A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou nesta terça-feira (6) que está trabalhando com a suposição de que o bombardeio aéreo a um hospital da entidade na cidade afegã de Kunduz no fim de semana foi um "crime de guerra".
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ash Carter, prometeu uma investigação completa para determinar se o Exército norte-americano teve envolvimento no ataque ao hospital, em que 22 pessoas morreram, mas alertou que iria demorar para juntar informações.
- Forças afegãs pediram ataque aéreo dos EUA em Kunduz, diz general
- Médicos sem Fronteiras exigem dos EUA explicação sobre hospital
- Médicos Sem Fronteiras deixam Kunduz após bombardeio a hospital
- Médico Sem Fronteiras diz que hospital 'já não está operacional'
- Ataque que matou 19 em hospital afegão será apurado, diz Obama
- Médicos Sem Fronteiras diz que
ataque a hospital afegão teve precisão - Hospital dos Médicos Sem Fronteiras
é alvo de bombardeio no Afeganistão - Vídeo mostra destruição de hospital da MSF atingido por ataques aéreos no Afeganistão
Joanne Liu, presidente do MSF Internacional, disse em nota: "Comunicados do governo afegão informaram que forças do Taliban estavam usando o hospital para atirar contra forças da Aliança. Esses relatos implicam que forças afegãs e norte-americanas trabalhando juntas decidiram derrubar um hospital totalmente funcional, o que pode ser julgado como um crime de guerra".
O general John Campbell, comandante das forças dos EUA no Afeganistão, disse nesta segunda-feira (22) que as forças afegãs solicitaram apoio aéreo em um combate contra militantes do Talibã pouco do hospital ser atingido.
Segundo Campbell, as forças do Afeganistão alertaram as forças de operações especiais dos EUA no solo que precisavam de apoio aéreo norte-americano, e o ataque foi então realizado. Ele não especificou, entretanto, se o bombardeio feito pelos EUA foi o que atingiu o hospital.
“Nós agora sabemos que em 3 de outubro as forças afegãs alertaram que elas estavam sendo atingidas por posições inimigas e pediram apoio aéreo das forças americanas”, disse Campbell em uma entrevista coletiva. “Um ataque aéreo foi então realizado para eliminar a ameaça Talibã, e diversos civis foram atingidos acidentalmente.”
Ele se recusou a dar mais detalhes, afirmando apenas que uma investigação militar está em andamento. Segundo ele, um dos investigadores o informou que o ataque foi requisitado pelos afegãos, e não pelos próprios americanos.
Indignada pelo ataque, a MSF decidiu retirar seus funcionários de Kunduz, um duro golpe para a população civil que sofre as consequências dos combates entre o exército afegão e os rebeldes talibãs, que disputam o controle desta grande cidade do norte do Afeganistão.