15/08/2014 13h57 - Atualizado em 15/08/2014 13h58

Trabalhadores da Transnordestina param por tempo indeterminado no PI

Funcionários pedem reajuste de salários e explicação para 60 demissões.
Paralisação acontece no trecho que passa pela cidade de Eliseu Martins.

Patrícia AndradeDo G1 PI

Cerca de 1.200 trabalhadores que trabalham no trecho da obra da ferrovia Transnordestina no Piauí paralisaram as atividades por tempo indeterminado.  A decisão de suspender os serviços foi tomada ainda na quinta-feira (14) quando, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas e Obras de Terraplanagem (Sintepav), a empresa Civilport, empreiteira responsável pela obra, teria demitido 60 funcionários. Para o Sintepav, as demissão teriam acontecido em retaliação à paralisação feita na semana passada.

Ponte da Ferrovia Transnordestina no trecho das obras em Curral Novo do Piauí (Foto: Patrícia Andrade/G1)Ponte da Ferrovia Transnordestina no trecho que
passa pelo Piauí (Foto: Patrícia Andrade/G1)

Os operários pedem reajuste salarial de 30% , melhoria na alimentação servida pela empresa e ainda a instalação de um ponto de apoio para emergência. “Acreditamos que os salários estão defasados devido ao porte dessa obra. Os trabalhadores também querem um ponto de apoio para atender os eventuais casos de acidentes de trabalho”, disse Romeu Gomes, coordenador de fiscalização do Sintepav. A paralisação acontece no trecho que passa pela cidade de Eliseu Martins, Sul do estado e que mantém cinco lotes da obra.

A ferrovia, que tinha previsão de entrega para 2010, chegou a parar em setembro do ano passado quando o contrato entre a concessionária Transnordestina Logística S/A (TLSA) e a construtora Odebrecht foi rescindido. A nova empresa assumiu os trabalhos em março deste ano. Segundo o Ministério dos Transportes, até janeiro apenas 42% dos trabalhos de infraestrutura e 35% das obras de arte especiais – pontes e viadutos – nos 420 quilômetros da linha entre as cidades de Eliseu Martins (PI) e Trindade (PE) haviam sido executados. A previsão dada pelo governo federal é para 2016.

Conforme Romeu Gomes, os trabalhadores devem realizar uma assembleia na próxima segunda-feira (18) para decidir pela continuidade ou não da paralisação. “Estamos aguardando um novo posicionamento da empresa que até o momento nos informou que não seria possível fazer o reajuste porque o contrato firmado com a Transnordestina foi com valor fixo e que todo o orçamento já foi calculado com base nesses valores”, disse.

O G1 entrou em contato com a Civilport, mas até a publicação da reportagem a empresa ainda não enviado o seu posicionamento.

A ferrovia começou a ser construída em junho de 2006, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e deveria ter ficado pronta quatro anos depois, ao final do mandato. De acordo com o governo federal, o projeto prevê 2.304 quilômetros de ferrovia, beneficiando 81 municípios – 19 no Piauí, 28 no Ceará e 34 em Pernambuco.

Segundo o Ministério dos Transportes, greves depois do descumprimento de acordo coletivo relativo ao pagamento de gratificações aos operários, quebra de acordos e atrasos nas desapropriações são alguns dos fatores que contribuíram para o atraso na Transnordestina que só deverá ser entregue em 2016.

 

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