08/10/2015 12h04 - Atualizado em 08/10/2015 14h57

Polícia prende 6 suspeitos de participar da chacina na Grande SP

Cinco PMs e um guarda-civil foram presos nesta quinta e estão no DHPP.
Ação criminosa em Osasco e Barueri resultou em 19 pessoas mortas.

Tatiana Santiago e Will SoaresDo G1 São Paulo

Cinco policiais militares e um coordenador da guarda civil de Barueri foram presos nesta quinta-feira (8) durante a força-tarefa que investiga a chacina de Osasco e Barueri, ocorrida na noite de 13 de agosto, e que resultou na morte de 19 pessoas. Outro policial militar já havia sido preso no final de agosto por envolvimento no crime. O governador Geraldo Alckmin disse que os policiais "vão ser expulsos da corporação e responder civil e criminalmente".

Inicialmente, a Polícia Militar (PM) havia informado que eram nove os presos nesta quinta suspeitos de envolvimento com a chacina. Depois, em coletiva, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, explicou que três deles não foram detidos por conta do crime.

Segundo ele, além dos seis detidos que já tinham a prisão decretada, dois policiais militares foram presos em flagrante durante trabalhos de busca e apreensão do caso. Na casa deles, foram encontradas armas e munições sem registro. Aproveitando o grande efetivo movimentado, a polícia também cumpriu o mandado de prisão de um PM suspeito de envolvimento em uma chacina em Carapicuíba, que resultou na morte de quatro adolescentes em frente a uma pizzaria.

 

Os cinco policiais militares detidos por envolvimento na chacina de Osasco e Barueri estão na sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e serão encaminhados para o presídio da Polícia Militar Romão Gomes, no Tremembé, na Zona Norte de São Paulo. Eles tiveram a prisão preventiva decretada e não tem data para ser encerrada.

Os suspeitos foram presos após quebra de álibi. Eles informaram que estavam em um local, mas na realidade estavam em outro. Foi feito o monitoramento do sinal dos celulares dos investigados.

As prisões ocorreram durante operação conjunta da Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Militar, que ainda cumpriu 28 mandados de busca e apreensão em 36 pontos diferentes. Foram apreendidos capacetes, roupas e armas. Todos os materiais serão periciados.

Alexandre de Moraes afirmou que, no entendimento da polícia, a chacina também contou com a participação de outras pessoas. Algumas já foram identificadas, mas ainda não há evidências suficientes para sustentar mais pedidos de prisões.

"Em relação a outros participantes que nós já identificamos, nós precisamos de mais provas para pedir novas prisões. Nada em um caso como esse pode ser feito com pressa. Tudo tem que ser feito com rigor e é isto que estamos fazendo", disse.

Viatura da PM leva um dos detidos pela força-tarefa pela chacina em Osasco e Barueri (Foto: TV Globo/Reprodução)Carro da PM leva um dos detidos pela força-tarefa pela chacina em Osasco e Barueri (Foto: TV Globo/Reprodução)

No total, são 457 policiais na operação, sendo 201 policiais civis do DHPP e do Departamento de Polícia Judiciária (Demacro) e 256 policiais militares da Corregedoria da Polícia Militar.

O secretário exaltou a operação da polícia que cumpriu, simultaneamente, os mandados em 36 lugares diferentes. Segundo ele, o trabalho tinha que ser sincronizado para justamente evitar que evidências que permitem à investigação avançar no caso fossem destruídas.

"Mais importante aqui era chegarmos ao mesmo tempo a esses 36 locais para que eventualmente nenhuma prova se perdesse. Tivemos êxito. Conseguimos fazer a operação de maneira que não houvesse nenhum vazamento", afirmou.

A força-tarefa que investiga o crime apura a participação de 18 policiais militares, quatro guardas municipais de Barueri e de um vigilante. Além dos seis policiais que teriam participado diretamente dos ataques, 12 PMs teriam atuado indiretamente. Eles podem ter dado cobertura aos assassinos.

Antes da operação desta quinta, só o soldado Fabrício Emauel Eleutério estava preso. Ele nega que tenha participado da chacina.

Viatura da PM leva um dos detidos pela força-tarefa pela chacina em Osasco e Barueri (Foto: TV Globo/Reprodução)Viatura da PM leva um dos detidos pela força-tarefa pela chacina em Osasco e Barueri (Foto: TV Globo/Reprodução)
Polícia apreendeu armas dos policiais presos por suspeita de envolvimento na chacina de Osasco e Barueri (Foto: TV Globo/Reprodução)Polícia apreendeu armas dos policiais presos por suspeita de envolvimento na chacina de Osasco e Barueri (Foto: TV Globo/Reprodução)

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou em Jaú, no interior do estado de São Paulo, que os policiais serão expulsos e vão responder civil e criminalmente. Para ele, a operação realizada nesta quinta-feira foi um “trabalho sério” e “muito profundo”.

Isso é muito grave, porque o policial é um homem e uma mulher da lei. [...] São ações criminosas. Eles vão ser expulsos da polícia e responder civil e criminalmente"
Geraldo Alckmin, governador

“Chegamos à conclusão que tem sete policiais militares envolvidos, e isso é muito grave, porque o policial é um homem e uma mulher da lei. Ele é o exemplo de cumprimento da lei. Mas nós temos 100 mil policiais e, infelizmente, alguns acabam agindo de maneira incorreta e vão responder gravemente por isso. São ações criminosas. Eles vão ser expulsos da polícia e responder civil e criminalmente.”

Ataques em série
No dia 13 de agosto de 2015, 18 pessoas foram mortas e sete ficaram feridas em ataques realizados por indivíduos armados em 10 lugares próximos, em um espaço de tempo de ao menos três horas, nas cidades de Barueri e Osasco, ambas na Grande São Paulo. Uma adolescente de 15 anos, que foi internada, morreu dias depois.

De acordo com alguns testemunhos e gravações de câmeras de segurança, um grupo de pessoas armadas usou veículos para se locomover entre os lugares. Eles perguntaram sobre antecedentes criminais e atiraram. Segundo as autoridades que investigam os crimes, um mesmo veículo teria sido visto em vários dos lugares onde ocorreram os crimes.

Um corpo é visto após uma série de ataques em ruas de Osasco, na Grande São Paulo, na noite de quinta-feira (13). Vinte e três pessoas foram baleadas em Osasco e outras três em Barueri. Os ataques aconteceram em 10 pontos diferentes dos dois municípios (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)Um corpo é visto após uma série de ataques em ruas de Osasco, na Grande São Paulo. Vinte e três pessoas foram baleadas em Osasco e outras três em Barueri. Os ataques aconteceram em 10 pontos diferentes dos dois municípios (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)

A suspeita de que policiais ou guardas-civis teriam cometido os crimes surgiu porque, alguns dias antes da chacina, o guarda-civil Jefferson Rodrigues da Silva, de 40 anos, e o policial militar Avenilson Pereira de Oliveira, de 42 anos, foram assassinados na região.

O cabo Oliveira foi morto a tiros, no dia 7 de agosto, por dois criminosos ao reagir a assalto a um posto de combustíveis. Ele era da Força-Tática do 42º Batalhão da PM (BPM), responsável pela segurança na região, mas estava sem farda. A dupla usou a própria arma do policial para matá-lo e fugiu. O DHPP já identificou os suspeitos, que são procurados pela Justiça.

O guarda Jefferson Silva foi baleado e assassinado em 12 de agosto por três assaltantes que tentaram roubá-lo. Ele também estaria à paisana. Os criminosos fugiram. Na noite seguinte ao assassinato do guarda, começaram as ondas de execuções em Osasco e Barueri.

A Corregedoria da Polícia Militar interrogou 32 policiais militares que trabalhavam em Osasco e Barueri na noite de 13 de agosto e diz que eles são testemunhas.

A demora em se descobrir os responsáveis pelas mortes provocou protestos de amigos, familiares e grupos de direitos humanos (veja no vídeo abaixo).

Zilda Maria de Paula, mãe de uma das vítimas da chacina, organizou o ato ecumênico para lembrar uma semana da série de ataques em Osasco e Barueri (Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)Zilda Maria de Paula, mãe de uma das vítimas da chacina, organizou o ato ecumênico para lembrar uma semana da série de ataques em Osasco e Barueri (Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)
Arte mortes ataque Osasco  (Foto: Arte/G1)

 

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