Olhar Crônico Esportivo

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por Emerson Gonçalves

 

Este post é uma sequência do post anterior – “Panorama de 10 anos de Público e Renda do Brasileirão” – e, como aquele, também tomou por base os levantamentos feitos pela BDO Brazil. Da mesma forma, os gráficos são da BDO e os textos e opiniões são desse escriba.

 

As novas arenas mexeram com o torcedor

Inegavelmente, os novos estádios, ou arenas, mexeram com a vontade e, sobretudo, com a disposição do torcedor. Estruturas modernas e em sua maior parte com administrações de fora do mundo do futebol, são palcos com alto custo de uso, tanto pelas despesas como pelos valores de aluguel, que devem remunerar a administradora e também pagar os custos de construção. Com isso, os ingressos para os jogos nesses campos ficaram muito mais caros, o que é de conhecimento geral e veremos quantificado nesse estudo um pouco mais adiante.

 

Olhando o gráfico acima, vemos que 10 dos 12 estádios com maiores médias de público são do grupo das novas arenas. Mesmo descontando o fato de algumas dessas médias terem sido geradas por poucos jogos, o número realmente impressiona. Além desses 12 estádios, somente o Pacaembu também ficou acima da média de público do campeonato e dos 12 estádios construídos para a Copa do Mundo, somente a Arena das Dunas, em Natal, não aparece nessa lista.

 

O gráfico acima mostra que a média de público nos novos estádios foi 88% maior que nos antigos. Um salto impressionante, mas, mesmo assim, se fosse essa a média de todo o campeonato – 22.535 torcedores por jogo – chegaríamos à 6ª colocação no ranking, atrás do campeonato do México, mas à frente da França e Argentina (veja post aqui).

 

O torcedor pagou mais que o habitual para ver seu time e o novo palco

Nesse primeiro ano de plena operação, acredito que a curiosidade foi um grande motivador, levando bom número de torcedores aos jogos, apesar dos preços mais elevados. Nesse ano de 2015 começaremos a ter melhor ideia do potencial dessas novas praças.

 

Esse outro gráfico mostra o ranking dos estádios pelo valor do ticket médio. Dos 44 estádios listados, somente 8 têm valores acima da média do campeonato. O destaque é para a nova casa do Palmeiras, denominada oficialmente Allianz Arena, que liderou tanto em público como em ticket médio.

 

Nesse outro gráfico vemos um número que realmente causa espanto: a bilheteria média nas novas arenas foi 246% maior que nos demais estádios do campeonato! Para uma renda média de R$ 281.408,00 nos estádios antigos, as novas arenas apresentaram renda média de quase 1 milhão de reais por partida – R$ 973.936,00.

 

A diferença de 84% a mais no valor do ticket médio, como podemos ver no gráfico acima, somada à diferença de 88% a mais de público médio explicam essa receita média tão elevada para nossos padrões.

É bom que se diga que mesmo essa receita média pouco ajuda aos clubes. Por mais que o número impressione, as despesas para jogar nas novas arenas são muito elevadas, como já disse. O valor líquido, portanto, fica um longe do número bruto. Por fim, o grande complicador: as despesas e dívidas dos clubes são muito grandes.

Além de mais público e mais renda, a redução de gastos será obrigatória para o clube que quiser realmente sanear a situação.

 

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Emerson Gonçalves

Paulistano, 60 anos,

Paulistano de 1954, cresci entre o interior e SP, tendo a felicidade de acompanhar o Campeonato Paulista e seus grandes craques dos anos 60/70. Profissional de marketing e propaganda por 40 anos em diferentes áreas, atualmente sou produtor de leite.

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