Por bferreira

Rio - Passado pouco mais de um ano do começo das obras de construção da Nova Subida da Serra (NSS), as expectativas de moradores e comerciantes de Petrópolis e de Xerém são grandes. Principal artéria de ligação entre o Porto do Rio e a Zona da Mata de Minas Gerais, a duplicação da BR-040 interessa tanto a fluminenses quanto a mineiros, já que a via é importante rota de escoamento da produção nacional, de acordo com a Confederação Nacional de Transportes (CNT). A previsão é que com o fim das intervenções, até 2016, as vendas do comércio cresçam, os produtos fiquem mais em conta e os imóveis na região se valorizem mais devido às melhorias no deslocamento na estrada, atraindo novos moradores.

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Sob responsabilidade da Concer, concessionária que administra a estrada, o empreendimento prevê a construção de 20 quilômetros de rodovia, duplicando as pistas de subidas da BR-040 (veja ao lado). Segundo a Concer, a partir da inauguração do novo trajeto, a atual pista de subida passará a operar em mão dupla, facilitando a mobilidade de moradores e comerciantes da região, já que não haveria tráfego de caminhões pesados. Está prevista ainda a possibilidade de se criar unidade de conservação nas áreas mais preservadas para fins de turismo ecológico.

Construído há mais de 100 anos, o atual traçado é sinuoso, perigoso, com trechos sem acostamento e que não atende mais aos veículos modernos, como grandes carretas cegonhas e caminhões bitrens. Diariamente, 20 mil veículos passam pela estrada. Em 2012, atingiu a marca de 31,2 milhões de veículos.
“A BR-040 é uma das estradas mais importantes para escoamento da produção industrial mineira, principalmente para a exportação de produtos e recebimentos de insumos”, afirma o economista da Federação das Indústria de Minas Gerais, Paulo Casaca.

Presidente em exercício do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, entidade que reúne empresários ligados ao setor de turismo, Rogério Elmor é um dos que aguardam com ansiedade a conclusão das obras. Segundo ele, todos são a favor da duplicação.

“Petrópolis só tem a ganhar. A via será encurtada em até 10 quilômetros do Rio de Janeiro. O tempo de viagem será menor e certamente muitos cariocas vão querer morar aqui”, diz o empresário, apontando o lançamento de duas mil novas unidades imobiliárias no município como indício de atratividade.

Na quarta-feira, as amigas Alessandra da Gama, 33, e Daniele Mota, 32, compravam na Rua Teresa. Moradora da Zona Norte do Rio, Alessandra diz que gostou dos melhoramentos que observou na viagem. Segundo ela, em alguns trechos a pista até foi ampliada. “Os preços aqui são bem melhores. Só lamentamos que já não havia roupa de inverno”, disse Alessandra.

Empresários cobram rapidez na conclusão dos trabalhos na estrada

Apesar do otimismo com a duplicação da BR-040, há também apreensão por parte dos comerciantes devido à demora na conclusão das obras, previstas para terminar em 2016. Orçado em R$1 bilhão, o novo trecho terá túnel de cinco quilômetros de extensão e traçado menos sinuoso e seguro.

Presidenta da representação da Federação das Indústrias do Rio (Firjan) da Região Serrana, Waltraud Keuper diz que os trabalhos estão atrasados e a estrada antiga está muito mal conservada.

A presidenta da Associação de Empresários e Amigos da Rua Teresa, Cláudia Pires, diz que, com a falta de manutenção da atual estrada, as vendas caíram 30% esse ano.

“O pedágio é caro e não há manutenção”, protesta a lojista, proprietária da Syngle Moda Feminina, referindo-se aos valores que são R$ 4,50 por motos, R$ 9 por carros de passeio e R$45 por caminhões que passam em cada praça de pedágio.

Morando há 21 anos em Petrópolis, Cláudia diz, no entanto, que com as mudanças a expectativa é de que os condomínios nos distritos da cidade ganhem novos moradores. “A tendência é haver um crescimento. Com o fim das obras, esperamos que a Rua Teresa recupere clientes”, aponta.

Sócia do Barrakin da Serra, restaurante que fica na subida em direção a Petrópolis, pouco depois da entrada de Xerém, em Duque de Caxias, Luzia dos Santos Vieira, 40 anos, reclama da falta de informações sobre o andamento das obras.

“Até hoje ninguém explicou o que vai ser o projeto. Não sabemos o que vai acontecer com o comércio da região”, afirma a dona do local, que tem 40 funcionários e é muito frequentado por quem trafega pela pista, graças aos espetinhos de carne, linguiça e mussarela de búfala.

O empreendimento é uma das iniciativas familiares ao longo da rodovia, que vivem na expectativa do que vai ocorrer.

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