03/03/2015 12h21 - Atualizado em 03/03/2015 13h36

Paraná é a principal porta de entrada do contrabando de cigarros no país

Pesquisa aponta que o estado é responsável por 62,5% das apreensões.
Custo do comércio ilegal de cigarros estrangeiros chega a R$ 6,4 bilhões.

Fabiula WurmeisterDo G1 PR, em Foz do Iguaçu

Motorista, de 28 anos, foi preso em flagrante; veículo foi apreendido no posto da PRF em Céu Azul (PR). (Foto: PRF / Divulgação)Maior volume de apreensões são feitas ao longo da BR-277, na região de Foz do Iguaçu e Guaíra (PR), na fronteira com o Paraguai. (Foto: PRF / Divulgação)

O Paraná é apontado como a principal porta de entrada de cigarros contrabandeados do Paraguai no país. Segundo levantamento feito pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteira (Idesf) e divulgado nesta terça-feira (3) em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, o produto é o responsável pelo maior rombo na economia do país com o que deixa de ser arrecadado em tributos e com o que a indústria deixa de vender: R$ 6,4 bilhões por ano.

A alta carga tributária é o que faz o produto contrabandeado mais barato. Se a lógica do contrabando é finaceira, este ponto é que precisa ser atacado”
Luciano Barros, presidente do Idesf

O cigarro produzido em 'tabacaleras' em cidades próximas à fronteira entra no país principalmente pelo Paraná e pelo Mato Grosso do Sul , e são levados muitas vezes em carros e carretas roubadas para outras regiões. As duas principais rodovias usadas pelas quadrilhas são a BR-277 – que corta o Paraná de leste a oeste - e a BR-163 – estrada de mais de 3,4 mil quilômetros que liga Tenente Portela (RS) a Santarém (PA). E, tem como destino em especial o comércio de importados de São Paulo, concentrados no Brás, Santa Ifigênia e no comércio da Rua 25 de Março.

Na carona deste produto que ocupa o topo do ranking nacional de cargas apreendidas (67,44%), entram outros como os eletrônicos (15,42%), os itens de informática (5,04%), peças de roupa  e calçados (3,03%), perfumes (2,45%), relógios (2,03%), brinquedos (1,89%) e medicamentos (0,85%).  E, apesar das ações de repressão a este tipo de crime, no máximo 10% do que entra de forma ilegal no Brasil é apreendido pelas forças policiais e órgãos de fiscalização que atuam nas regiões de fronteira.

A pesquisa apresentada no Dia Nacional de Combate ao Contrabando reforça ainda que as perdas atingem de forma direta e indireta todos os setores da economia. “Este é um dos principais inimigos da sociedade. Gera violência, faz aumentar o desemprego e lesa a indústria, com o fechamento de fábricas e o enfraquecimento da capacidade de investimento, criando um mercado obscuro de empregos informais, que fere os direitos humanos e onera o estado”, aponta o economista e presidente do Idesf, Luciano Barros.

Somente em Foz do Iguaçu estima-se que cerca de 15 mil pessoas estejam envolvidas diretamente com a logística do contrabando, recebendo em média R$ 985 por mês por serviços como a passagem dos produtos pela Ponte Internacional da Amizade, na fronteira com Ciudad del Este, ou pelo Lago de Itaipu e o transporte de um depósito a outro instalados em pequenas cidades às margens das rodovias usadas para o escoamento das mercadorias.

Alternativas
Além de apontar os prejuízos à indústria e à arrecadação do país com a evasão fiscal, a pesquisa apresenta três sugestões para o combate deste tipo de crime: reforçar a segurança nas fronteiras investindo em inteligência combinada à vontade política; criar uma agenda comum entre o Brasil e o Paraguai para possibilitar o desenvolvimento do país vizinho; reavaliação do modelo tributário nacional. “A alta carga tributária é o diferencial que faz do produto contrabandeado mais barato do que o legalizado. Se a lógica do contrabando é finaceira, este ponto é que precisa ser atacado”, observa Barros.

Em 2014, a delegacia da Receita Federal contabilizou mais de R$ 350 milhões (US$ 125 milhões) em apreensões de mercadorias contrabandeadas e de veículos usados no transporte dos produtos pela região. O volume é 5% maior que o registrado em 2013, quando foram tirados de circulação mais de US$ 119,6 milhões.

Confira os cinco estados que lideram o ranking nacional de apreensões de cargas de cigarros em 2014:

62,52% - Paraná
14,47% - Mato Grosso do Sul
7,35% - São Paulo
5,72% - Rio Grande do Sul
2,98% - Pará