Mesmo com a trégua dada pela chuva, nesta sexta-feira (31), moradores de bairros afetados pelas inundações ainda amargam os prejuízos e enfrentam dificuldades até para conseguir chegar em casa. Na Serra, muitas residências ainda estão debaixo d’água, e onde o nível da chuva já desceu, restou lama e muita sujeira.
Em decorrência da chuva desta quinta-feira (30), de acordo com a Defesa Civil Estadual, uma pessoa morreu; duas ficaram feridas; e 605 pessoas, sem casa devido aos alagamentos, desabamentos ou por estarem em áreas de risco. Os maiores transtornos foram registrados nos municípios de Vitória e Serra e, no interior, em Aracruz, Fundão, São Mateus e Linhares. Os maiores índices pluviométricos acumulados em 24 horas foram registrados em Novo Horizonte, no município da Serra, com 385, 24 mm, e 304,76 mm em Guaraná, no município de Aracruz. Na Serra, segundo o Incaper, em seis horas, choveu o previsto para dois meses.
Espírito Santo (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Debaixo d’água
A situação mais crítica foi registrada na Serra, município mais atingido pela chuva no estado. Ainda na tarde desta sexta-feira, só era possível acessar alguns bairros de barco e alguns moradores utilizaram caiaque para chegar em casa.
Em Guaraciaba, por exemplo, só era possível entrar no bairro de barco. Em alguns pontos, a água da chuva atingiu quase o teto das casas. Moradores perderam tudo e tiveram que deixar as casas. O vigilante Ronildo Etiene enfrentou o nível alto da água para tentar salvar pelo menos as roupas da família. “Acabou tudo, perdi tudo. Tem só isso aqui mesmo”, disse, referindo-se às poucas peças que conseguiu resgatar.
Outra moradora do bairro que perdeu tudo por causa da chuva foi a camareira Graziela Pereira. Ela tentou voltar ao bairro para ver o tamanho do estrago em casa. “Perdi tudo, meu filho chorou a noite toda perguntando se eu ia conseguir recuperar as coisas. Eu até mandei ele para a a casa da minha mãe porque ele estava só de cueca, não tinha como eu ficar com ele. Não tenho nem o que falar”, disse, chorando.
No Beco 6, entre os bairros Jardim Tropical e José de Anchieta, vários moradores perderam tudo que tinham e, quase 24 horas depois do início da chuva forte, ainda estavam com as casas alagadas. “Não deu para aproveitar nada”, disse uma moradora. Outra mulher que também teve a casa alagada não teve coragem de contar para a filha a situação em que estava a residência. Ao atender um telefonema dela, disse que ela deveria ir até o local para ver como estava.
Em Maguinhos, um córrego transbordou. O Gustavo só consegue chegar em casa de caiaque. “Entrou água dentro de casa, está mais ou menos um meio metro. Os carros estão cheios de água, está em estado de calamidade pública”, disse.
Prejuízos
Em Vitória, onde a ´gua da chuva já baixou na maioria dos locais, os moradores e comerciantes contabilizavam os prejuízos causados pela chuva e pelas inundações.
água baixar (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
No Romão, a água da chuva continuava escorrendo pelas ruas, nesta manhã. Os moradores reclamam que as manilhas não dão conta de escoar a água da chuva. Desde ontem, a água desce pelo quintal do Eduardo. “Devido a essa obra da prefeitura nas ruas, a enxurrada que desce do morro desce por aqui, é um caminho só que ela faz. Bate aqui e daqui leva para a rua, para a a galeria e entope tudo lá para baixo”, contou.
A água também invadiu um restaurante em Santa Lúcia, em Vitória. Funcionários passaram a madrugada presos lá dentro, esperando que a água baixasse. “Passamos a noite aqui no restaurante. A água não subiu muito, não teve muito estrago, foi mais a lama que ficou mesmo”, disse Delson Casotti, dono do restaurante.
A chefe de cozinha Fernanda Apolinário disse que a perda foi grande. "Muito prejuízo, escritório totalmente alagado, computador, mercadoria, estoque também foi por água abaixo", disse. No salão de beleza de Amanda Sarcinelli a força da água quebrou o portão do estabelecimento.
“Ficamos a noite em claro observando. Tinha carro boiando aqui. Outras portas de vidro aqui do bairro foram quebradas com o impacto da água", disse.