Seis vereadores de São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram detidos, na manhã desta terça-feira (24), durante a operação Contra Legem do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A Polícia Militar (PM), por meio do Batalhão Rondas Ostensivas Táticas (Rotam) apoiou o trabalho com o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão, três de prisão e três de condução coercitiva na casa dos políticos e na Câmara Municipal.
De acordo com o tenente-coronel Giovani, o presidente da Câmara, Carlinhos da Funerária (PSB), foi o último a ser localizado. Ele foi preso em flagrante por porte ilegal de arma e encaminhado, junto com Cristiano da Balança (PMDB), Niltinho (PPS), Fabinho (PSDB), Marcão (PT) e Neném da Horta (PMDB) para a comarca do Ministério Público em Igarapé, na mesma região, onde prestarão depoimento.
Três vereadores tiveram prisão preventiva decretada. São eles:
Carlos Alberto Braga “Carlinhos da funerária” (PSB) – presidente da Câmara
Marcos Aender dos Reis “Marcão” (PT)
Tarcísio Alves de Resende “Neném da horta” (PMDB)
Três vereadores foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento e foram liberados. São eles:
Cristiano da Silva de Carvalho “Balança” (PMDB)
Enilton César da Silva “Niltinho” (PPS)
Fábio Cândido Corrêa “Fabinho do Bar” (PSDB)
O leitor Fernando Michel enviou um vídeo do momento em que o presidente da Casa Legislativa é colocado no camburão sob gritos de "ladrão", "bandido" e "safado" da população que acompanhava tudo na porta da Câmara. Assista:
Os presos e conduzidos estão sendo investigados pelos crimes de formação de quadrilha e crime contra o patrimônio público. A PM apreendeu computadores, agendas e documentos. O advogado da Casa Legislativa, Joubert da Silva Saraiva, disse que o MPMG "já chegou detendo os vereadores" e que ele ainda não sabe o porquê de eles terem sido conduzidos.
No total, a cidade conta com 11 vereadores. Cerca de 300 moradores do município, acompanham as diligências e comemoraram a prisão dos políticos. "É como um grito de liberdade da população, que sempre fez denúncias. Sentimento de alivio. A população sempre soube que havia corrupção", afirmou a dona de casa Luzia Ferreira, 65, que há 22 anos mora na cidade.
Quadrilha recebeu pelo menos R$ 1,2 milhão
Durante coletiva realizada na tarde desta terça-feira, o MPMG explicou que o grupo de vereadores cobrava propina de seis empresas diferentes para aprovar projetos de lei que as beneficiariam, como por exemplo alterações feitas no plano diretor do município.
No total, os seis vereadores teriam recebido pelo menos cerca de R$ 1,2 milhão em propinas dos empresários. Ainda conforme o MPMG, os próprios empresários começaram a colaborar com a investigação, permitindo que os parlamentares fossem identificados. Os levantamentos tiveram início em dezembro de 2014 e continuará acontecendo para que todos os envolvidos sejam penalizados.
A operação desta terça-feira contou também com a participação da Receita Estadual e da Polícia Civil.
Detalhes
“Promissores”. Dos 11 vereadores de São Joaquim de Bicas, oito foram eleitos pela primeira vez no pleito municipal de 2012.
Casa nova. Embora seis dos 11 vereadores de São Joaquim de Bicas estejam sendo investigados, os parlamentares que não permanecerem presos após o fim da operação terão um prédio novo para trabalhar pela cidade. A obra de construção da nova sede do Legislativo do município está na fase estrutural.
Presidentes. Em setembro do ano passado, o presidente da Câmara de Confins, Aladir José Pessoa de Souza (PTB), foi detido pela Polícia Civil, em decorrência da operação Lavagem I, por ser suspeito de fraudar licitações públicas. A apuração apontou que o parlamentar é proprietário de empresas, fornecedoras de produtos e serviços, que participavam de certames na cidade. As investigações mostraram que havia acordo entre os licitantes para favorecer as empresas do vereador.
Atualizada às 23h20