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Conselho de SP aprova projeto de prédios no terreno do parque Augusta

O bosque atual ocupa cerca de 40% do terreno de 25 mil metros quadrados - Fabio Braga/Folhapress
O bosque atual ocupa cerca de 40% do terreno de 25 mil metros quadrados Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Wellington Ramalhoso*

Do UOL, em São Paulo

27/01/2015 17h30Atualizada em 28/01/2015 11h24

O Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) aprovou nesta terça-feira (27) o projeto das construtoras Cyrela e Setin para a construção de três prédios no terreno do parque Augusta, na região central da capital paulista.

A informação foi confirmada nesta tarde pelas assessorias de imprensa da Prefeitura de São Paulo e da construtora Cyrela. A ata da reunião do Conpresp será divulgada nos próximos dias.

As construtoras dizem que erguerão três edifícios com até 45 metros de altura em uma área equivalente a 40% do terreno, que possui 25 mil metros quadrados. A prefeitura informa, porém, que os prédios ocuparão uma área menor, equivalente a 33%. O parque ocupará o restante do terreno, será aberto ao público, mas terá administração particular. 

O projeto teve de ser submetido ao Conpresp porque, em 2004, o órgão decidiu pelo tombamento [preservação] das edificações do antigo colégio Des Oiseaux, que ocupou o terreno por 60 anos no século passado, e do conjunto de árvores do bosque, além de espécies espalhadas pelo terreno. A administração municipal afirma que o projeto das construtoras respeita a área tombada e o gabarito máximo permitido pela resolução da década passada do conselho.

O parque Augusta é uma das poucas áreas verdes da região central da cidade e conta com espécies nativas da mata atlântica que sobreviveram a séculos de expansão urbana.

Resistência

O projeto das construtoras contraria as reivindicações do movimento popular que defende a criação do parque na totalidade do terreno. "A postura do movimento não vai mudar por conta disso [da decisão do Conpresp]. Essa decisão chega a ser ultrajante em um momento de crise hídrica, porque climatólogos dizem que quanto mais área verde, menos incidências de zonas de calor que impedem a vinda das chuvas", afirmou Daniel Biral, membro do Advogados Ativistas e participante do movimento a favor do parque Augusta.

Há dez dias, integrantes de coletivos ocuparam e abriram o terreno ao público. Cyrela e Setin recorreram à Justiça e conseguiram um mandado de reintegração de posse no ultimo dia 21, mas a propriedade permanece aberta por ativistas.

Situado na rua Augusta, na quadra entre as ruas Caio Prado e Marquês de Paranaguá, o terreno é motivo de discussões há 45 anos. A fase atual de disputas começou em 2013 quando as construtoras se uniram para comprar o terreno do ex-banqueiro Armando Conde e elaborar um projeto de construção de torres. O valor do negócio não foi divulgado à época.

No fim de 2013, a prefeitura decretou a criação do parque, mas logo depois informou que não teria verbas para fazer a desapropriação, que custaria cerca de R$ 120 milhões.

A propriedade estava fechada desde então. A Cyrela e a Setin dizem que “o terreno, da forma como está hoje, não oferece segurança adequada ao público” e que a “área precisa passar por um processo de revitalização, que só pode acontecer após a aprovação do projeto pelos órgãos competentes, para tornar-se um parque aberto ao público”.

O mestre em botânica pela USP Ricardo Cardim mapeou, no ano retrasado, espécies nativas como cereja-do-rio-grande, cedro-rosa, embaúba, figueira, jacarandá, jeribá e pitangueira no terreno. 

A preservação das árvores está garantida, mas Cardim defende o parque na totalidade do terreno porque, diz ele, se trata de uma área única no centro paulistano, carente de áreas verdes. “O mais importante é a combinação do espaço gramado com o bosque. É o único espaço do centro apropriado para tomar sol, fazer piquenique, para o lazer. Se tira o gramado, fica só a sombra”.

*Com colaboração de Márcio Padrão