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Novo público, equipes próprias e seletiva nacional: Flamengo abre planos para os eSports

Novo público, equipes próprias e seletiva nacional: Flamengo abre planos para os eSports

O clube vai seguir o caminho de PSG, Real e Bayern e terá times de LOL e PES. O intuito é estreitar laços com público jovem, explica vice de marketing em entrevista a ÉPOCA

RODRIGO CAPELO
11/07/2017 - 06h00 - Atualizado 11/07/2017 12h05
A abertura do Campeonato Universitário de League of Legends de 2017, em Santa Mônica- Califórnia (Foto: Getty Images)

Futebol, basquete, vôlei e... League of Legends. O Flamengo vai aderir a uma tendência global: criará uma divisão de esportes eletrônicos. Ou eSports. Paris Saint-Germain, Roma, Bayern de Munique, Real Madrid, Sporting, entre outros clubes tradicionais do futebol europeu, tomaram o mesmo caminho nos últimos anos. No Brasil, apesar de haver um público estimado em 66 milhões de gamers, segundo pesquisa da consultoria Newzoo, o território permanece inexplorado.

O intuito flamenguista é o mesmo que motiva europeus: chegar a um público que não está mais nos estádios, mas nos videogames. O jovem. A estratégia foi aberta a ÉPOCA por Daniel Orlean, vice-presidente de marketing. O dirigente rubro-negro detalhou os planos nos eSports para já: fazer seletivas nacionais para League of Legends (LOL) e Pro Evolution Soccer (PES), montar equipes próprias e captar patrocinadores para sustentá-las sem sacrificar recursos do futebol.

>> As finanças do Flamengo: mesmo minado pelas dívidas do passado, o milagre econômico continua

Leia, abaixo, a entrevista na íntegra.

ÉPOCA – Por que o Flamengo decidiu investir em eSports?
Daniel Orlean –
A gente vem há mais de um ano estudando, no marketing, maneiras não só de aumentar os ativos que temos a oferecer aos parceiros, mas algumas opções de médio e longo prazos para o nosso público – o atual e o futuro. Isso significa montar um time de um determinado esporte, no caso esportes eletrônicos, que está atraindo bastante a atenção e a audiência para chegar a um público que não necessariamente curte só futebol.

ÉPOCA – Quais são os parceiros do Flamengo nessa iniciativa?
Orlean –
Do ponto de vista de estruturação dos times, estamos com a Cursor eSports. É uma empresa que recebeu investimentos da Go4it, do Cesar Villares e do [Marc] Lemann. A Go4it trouxe alguns parceiros para a mesa nos últimos anos, como o Uber, e trouxe essa empresa. Gostamos da pegada da garotada. São gamers de 18, 19, 20 anos.

ÉPOCA – E sobre patrocinadores?
Orlean –
 Do ponto de vista dos patrocinadores, entendemos que tanto os atuais como outros podem se envolver com a gente em diferentes níveis de interesse. Pode ser interessante para eles o diálogo com esse público mais jovem, que é mais fácil de ser medido porque tudo está no mundo digital. Não vou divulgar com quem já estou fechado, porque ainda preciso assinar, mas tenho acordos com gente da turma atual de patrocinadores e de outras turmas. Além disso tivemos dez consultas informais sobre ativos que vamos oferecer, valores praticados, oportunidades.

ÉPOCA – O Flamengo fará investimentos com recursos do clube?
Orlean –
Não vamos tirar valores de outras áreas. Estamos fazendo novas captações. O plano é tão viável que no primeiro patrocinador já recompõe. O foco é ser autossustentável.

ÉPOCA – O Flamengo vislumbra gerar receitas com essas modalidades? Em quanto tempo?
Orlean –
É uma área que está crescendo. Até 2020 as projeções são de mais de bilhão em receitas nessa área na indústria. Não tenho extremo otimismo de já no primeiro ano ter um saldo positivo. Nos dois primeiros anos o interesse é ser autossustentável e depois disso gerar recursos além do que vamos gastar. Como o Flamengo tem sido bastante cauteloso com orçamento e gestão, planejamos gastar só o que vamos arrecadar com seletiva e patrocínio para montar o time e divulgar. Em dois anos isso começará a ser rentável.

ÉPOCA – Quais serão os games em que o Flamengo investirá?
Orlean –
LOL e PES. O LOL pela audiência, pelo crescimento e pelo perfil do público que está curtindo. O PES, além disso, porque já é um parceiro antigo, a Konami, que tem contrato conosco até o fim de 2018. Nada mais natural [do que criar um time profissional].

ÉPOCA – O Flamengo fará parcerias com equipes tradicionais da comunidade dos eSports? Pensa em se unir a alguma equipe e apenas batizá-la com o nome do clube?
Orlean –
Não, não vamos fazer. Parcerias, sim, posso fazer diversos tipos. Mas não naming right. Não é nossa intenção usar uma equipe já existente para colocar o nome do Flamengo. Queremos uma equipe própria, selecionada por nós.

ÉPOCA – Isso significa que o Flamengo fará seletivas nacionais para peneirar "eAtletas"? Como no futebol?
Orlean –
Estamos desenvolvendo a estratégia e vamos divulgar no lançamento, mas basicamente é para o Brasil inteiro. É como uma peneira, mas como posso fazer isso digitalmente não preciso do deslocamento das pessoas. Posso fazer no Brasil inteiro, selecionar as melhores e dar sequência com etapas que ainda não posso abrir.

ÉPOCA – Quais são as próximas instâncias que precisam aprovar a iniciativa dentro do clube?
Orlean –
Nenhuma. O projeto já foi aprovado em todas as instâncias. Está agora com o marketing para conseguirmos patrocinadores.

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