• Maria Clara Vieira
Atualizado em
sombra_rapto_crianca_pais (Foto: thinkstock)

No último sábado (12), por volta das 19 horas, a designer Gilka Fonseca, mãe de dois meninos – um de 7 e outro de 1 ano de idade – estava no estacionamento do Shopping Pátio Savassi, em Belo Horizonte (MG), com as duas crianças, quando levou um susto. Um homem desconhecido tentou raptar o bebê, que estava em seu colo.

“Meu marido tinha ido pagar o estacionamento e nós três estávamos esperando, longe dele”, conta Gilka. Foi então que um estranho se aproximou, dizendo que o bebê era lindo, e esticou as mãos, como se quisesse pegá-lo. A mãe, que carregava o mais novo no braço direito e segurava o mais velho com a mão esquerda, lembra: “Eu agradeci o elogio e disfarcei, para não deixar ele pegar meu filho no colo”.

Então, segundo Gilka, o homem se aproximou mais ainda e começou a passar a mão nos cabelos do bebê. “Foi aí que eu disse: por favor, tira a mão do meu filho”. A partir disso, o desconhecido começou a puxar a criança com força. “Só que ele falava calmamente, então, quem via de fora, não imaginava do que se tratava”, afirma.

Gilka começou a gritar por socorro, dizendo que o homem queria roubar a criança. “Ele olhava fixamente nos meus olhos, com se quisesse me desestruturar. Não vou esquecer nunca. Eram olhos escuros e sem vida”, disse à CRESCER.

A ocorrência foi no piso G2 do centro de compras e durou pouco menos de 5 minutos. Quando uma segurança do shopping se aproximou, ao ouvir os gritos, o rapaz foi embora sorrindo, conforme relata Gilka, e entrou em uma das lojas. A funcionária se aproximou e perguntou o que estava havendo. Gilka contou a história e descreveu o homem: bem apessoado, jovem, com cerca de 1,75 m de altura, usando camisa polo vermelha. Nem gordo nem magro. Olhos escuros.

A segurança se comunicou por rádio com outros colegas, mas nenhuma providência foi tomada. Quando o marido de Gilka voltou ao local, após pagar o estacionamento, a família, com receio de estar sendo observada por pessoas mal intencionadas, resolveu ir embora o quanto antes e não registrou o fato no Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) do shopping. Eles também optaram por não fazer Boletim de Ocorrência.

Em casa, quando o susto diminuiu, Gilka lembrou que, mais cedo no shopping, uma mulher havia abordado a família e passou as mãos nos cabelos longos e loiros de seu filho de 7 anos. “Ela dizia: ‘Nossa, como ele é lindo, que cabelo maravilhoso’. Acho que foi uma espécie de sinal para alguém que estava nos observando”.

O shopping, por meio de assessoria de imprensa, disse à CRESCER que, como a família não registrou o caso no SAC, não poderia tomar uma providência concreta, já que não tem poder de polícia. Em nota, informou: “O Shopping Pátio Savassi, no dia 12 de abril, prestou atendimento à cliente. Ela preferiu ir embora a se identificar e registrar o fato, para que fossem tomadas novas medidas. O shopping se encontra à disposição da cliente, para que possa contribuir no que se fizer necessário”.

Perigo invisível

Apesar do desfecho não ter sido o pior, Gilka faz um alerta: “Acho que os shoppings têm de dar mais atenção a esse tipo de situação. Não foi o meu caso, mas algumas mães ficam empolgadas com as compras e o filho pode sumir”. Fato é que não se pode desgrudar os olhos das crianças um minuto sequer. O ideal para o momento de compras é sempre levar um adulto junto para que, enquanto você experimenta a roupa, por exemplo, a criança tenha companhia.

O rapto de crianças e adolescentes é uma realidade enfrentada por milhares de pais brasileiros, embora as estatísticas ainda sejam escassas e falhas. Até o fechamento desta edição, o Ministério da Justiça não havia enviado à CRESCER o número de crianças e adolescentes desaparecidos no Brasil.

O Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos se propõe a ser uma base nacional de desaparecimentos infantis, por meio do site desaparecidos.gov.br, mas está longe do ideal. Esse banco de dados conta com apenas 331 casos cadastrados. Para se ter uma ideia de como o número destoa da realidade, só a 2ª Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas - Divisão de Proteção à Pessoa, de São Paulo, armazena, online, 415 casos de desaparecimento.

Dos 331 casos do Cadastro Nacional, o estado do Rio de Janeiro lidera o ranking, com 120 desaparecimentos. Em segundo lugar, vem Minas Gerais, com 86 casos registrados no site. 

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