20/11/2014 09h38 - Atualizado em 20/11/2014 09h47

Mineira autora de 'Quarto de Despejo' é reverenciada por centenário em SP

Bitita nasceu em Sacramento e retratou cotidiano na favela do Canindé.
Homenagens ocorrem na Flink Sampa e Balada Literária até dia 25.

Do G1 Triângulo Mineiro

Carolina Maria de Jesus, sarau Juiz de Fora (Foto: Ascom MAMM/Divulgação)Ex-coletora de lixo teve obra vendida em mais de
​50 países (Foto: Ascom MAMM/Divulgação)

Da cidade mineira de Sacramento para a favela do Canindé, em São Paulo, e posteriormente para as livrarias mundo afora. A repercussão da obra de Carolina Maria de Jesus, a Bitita, que retrata a vida marginalizada e a realidade dos excluídos, é celebrada em eventos que marcam o centenário de uma vida dedicada às palavras, agricultura e coleta de lixo. Até a próxima terça-feira (25), os escritos, livros publicados e imagens que compõe o centenário estão em exposição na Galeria Marta Traba.
Já as homenagens ocorrem durante a Balada Literária, também em São Paulo, até domingo (23). Bitita também é lembrada na Flink Sampa 2014, festa da literatura afro e cultura negra. A entrada é gratuita.

A autora cursou até a 2ª série do ensino fundamental e tem cinco livros publicados, além de inéditos. O professor Carlos Alberto Cerchi afirma que as obras já venderam mais de 1 milhão de exemplares e foram traduzidas em 14 idiomas, para mais de 50 países. O livro mais conhecido é ‘Quarto de Despejo’, que retrata a vivência na favela do Canindé, onde ela morou de 1946 a 1970. Em meados dos anos 1960, o local foi desocupado para a construção da Marginal Tietê.

“Ela se tornou uma das mulheres negras mais importantes do mundo devido à obra ‘Quarto de Despejo’, e foi referência na literatura dos oprimidos. Ela foi uma pessoa marginalizada, vivendo de forma precária na favela, com essa angústia em mostrar esse lado de quem sentiu a vida na pele”, destacou o professor.

A obra do centenário pertence ao Arquivo Público de Sacramento, onde as comemorações ocorreram em agosto. Ao se mudar para São Paulo, em 1946, Bitita montou uma casa com materiais encontrados na rua. A identificação da autora ocorreu graças ao jornalista Audálio Dantas, que conheceu cerca de dez cadernos em que ela retratava o cotidiano. Mãe de dois filhos e um terceiro que já faleceu, Carolina Maria de Jesus faleceu em 1977, devido a problemas respiratórios.

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