France Presse

22/11/2014 10h49 - Atualizado em 22/11/2014 10h49

Ex-chefe da polícia do México é preso por desaparecimento de estudantes

César Nava González era da polícia de Cocula.
Ele seria integrante de organização criminosa chamada Guerreros Unidos.

Da France Presse

Grupo entra em conflito com a polícia próximo ao palácio do governo mexicano. Presidente é pressionado em meio ao desaparecimento de 43 jovens  (Foto: YURI CORTEZ/AFP)Grupo entra em conflito com a polícia próximo ao
palácio do governo mexicano nesta sexta (21).
Presidente é pressionado em meio ao
desaparecimento de 43 jovens (Foto: YURI
CORTEZ/AFP)

O ex-chefe da polícia de Cocula, o município mexicano onde, segundo declarações de testemunhas, os estudantes de Ayotzinapa foram massacrados, foi detido por participar supostamente da entrega dos jovens a uma organização criminosa, informou o Ministério Público na sexta-feira (21).

No dia 16 de novembro foi registrada "a captura de César Nava González, ex-vice-diretor da polícia de Cocula, Guerrero, integrante da organização criminosa autodenominada Guerreros Unidos", disse o Ministério Público em um comunicado de imprensa.

A detenção foi notificada antes aos pais dos 43 estudantes desaparecidos durante uma reunião informativa com funcionários mexicanos de alto escalão.

Nava González estava foragido desde os dias posteriores ao desaparecimento dos jovens. Refugiou-se primeiro no Distrito Federal e depois em Colima (oeste), onde foi detido sob as acusações de crime organizado e sequestro. O ex-chefe da polícia está recluso em uma prisão de Jalisco (oeste).

Os jovens, que estudavam para ser professores na escola rural de Ayotzinapa, foram brutalmente atacados no dia 26 de setembro por policiais municipais de Iguala, no estado de Guerrero (sul), e entregues no município vizinho de Cocula ao cartel Guerreros Unidos que, segundo três testemunhas apresentadas pelo Ministério Público, os assassinaram, queimaram seus corpos e lançaram suas cinzas em um rio.

Nava González confessou que na madrugada de 27 de setembro, quando ainda ocupava seu cargo, respondeu ao chamado do chefe da polícia de Iguala, Felipe Flores Velázquez, que segue foragido, para que o ajudasse na detenção dos jovens, disse à AFP Vidulfo Rosales, advogado dos pais dos 43 desaparecidos.

Este ex-chefe da polícia confessou ter se deslocado de Cocula às celas da polícia de Iguala para pegar ali os estudantes, levá-los a um local na entrada de seu município e entregá-los a integrantes do cartel Guerreros Unidos, indicou Rosales, que considerou pequenos os avanços apresentados pelas autoridades.

Os pais dos 43 estudantes rejeitam a informação que indica que os jovens, segundo os testemunhos, foram assassinados e afirmam que eles estão sequestrados.

O desaparecimento dos 43 estudantes, que desencadeou uma mobilização social no país, provocou a pior crise de segurança do governo do presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018) e da esquerda, que governa desde 2005 o empobrecido estado de Guerrero, afetado pela violência do narcotráfico.

Desde o crime, há quase dois meses, foram registrados protestos violentos no país, com bloqueios e queima de prédios estatais, sobretudo em Guerrero. Em 8 de novembro passado, um pequeno grupo tentou incendiar a porta do Palácio Nacional, na Cidade do México.

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