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Conheça a história de Nilmar; um vencedor dentro e fora das quatro linhas

Nilmar pendurou as chuteiras por causa da depressão, mas ao mesmo tempo deu a volta por cima longe das quatro linhas


Por Celiomar Garcia Publicado 02/04/2024
 Tempo de leitura estimado: 00:00
nilmaravilha
Foto: Uol/Divulgação

No dia 14 de abril deste 2024, o ex-atacante Nilmar, que atuou pelo Internacional e pela Seleção Brasileira, estará participando da rodada de abertura pela 31ª Copa Santa Auta de Futebol Sete, competição realizada no 5º distrito, interior de Camaquã. A rodada de abertura irá contar também com a realização de 12 jogos pela competição, que você acompanha acessando o link abaixo.

https://www.cliccamaqua.com.br/noticias/esporte/confira-os-jogos-de-abertura-pela-31a-copa-santa-auta-de-futebol-sete/

Nilmar irá atuar um tempo pela Afubra e um tempo pela Fazenda Bartz, no tradicional jogo festivo, que terá transmissão ao vivo pelo Clic Camaquã a partir das 14h15min, com a narração de Celiomar Garcia, comentários de Adilio Ratto Jr e reportagens de JV Fagundes.

Em 11 de outubro de 2023, o UOL realizou uma reportagem especial falando sobre a depressão que tirou Nilmar dos gramados. Intitulada como o “Fim Precoce de Nilmar”, o centroavante “queridinho” que pendurou as chuteiras por causa da depressão, mas que ao mesmo tempo deu a volta por cima longe das quatro linhas.

Juliane Fechio, psicóloga do Santos Futebol Clube, que fez o diagnóstico do quadro do atacante, conta que a depressão é um estágio avançado de problemas na saúde mental. O ideal é que ela seja prevenida a partir da identificação de abalos psicológicos pequenos e iniciais que, se tratados, não se acumularão. Só que não havia um departamento de psicologia no Al-Nasr, equipe dos Emirados Árabes em que Nilmar jogou por duas temporadas antes de chegar ao Santos, em julho de 2017.

“Quando ele veio do Al-Nasr para o Brasil, em menos de 40 dias o problema estourou. Ele estava no limite, a qualquer momento isso ia acontecer. Por sorte, aconteceu em um clube que tem psicólogo. Diagnosticamos rapidamente e iniciamos o tratamento, mas ele parou de jogar. Se um psicólogo tivesse percebido antes o problema, ele estaria jogando até hoje”, explica Juliane.

Nilmar estava se sentindo estranho há algum tempo, mas o estopim aconteceu na madrugada do dia 28 de agosto de 2017, quando ele acordou suando frio e com a metade direita do corpo inteira dormente. Também percebeu um sentimento de angústia enorme. Ele estava em seu quarto de hotel na concentração da equipe em Belo Horizonte, horas após um duelo contra o Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro.

‘No Santos, desencadearam os sintomas e eu cheguei ao meu limite’

“Eu acordei de madrugada com esse formigamento, essa dormência na parte direita do corpo inteiro, estava no quarto sozinho, e não consegui dormir mais. Aí de manhã eu procurei o médico do clube, que me examinou e ficou me acompanhando de perto, até chegarmos em São Paulo”, disse Nilmar.

Aos prantos

— Como você está, Nilmar? — perguntou o médico, no aeroporto, enquanto eles esperavam o voo de volta na manhã seguinte.

— Ah, doutor, não estou bem não. Ainda estou meio estranho — respondeu, inseguro.

Chegando a São Paulo, Nilmar foi para casa e a sensação de dormência voltou logo após o almoço. Então, sua mulher, Laura, o levou ao hospital. Ele fez exames na cabeça, no coração e em tudo mais ao que tinha direito. Nada foi encontrado.

No dia seguinte, chegando ao centro de treinamento, o atleta estava angustiado. Foi direto à sala de Juliane e abriu seu coração. Há algum tempo ele não vinha se reconhecendo, estava sem a sua empolgação característica, achava um sacrifício ir treinar, perdeu o prazer daquilo que era seu sonho, e estava se cobrando internamente por isso e guardando esse sofrimento.

— Doutora, está acontecendo alguma coisa comigo. Não estou bem, estou com esse formigamento, fizeram exames em mim e não acharam nada, mas eu não quero nem vir mais para o CT treinar, estou sem condições. Já estou há uns 20 e poucos dias lutando contra isso e não passa de jeito nenhum. Não consigo entender o que é, mas já estou no meu limite. Me ajuda, por favor — suplicou, em prantos.

— Calma. Você está com um quadro de depressão — disse Juliane.
O atacante chorava tanto que nem conseguia falar. E ele nem era do tipo que demonstrava sentimentos.

‘Naquele momento, eu vi que aquilo que eu sentia tinha uma razão. Eu estava doente e precisava de ajuda. Quando percebi, desabei”, relata.

O jogador se sentia culpado por estar naquela situação. Ele temia que outras pessoas, além de Juliane, ficassem sabendo. Não aceitava estar mal porque ele era o principal provedor de sua família. Tinha, também, o fato de sempre ter amado o futebol.

Após sair da sala de Juliane, Nilmar subiu a serra e se enfiou em sua casa, em São Paulo, onde ficou recluso durante a primeira fase de seu tratamento.

“Eu digo que fui educado no futebol porque desde os 13 anos estou fora de casa, sem os pais, e a gente convive com muitas coisas. O Inter me deu alojamento, educação, psicóloga, assistente social, mas acredito que o fundamental para mim foi a minha base familiar, para eu não me deslumbrar com grana, com sucesso, porque vários amigos, alguns até com mais talento que eu, se perderam pelo caminho”, desabafou Nilmar.

O começo de tudo

Natural de Bandeirantes, cidade de 34 mil habitantes no interior do Paraná, Nilmar saiu cedo de baixo da asa dos pais, aos 15 anos, quando foi contratado pelo Internacional, de Porto Alegre (RS). Ficar longe da família era muito difícil. Ele via muito pouco seus pais, mas eles permaneceram em seu coração e em sua formação.

O garoto prodígio estreou no profissional do Inter com 18 anos, em 2003, e, mesmo com tudo acontecendo rapidamente em sua carreira, sempre recebeu com a serenidade interiorana a projeção.

Com apenas 20 anos, em 2004, Nilmar chegou à Europa. No Lyon, precisou entender que as coisas funcionavam de um jeito diferente. Ele não era mais o prodígio, era só mais um no elenco. Para isso, contou com o aconselhamento de Juninho Pernambucano, Cris, Caçapa e Élber, veteranos brasileiros da equipe francesa.

De volta ao Brasil, já no Corinthians, Nilmar sofreu dois rompimentos seguidos dos ligamentos no joelho. Ambos em clássicos contra o Palmeiras. O primeiro foi no joelho direito, em julho de 2005, e o segundo foi no joelho esquerdo, em março de 2006, cerca de dez jogos após voltar.

A primeira lesão foi em seu melhor momento da carreira, aos 21 anos. O baque da segunda foi violento, afinal, foi no ‘joelho bom’. Mas o que o ajudou foi o contato com a família, que aumentou no período de recuperação.

Al-Nasr, o possível pivô da crise

Hoje, depois de muito tratar da depressão (que ainda o acompanha, só que em nível controlado), Nilmar consegue fazer uma análise mais acurada sobre o que passava na sua cabeça. Ele identifica um possível gatilho para sua derrocada mental.

Foi em seu último ano de contrato com o Al-Nasr, entre 2016 e 2017. O atleta começou a ter problemas contratuais com a equipe, que queria vendê-lo para outro clube apenas para atender à cota de estrangeiros. Como ele tinha o planejamento de ficar dois anos no time, bateu o pé e não aceitou. Contrariados, os sheiks o afastaram do time e pararam de pagar seu salário.

“Me encostaram no time B e eu ficava treinando separado. Lembro que foi nessa época que comecei a ter uns pensamentos negativos, do tipo: ‘tá chegando o fim, não tá sendo mais prazeroso, se for para ser assim é melhor não ser’. Pensava: ‘puts, por que eu tô passando por isso? Já joguei Liga dos Campeões, Copa do Mundo, olha onde vim parar'”, confessa.

Nilmar foi para o “mundo árabe” porque, além do lado financeiro (que também precisa ser considerado por um jogador), o calendário era menos extenuante que no Brasil e na Europa, e com isso ele conseguia passar mais tempo com a família. Para além dos aspectos positivos, o lado ruim era a cobrança interna nos clubes, que era fortíssima por parte dos sheiks e donos. Ele era chamado na sala para “um cafezinho” sempre que uma atuação não agradasse.

Volta ao Brasil e a pane no sistema defensivo de Nilmar

Com toda carga de pressões, o jogador foi sentindo que era necessário parar um pouco para refletir. Entretanto, assim que voltou ao Brasil, a proposta do Santos veio célere e irresistível. E ele foi, sem a pausa que precisava, para o clube da Vila Belmiro — uma decisão crucial para o agravamento de seu quadro.

A realidade no Santos se acumulava com as questões não resolvidas. Os sentimentos de angústia, tristeza, ansiedade e medo foram intensificados, somatizando-se na forma de muita dor no corpo e, finalmente, na dormência/formigamento.

“Eu estava chegando no meu limite e não sabia o que era. Carregava um sentimento ruim no coração. Às vezes batia um pânico. Eu achava que ia morrer. Eu chorava muito, ia chorar no banheiro para ninguém ver”, disse Nilmar.

O técnico Muricy Ramalho, em uma conversa por telefone com o ex-atacante e companheiro de equipe realizada após seu diagnóstico depressivo, definiu seu estado: “seu copo foi enchendo, enchendo e transbordou”.

Depois daquele fatídico dia do diagnóstico de depressão, Juliane passou a acompanhar Nilmar de perto. Ficou ao lado do jogador durante seus primeiros seis meses de tratamento, mesmo depois dele ter se afastado do Santos, em setembro, com visitas domiciliares frequentes.

“Num primeiro momento, eu não gostava de falar nem mesmo com a minha família. Não tinha forças para brincar com meus filhos e isso era o que mais doía. Eu só queria ficar deitado, chorando”, fala Nilmar.

Juliane também conversou com os familiares mais próximos do atacante, para orientá-los na abordagem do problema. Um dos objetivos era desmistificar o pensamento de “vamos lá, força! É só uma fase, vai passar”.

Nilmar sempre ouvia frases como estas, que não tinham efeito prático e o chateavam. A psicóloga esclareceu todos os detalhes sobre essa fase. Explicou que ele precisaria de ajuda e acompanhamento especializados para poder melhorar. Destacou que a depressão era algo que acontecia com frequência, que vários jogadores passaram por aquilo e que os casos só não foram divulgados.

Durante esse tempo, o ex-atacante só saía de casa para ir ao psiquiatra e para se medicar. Foram três duros meses assim, totalmente isolado. Não recebia parentes, apenas Juliane. Nilmar não tinha forças para fazer nada, apenas chorava. A psicóloga subia a serra toda a semana para vê-lo e fazer exercícios com ele.

“A Juliane me ajudou muito, mas uma coisa que me incomodava é que, como ela era do Santos, eu não me sentia confortável em falar sobre futebol com ela, era meio que um bloqueio para mim”, relembra.

Depois de cerca de quatro meses, Nilmar começou a receber outras pessoas. Sua família foi visitá-lo em casa, os pais, a esposa e os filhos.

Demorou para eu sair de casa. Só comecei a sair quando as coisas voltaram minimamente a um equilíbrio. Foram tensos esses primeiros seis meses até a medicação começar a fazer efeito, junto com o conforto das consultas com o psiquiatra.

“Também parei de fazer esporte nesse período e isso baixa a endorfina. Quando melhorei um pouco, voltei a treinar na academia com um personal trainer, isso me ajudou bastante. Fiquei seis meses sem assistir a partidas de futebol. Não me sentia bem assistindo aos jogos. É uma coisa muito louca, porque tudo que foi minha vida e tudo que eu adorava fazer era o futebol, e acabou esse prazer [naquele período]”, ressaltou Nilmar.

Apoio de jogadores que passaram pelo mesmo

Por ter divulgado publicamente que estava com depressão, contrariando a vontade da diretoria do Santos, que queria esconder o problema, Nilmar recebeu a ligação de ex-companheiros que jogaram a Copa do Mundo e relataram ter passado pela mesma situação.

“Eu fui o primeiro a expor publicamente a minha situação. Foram praticamente seis meses em que eu não queria falar com ninguém. As únicas pessoas com as quais eu me sentia à vontade e confortável para conversar eram as que estavam passando ou já tinham passado por isso. Era a troca com esses jogadores, e também treinadores, que me confortava. Porque, num primeiro momento, você fica pensando: ‘porque só comigo está acontecendo isso?’ É uma cobrança interna muito grande, de você querer ter forças e não conseguir, é impressionante. Então o tratamento psicológico e a conversa com outros colegas me ajudaram a entender e a assimilar que leva um tempo melhorar desse estado. Eu levei uns oito meses para compreender tudo o que estava acontecendo”, explica.

Além de entenderem a situação, por já terem passado por ela, os jogadores que conversavam com Nilmar ofereciam uma visão diferente da apresentada por seus familiares.

“Nenhuma dessas pessoas falou: ‘Vamos! Você tem que voltar a jogar’. E eu tinha isso forte comigo antes, até porque minha família depende de mim. Depois dessas conversas, eu mudei minha visão. É importante você falar com alguém que viveu e sentiu e sabe e as palavras certas para o momento”, analisa.

Preconceito contra psicólogos

Nilmar ressalta que o futebol é um ambiente muitas vezes tóxico para o psicológico do jogador, e por diferentes motivos. Um deles é a visão machista que predomina no meio.

“Eu sempre ressalto que o maior problema em si é o jogador mesmo reconhecer e buscar ajuda por conta desse preconceito que infelizmente a gente ainda tem no nosso esporte”, explica.

Ele mesmo já teve preconceito contra psicólogos no clube no início de sua carreira.

“Quando tinha reuniões com esses profissionais, lembro que a gente debochava: ‘ih… hoje vem aquele psicólogo…’ Coisa de jovem, sabe? A gente achava um saco, não via importância naquilo”, lembra.

Hoje sua visão mudou.

“É um profissional que estudou e está preparado pra te ajudar. Não existe a prática esportiva sem o cuidado com a saúde mental, então é super importante que os clubes tenham psicólogos”, conclui.

Longe dos gramados, mas não distante do futebol

Hoje em dia, aos 39 anos, Nilmar mora em Porto Alegre e administra os negócios que construiu com o dinheiro que ganhou no futebol: ele tem uma fazenda e uma rede de postos de combustível no Paraná.

Feitas as pazes com o futebol, o ex-goleador atuou como comentarista dos canais TNT e HBO Max em partidas da temporada 2021/22 da Liga dos Campeões e frequentemente leva a família ao Beira-Rio para assistir aos jogos do Internacional.

Fonte: Uol


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