Economia

Varoufakis: ‘O que estão fazendo com a Grécia tem um nome: terrorismo’

Ministro das Finanças diz que medidas como fechamento de bancos são para ‘assustar as pessoas’. Alemanha adota tom conciliatório

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, após pronunciamento do premier Alexis Tsipras, na sexta-feira
Foto: ARIS MESSINIS / AFP
O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, após pronunciamento do premier Alexis Tsipras, na sexta-feira Foto: ARIS MESSINIS / AFP

ATENAS E BERLIM — Na véspera do referendo sobre um novo pacote europeu de ajuda financeira à Grécia em troca de mais medidas de austeridade, centenas de gregos foram às ruas protestar pelo “sim” e pelo “não”. Mas coube ao ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, tentar convencer a opinião pública do voto pelo “não”. Numa dura entrevista ao diário espanhol “El Mundo”, ele não só acusou o Eurogrupo de terrorismo, como se disse certo de que um acordo será alcançado já nesta semana. Segundo Varoufakis, se a Grécia for à falência, os credores perderão € 1 trilhão.

“O que eles estão fazendo com a Grécia tem um nome: terrorismo. Por que eles nos forçaram a fechar os bancos? Para assustar as pessoas. E quando se fala de espalhar o terror, isso é conhecido como terrorismo”, afirmou.

Segundo Varoufakis, o fracasso das negociações teria um custo alto político.

“Porque tem muita coisa em jogo, tanto para a Grécia como para a Europa, eu tenho certeza. Se a Grécia falir, € 1 trilhão (equivalente ao PIB da Espanha) serão perdidos. É muito dinheiro. Não acredito que a Europa vai permitir isso”, disse.

Alemães falam em ‘Gremain’

As declarações desafiadoras contrastaram com uma mudança de tom do maior dos credores europeus, a Alemanha. Em entrevista ao “Bild”, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, considerado mais conservador que a própria chanceler federal Angela Merkel, disse que a escolha das urnas significava para a Grécia “ficar no euro ou temporariamente fora dele”. Ele frisou:

“Está claro que nós não vamos deixar o povo desamparado”.

Schäuble, aliás, foi duramente criticado por Varoufakis: “Desde 2012, ele falava na saída da Grécia do euro”, afirmou.

O repentino tom conciliatório de Berlim não passou despercebido. O diário “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, mencionava ontem, citando fontes nos bastidores do governo, conversas em torno do “Gremain” — trocadilho, em inglês, com as palavras Grécia e permanecer — ao contrário do termo discutido anteriormente, “Grexit”, usado para se referir à saída do país do euro.

A votação deste domingo está marcada para começar às 7h (1h de Brasília) e o resultado deve sair a partir das 21h (15h de Brasília). Serão disponibilizados 19.159 locais de votação e 9.855.029 eleitores estão registrados. Cidadãos de outros países da União Europeia não têm direito de voto no referendo.

A pergunta exata é: “Deve ser aceito o plano de acordo apresentado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no Eurogrupo de 25 de junho de 2015 e composto de duas partes, que integram a proposta conjunta? O primeiro documento tem como título Reforms for the completion of the Current Program and Beyond (Reformas para a realização do programa atual e além) e o segundo Preliminary Debt sustainability analysis (Análise Preliminar da Sustentabilidade da Dívida).”