziano Delrio, foi ao porto siciliano para receber aos imigrantes em nome do governo do país. "O promotor Giovanni Salvi realizou duas detenções nesta noite de pessoas envolvidas, o que mostra que a justiça italiana está trabalhando", disse Delrio a repórteres no local.
No porto também esperavam os serviços de assistência preparados pelas autoridades italianas para atender aos sobreviventes do naufrágio.
Os sobreviventes passaram por uma primeira avaliação sanitária em tendas instaladas no porto, antes de serem transportados de ônibus a um centro de atendimento de emergência.
800 morreram
Agora começará o processo para determinar a identidade dos sobreviventes, todos homens, segundo a Efe.
Com base em relatos da maioria dos sobreviventes, entrevistados após sua chegada na Itália por representantes representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), pode-se dizer que 800 pessoas morreram no naufrágio.
"Podemos dizer que 800 pessoas morreram", declarou Carlotta Sami, porta-voz da ACNUR na Itália, antes de o porta-voz da OIM, Flavio di Giacomo, confirmar a estimativa.
"Nós confrontamos os testemunhos e concluímos que havia pouco mais de 800 pessoas a bordo, incluindo crianças de 10, 12 anos. Havia sírios, cerca de 150 eritreus, somalis (...). Eles partiram às 08H00 de sábado de Trípoli", explicou Sami.
"Os sobreviventes são de Mali, Gâmbia, Senegal, Somália, Eritreia e Bangladesh", revelou Di Giacomo.
De acordo com as declarações dos sobreviventes feitas anteriormente à chegada do grupo, na embarcação viajavam entre 700 e 950 pessoas. Um sobrevivente internado no hospital siciliano, um bengalês de 33 anos, assegurou perante os magistrados italianos que havia em torno de 50 menores e 200 mulheres.
A guarda costeira italiana, que recuperou 24 corpos, não confirma o balanço até o momento.
A procuradoria de Catânia pediu que estes números sejam encarados "com cautela" mas, se forem confirmados, se trataria da maior catástrofe ocorrida em águas do Mediterrâneo.
Algumas dezenas de defensores dos direitos dos imigrantes protestaram durante a chegada dos sobreviventes para reivindicar a abolição de uma lei que criminaliza a imigração ilegal. "Emigrar não é um crime, a história da Sicília nos mostrou", gritaram.
Plano para crise
Nesta segunda, a Comissão Europeia apresentou a ministros reunidos em Luxemburgo um plano de 10 pontos de ação imediata para aliviar a crise de imigrantes no Mar Mediterrâneo. Entre as ações está o fortalecimento das operações de busca e resgate.
Uma segunda reunião será realizada na próxima quinta-feira, em Bruxelas.
Sobrevivente é transportado em cadeira ao desembarcar de barco da guarda costeira italiana no porto de Catania na noite desta segunda-feira (20) (Foto: AP Photo/Alessandra Tarantino)
Depoimentos ajudarão a definir o número de mortos (Foto: REUTERS/Alessandro Bianchi)
