20/11/2014 14h38 - Atualizado em 21/11/2014 12h41

‘O Cultivando Água Boa precisa ser replicado por usinas do país’, diz Lula

Ex-presidente elogiou iniciativa nesta quinta (20) em Foz do Iguaçu (PR).
Programa incentiva agricultura orgânica e proteção de bacias hidrográficas.

Fabiula WurmeisterDo G1 PR, em Foz do Iguaçu

O ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, e o ex-presidente Lula participaram do 12º Encontro Anual do Programa Cultivando Água Boa em Foz do Iguaçu (PR) (Foto: Fabiula Wurmeister / G1)O ministro de Minas e Energia, Edson Lobão (esq.), e o ex-presidente Lula participaram do 12º Encontro Anual do Programa Cultivando Água Boa em Foz do Iguaçu (PR) (Foto: Fabiula Wurmeister / G1)

“A experiência do Programa Cultivando Água Boa já vem sendo replicada em muitos países. Este é o caso de se perguntar por que não aplicar este modelo aqui mesmo no Brasil em todas as outras hidrelétricas e todas as outras bacias hidrográficas? Podemos fazer deste modelo uma regra a ser seguida”, sugeriu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o discurso no 12º Encontro Anual do CAB realizado em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, nesta quinta-feira (20). O evento dirigido a catadores, pescadores, indígenas, pequenos agricultores e educadores ambientais reúne cerca de 2,5 mil pessoas.

Lula elogiou o trabalho de proteção ambiental que vem sendo desenvolvido na região há 11 anos. “A água é a essência da vida e, por mais abundante que possa parecer, a boa água não é um recurso infinito. Há duas maneiras de se tomar consciência dessa realidade. Uma delas é pela educação ambiental, pelo respeito ao conhecimento dos povos indígenas e pela prática cotidiana de ações sustentáveis que começam na nossa casa ou por meio dos desastres ambientais que afetam a vida de milhões nas grandes cidades”, assinalou.

“A água que move as turbinas de Itaipu é a mesma que traz o peixe para a aldeia guarani, é a mesma que irriga a pequena propriedade rural e é a mesma água que será tratada e canalizada para servir a população das cidades”, destacou o ex-presidente. “Ou vamos todos trabalhar para preservá-la ou vamos todos sofrer com a poluição e com a escassez”, apontou Lula ao citar o Programa Cultivando Água Boa como um exemplo de que é possível combinar na prática ações ambientais com programas de desenvolvimento humano em larga escala.

O ex-presidente sugeriu ainda que os royalties pagos como indenização aos governos das áreas atingidas por usinas hidrelétricas sejam administrados não mais pelos estados e municípios, mas pela comunidade "para que seja garantida a autonomia e fortalecido o poder de decisão desta população sobre as melhores ações ambientais". O repasse feito pela Itaipu varia conforme a geração de energia destinada à comercialização em cada mês. No dia 10 de novembro, foram pagos US$ 8,1 milhões ao Tesouro Nacional e US$ 6,2 milhões ao Paraná e aos 15 municípios vizinhos à hidrelétrica.

Criado em 2003, atualmente o CAB conta com 2,2 mil parceiros que desenvolvem programas socioambientais em 29 municípios vizinhos à hidrelétrica de Itaipu, região que abrange mais de 1,8 milhão de habitantes. Entre as principais ações estão a recuperação até então de 206 microbacias hidrográficas do Rio Paraná e a educação ambiental nas comunidades do entorno do reservatório da usina, além do apoio à agricultura orgânica e familiar, à aquicultura, ao cultivo de plantas medicinais, à proteção das comunidades indígenas e à criação de cooperativas de catadores de materiais recicláveis.

Política
Lula evitou os jornalistas e não comentou sobre as novas prisões da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e nem sobre a reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff deve anunciar esta semana. Antes do discurso, acompanhado da senadora Gleisi Hoffmann (PT) e do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão (PMDB), pediu aos presentes no encontro que fizessem um minuto de silêncio em memória ao ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que morreu no início da manhã desta quinta-feira.