A prolongada estiagem que atinge o Sul de Minas está preocupando cada vez mais a população. Em algumas cidades, medidas de emergência começaram a ser tomadas. Em Senador José Bento (MG), por exemplo, um decreto de economia de água está em vigor.Com a falta de chuva, principal mina de abastecimento da cidade com pouco mais de 1,5 mil habitantes praticamente secou. A partir de agora, quem for pego desperdiçando água pode ser multado e até ter o fornecimento cortado.
"Não tem outro recurso. As minas que existem em nosso município são essas e, se secarem, não sei o que vamos fazer, diz o prefeito Flávio de Souza de Pinto. Segundo ele, a mina que abastecia as casas teve a captação reforçada por outras três minas há cerca de 90 dias. No entanto, o volume de água está cada vez menor.
De acordo com o decreto, quem abusar do consumo de água será notificado em um primeiro momento. Em caso de reincidência, haverá multa, com a possibilidade de corte no abastecimento em situações extremas. Em Senador José Bento, a população paga o valor fixo de R$ 12 pelo consumo de água.
Situação crítica
De acordo com dados do Instituto Somar, o índice histórico de chuvas entre janeiro e agosto em Senador José Bento é de 817,5 mm. Neste ano, choveu apenas 466,4 mm, o equivalente a 57% do volume esperado.
Em alguns pontos da zona rural, a situação é ainda mais crítica. Nesses bairros, a captação é feita diretamente de minas ou por meio de cisternas, mas nenhum dos sistemas tem funcionado. "Todo dia à tarde tem que ir buscar água para tomar banho, fazer comida. Secou tudo", conta o pedreiro Lucas José da Silva, que tem um vizinho que se mudou por causa da seca.
Poços Artesianos
Em outras cidades da região, a procura por poços artesianos aumentou também como uma forma de driblar a seca. Para construir um poço desse tipo é preciso pedir uma licença para fazer a perfuração e outra para utilizar a água.
As solicitações são encaminhadas para a Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram).De acordo com a Supram de Varginha, o número de pedidos de abertura de poços artesianos aumentou 73% na região apenas neste ano, mesmo com o valor do investimento ficando em torno de R$ 30 mil.
Em Aguanil (MG), às margens da Lagoa de Furnas, os proprietários de um condomínio rural de 30 casas, a construção de um poço artesiano com cerca de 100 metros de profundidade está em construção. Antes, os moradores usavam um poço semi-artesiano que secou.
Medidas emergenciais
Em Monte Belo (MG), parte dos bairros são abastecidos em sistema de rodízio desde o dia 18 de julho. A vazão do Córrego das Pedras, principal fonte de captação, diminuiu cerca de 70% com a estiagem.
Segundo a concessionária do serviço de água e esgoto da cidade, a Copasa, dois poços artesianos devem ficar prontos na próxima semana para reforçar o abastecimento. Atualmente, tanto nos bairros quanto no centro de Monte Belo, há racionamento de cinco a seis horas por dia.
Em Campos Gerais (MG), cidade que também é atendida pela Copasa, a captação de água está sendo feita emergencialmente em um lago da prefeitura.