Reuters

26/11/2014 20h22 - Atualizado em 26/11/2014 20h23

Descobridor do ebola vê caminho longo e difícil para vencer epidemia

Ebola pode ser controlado em um país e reaparecer em outro, diz cientista.
Peter Piot foi um dos primeiros a identificar o vírus há 40 anos.

Da Reuters

Peter Piot, que identificou o vírus do ebola, durante entrevista na sede da OMS, em Genebra (Foto:  Reuters/Denis Balibouse)Peter Piot, que identificou o vírus do ebola, durante entrevista na sede da OMS, em Genebra (Foto: Reuters/Denis Balibouse)
 

A epidemia de ebola no oeste da África pode piorar ainda mais antes de ser contida, mas novas infecções devem começar a declinar em todos os países afetados até o final deste ano, afirmou um especialista na doença nesta quarta-feira (26).

Peter Piot, um dos primeiros cientistas a identificar o vírus do ebola quase 40 anos atrás, disse que o surto está longe de terminar, mas que “graças aos agora enormes esforços em todos os níveis”, o que era um crescimento exponencial nos casos logo deve começar a diminuir.

Infográfico sobre ebola, V6 (Foto: Infográfico/G1)

O saldo de mortes da pior epidemia da doença já registrada aumentou para 5.689 entre os 15.935 casos identificados em oito países até o dia 23 de novembro, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase todos os casos ocorreram na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria.

“Até o final do ano devemos começar a ver um verdadeiro declínio em todos os lugares”, declarou Piot, que hoje é diretor da London School of Hygiene and Tropical Medicine, em um encontro de especialistas em saúde pública, organizações não-governamentais e autoridades.

Mas há um caminho longo e “acidentado” até se poder dar o surto por encerrado, acrescentou.

“Ele será controlado em um país ou um distrito, e depois irá reaparecer em outro”, disse Piot.

“Não vamos nos esquecer que toda esta epidemia começou com uma pessoa – em outras palavras, não irá terminar até que a última pessoa com ebola esteja morta ou recuperada sem ter infectado outras pessoas. Essa é a tarefa intimidante que enfrentamos.”

Piot enfatizou que a Nigéria e o Senegal, que tiveram casos de ebola importados do surto do oeste africano, conseguiram conter a propagação dentro de suas fronteiras rapidamente.

Ele afirmou que estes exemplos mostraram que é possível derrotar a doença “se você agir logo e tiver vontade de fazê-lo”.

A epidemia na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria, disse, saiu do controle devido a erros das autoridades de saúde locais e nacionais, mas também à incapacidade em escala global de organismos da Organização das Nações Unidas (ONU), como a OMS, de reconhecer a magnitude da ameaça e reagir de acordo.

“Devemos ter a certeza de que extraímos lições disto para o futuro”, afirmou Piot.

Veja detalhes dos locais com contaminação:

Guiné: São 2.134 casos, entre confirmados, prováveis e suspeitos. Ao todo, morreram 1260 pessoas.

Libéria: São 7.168 casos, entre confirmados, prováveis e suspeitos. Ao todo, morreram 3.016 pessoas.

Serra Leoa: Foram 6.599 casos, entre confirmados, prováveis e suspeitos. Ao todo, morreram 1.398 pessoas.

Mali: Houve 8 casos, entre confirmados e prováveis. Morreram 6 pessoas.

Nigéria: Foram 20 casos de ebola, entre confirmados e prováveis, que levaram a 8 mortes. O país já foi declarado livre da doença.

Senegal: Houve apenas um caso da doença e o paciente se recuperou. O país já foi declarado livre da doença

Espanha: Houve apenas um caso confirmado, o da enfermeira Teresa Romero, que já foi curada.

Estados Unidos:  Houve quatro casos da doença. Um dos pacientes morreu e três outros foram curados.

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