05/08/2015 08h40 - Atualizado em 05/08/2015 08h49

Perturbação por som alto na rua faz moradora se mudar em Campinas

"Ou eu enlouquecia, ou poderia fazer alguma bobagem", desabafa mulher.
Guarda Municipal já registrou 96.8 decibéis onde o máximo era 50.

Do G1 Campinas e Região

"Ou eu enlouquecia, ou poderia fazer alguma bobagem", desabafa Sílvia Ramos, moradora de Campinas (SP) que decidiu se mudar de bairro por não suportar mais o barulho dos carros de som à noite. A falta de bom senso de algumas pessoas da cidade é fiscalizada pela Lei do Pancadão, em vigor desde janeiro deste ano, mas a medida ainda não foi suficiente para acabar de vez com o problema.

"Eu venho pra casa tranquila porque eu vou poder ler um livro, vou poder dormir", conta a moradora traumatizada pelo barulho que fazia parte da vida dela.

Moradora de Campinas mudou de bairro por não suportar mais som alto (Foto: Reprodução / EPTV)Moradora de Campinas mudou de bairro por não
suportar mais som alto (Foto: Reprodução / EPTV)

Em seis meses, foram cerca de 230 autuações. Em geral, o barulho começa na noite de quinta-feira e vai até domingo, com maior destaque para o início e o fim da madrugada. A música chega a ficar distorcida por causa do volume alto. Veja flagrantes do abuso no vídeo acima.

Na região do Jardim Novo Cambuí, bairro nobre da cidade onde há bares e restaurantes, a batida tira o sono dos moradores. A monitora escolar Quetea Randi conta que o barulho começa quando já não deveria mais ter nenhum, por volta das 23h30.

"Começa quando é 23h30, mais ou menos, até 1h. Fica aquele som muito alto. E quando chega lá para as 4h30 até umas 5h30, aí é outra vez o som. A gente espera chegar segunda-feira para poder descansar melhor", conta.

Volumes máximos do Pancadão
A Lei regulamentada em janeiro estipula volumes máximos para cada região da cidade, dependendo da atividade. A fiscalização é feita com um aparelho que mede a intensidade do som. Em uma das abordagens, a Guarda Municipal registrou 96.8 decibéis em um bairro onde o máximo era 50.

"De longe você já consegue aferir a quantidade de decibéis acima do permitido. Eles tentam desligar o som ou tentar diminuir o volume, mas já foi aferida a quantidade de decibéis", explica a guarda Ana Paula Menezes Rojo.

O volume permitido varia de acordo com o período diurno, das 7h às 21h59, e noturno, das 22h às 6h59. Respectivamente, áreas de sítios e fazendas podem ter máximo de 40 e 35 decibéis, regiões urbanas com hospitais e escolas 50 e 45 decibéis, área residencial e de hotéis 55 e 50 decibéis, região de comércio 60 e 55 decibéis, locais onde há indústrias 70 e 60 decibéis.

Flagrante registrou volume de veículo acima do permitido em Campinas (Foto: Reprodução / EPTV)Flagrante registrou volume de veículo acima do permitido em Campinas (Foto: Reprodução / EPTV)

Abrem mão do espaço
Os motoristas de veículos adaptados para receber caixas de som potentes abrem mão do espaço para garantir o som nas alturas. No pátio há modelos que deixaram de ter o banco de trás, o porta-malas e carrocerias para abrigar os alto-falantes e as cornetas.

Um exemplo é a caminhonete que precisou da instalação de duas baterias de caminhão para alimentar a potência esperada pelo som do veículo.

Multa e apreensão
Seis a 10 carros são levados todos os finais de semana para o pátio de veículos apreendidos na Lei do Pancadão. A fiscalização é feita, além da Guarda, pela Secretaria de Urbanismo e pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).

Os condutores dos veículos flagrados com som alto são multados em R$ 1,4 mil e têm o carro apreendido. Se for reincidente, o motorista paga o dobro, R$ 2,8 mil. O valor também pode ser quadruplicado se o proprietário estiver na segunda reincidência, R$ 5,6 mil.

Somado à multa, os motoristas também têm as despesas para conseguir a liberação do carro no pátio.

Carros exageram em número de alto-falantes para garantir som alto nas ruas de Campinas (Foto: Reprodução / EPTV)Carros exageram em número de alto-falantes para garantir som alto nas ruas (Foto: Reprodução / EPTV)
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