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Viva

Violência contra a mulher ainda é uma dura realidade

Arquivo Geral

25/11/2014 9h00

Presente em várias produções televisivas, o tema da violência contra a mulher chama a atenção dos espectadores. O assunto é tão pesado quanto delicado, ainda mais porque, muitas vezes, as agressões acontecem em casa. Quando propagado nos veículos de comunicação, o assunto serve de alerta para quem vê. 

Os autores  abordam cada vez mais esta temática nas telenovelas para abrir os olhos para esta triste realidade que, infelizmente,  é muito recorrente. Hoje é celebrado o Dia Internacional de Luta Contra a Violência Sobre A Mulher, uma data importante que visa defender e alertar as pessoas para um direito que é fundamental: o do respeito ao sexo feminino. Em homenagem a data, o Viva fez uma retrospectiva e buscou obras que abordaram a temática. São títulos culturais que serviram de alerta para a população.

Um exemplo de quem já apanhou em uma novela foi a personagem vivida por Paolla Oliveira na novela O Profeta, exibida  entre 2006 e 2007. Na trama escrita por Thelma Guedes, a atriz foi Sônia, mulher de Clóvis. E sofreu nas mãos de um marido perverso, interpretado por Dalton Vigh.

Repercussão

Em 2008, o folhetim A Favorita, de João Emanuel Carneiro, iria novamente realçar o  drama da violência por meio do personagem Léo (Jackson Antunes), que  batia constantemente em sua mulher Catarina (Lilia Cabral). Na época,  a Agência  Brasil divulgou a repercussão positiva da trama. A Central de Atendimento à Mulher registrou  cerca de 269 mil denúncias durante o período de exibição da novela.

O embalo animou os autores para continuar abordando o assunto. Logo em seguida, Fina  Estampa, de Aguinaldo Silva, traria um novo casal polêmico para a trama exibida em 2001,  também às 21h. Baltazar (Alexandre Nero)  também foi um marido que batia na esposa. A  personagem, interpretada por Dira Paes, não tinha coragem de denunciar o companheiro.  Aguinaldo afirmou que a ideia era justamente debater a causa das mulheres não terem coragem de entregar seus agressores para a polícia.

Gabriela, de Walcyr Carrasco, também colocou a mulher em xeque, na posição de submissa e frágil perante os ataques violentos por parte dos homens. Quem não ficou com raiva do coronel Jesuíno Guedes  (José Wilker) ao humilhar e  espancar a reprimida esposa Dona Sinhazinha (Maitê Proença)? A versão da novela foi ao ar em 2012.

Indignação em horário nobre

Na Globo, o tema da violência doméstica contra a mulher começou a ganhar proporções, audiência e revolta em Mulheres Apaixonadas, exibida em 2003 no horário nobre, às 21h. O autor Manoel  Carlos colocou em foco a questão com o drama da professora Raquel (Helena Ranaldi), uma mulher  que apanhava constantemente com uma raquete de tênis do marido Marcos (Dan Stulbach). A agressão física e psicológica na trama rendeu  média de 47 pontos no Ibope e muita indignação.

A temática pelo cinema e pela literatura

O tema também ganhou os cinemas e as grandes produções internacionais. Em 1991,  o suspense Dormindo com o Inimigo, dirigido por Joseph Ruben, chocou o público. A trama é sobre Laura (Julia Roberts), uma mulher constantemente espancada pelo compulsivo, possessivo e violento marido Martin Burney (Patrick Bergin). A  boa aparência que ele apresenta na sociedade era contraposta com suas reações em casa.

O filme Nunca Mais (2002), do  diretor Michael Apted,  baseou-se no best-seller Black And Blue, de Anna Quindlen, para adaptar a história de Slim  (Jennifer Lopez), uma esposa maltratada pelo marido cafajeste Mitch (Billy Campbell). A diferença é que, no final, a mocinha dá a volta por cima: aprende a lutar e se defender das agressões.

Sangue nas letras 

Também não faltam exemplos que retratam a violência contra a mulher na literatura. A editora  carioca Valentina lançou obras que se adequam ao tema, como Fale!, da autora norte-americana Laurie Halse Anderson. O título aborda a violência contra garotas na fase da adolescência.

Rafael Goldkorn, publisher da editora,  ressalta a importância de debater o tema nos livros. “O silêncio é aliado da violência. O livro faz um  grito de alerta. E os frutos dessa tendência de relatar são fantásticos”, pontua.

Ponto de vista
 
Doutora em Estudos Feministas e de Gêneros pela UnB, Liliane Machado destaca o perigo de expor essa violência nas mídias. Para ela,  é difícil generalizar, mas a representação da agressão pode virar um  “tiro pela culatra”. “Mostrar essa violência tem dois aspectos.  É fato que pode conscientizar e revoltar as mulheres, o que estimula as denúncias. Mas tem um lado obscuro. Boa parte dos capítulos mostra as mulheres apanhando, em situação de violência. Elas só dão a volta  por cima no fim da novela. Isso institucionaliza a agressão. E, no fim, os homens morrem. Parece que não há uma outra opção”, problematiza. 
 
Saiba mais
 
O Dia Internacional da Luta Contra a Violência Sobre a Mulher foi instituído em 1999 pela  ONU para homenagear duas irmãs assassinadas pela ditadura  na República  Dominicana, em 1960.
 
No Brasil, as denúncias podem ser feitas por meio do Disque Denúncia, pelo telefone 180.

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