Rio

Parentes de produtora morta a marteladas se emocionam em enterro: 'Destruiu a família'

Maria Luana foi morta pelo irmão
Na foto, Lucia Oliveira (á direita), mãe de Luana, e Graciene Oliveira (à esquerda), tia de Luana, após o enterro Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Na foto, Lucia Oliveira (á direita), mãe de Luana, e Graciene Oliveira (à esquerda), tia de Luana, após o enterro Foto: Márcio Alves / Agência O Globo

RIO - O corpo da produtora de elenco Maria Luana Diogo Oliveira, de 34 anos, morta a marteladas dentro de casa, nesta segunda-feira, foi sepultado na manhã desta quinta-feira em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Após o enterro, parentes se emocionaram ao comentar o crime.



— A gente está até agora sem saber o que aconteceu. Eles sempre foram amigos, moravam juntos. Nunca tiveram problema. Não entendo por que fizeram isso com minha filha — disse a mãe da vítima, Lúcia Oliveira Diogo, de 53 anos, que estava sob efeito de remédios.

Maria Luana foi encontrada morta pelo Corpo de Bombeiros dentro de casa, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. O irmão dela, Pedro Oliveira, de 24 anos, foi preso sete horas depois, num outro imóvel da família, no Lins de Vasconcelos, bairro na Zona Norte da cidade. Ele é apontado como o principal suspeito da morte. Nesta terça-feira, a Justiça do Rio decretou a prisão de Pedro.

Em depoimento, Pedro negou ter cometido o crime e disse que a irmã foi "eliminada" porque era "impura" por não frequentar uma seita.

— Ele não falava muito claramente da seita. Mas começou a ficar estranho há uns três anos. Deixou o cabelo crescer e dizia que a força dele estava no cabelo. Fez uma tatuagem grande no braço, parecida com uma águia, e dizia que tudo era impuro — conta Lucinda Oliveira, de 47 anos, tia da vítima e do suspeito.

De acordo com parentes, Pedro carregava um livro antigo consigo e dizia que quem o lesse perceberia quanta impureza há no mundo. Nas refeições, servia a comida em um pires, em vez de um prato. Segundo relatos, ele dizia que sua nova religião não permitia que ele comesse muito.

— Um dia ele chegou lá em casa com uma faca grande, que parecia uma peixeira. Eu perguntei para que era aquela faca, e ele disse que era para se defender. Eu tinha medo de que fizesse algo ruim. Acabou fazendo. Ele destruiu nossa família.

Primo do suspeito, o operador de lava-jato Leonardo Neves de Oliveira, de 27 anos, diz que os problemas começaram quando a mãe de Pedro se mudou. Durante três anos a família — incluindo a mãe, Lúcia, a irmã, Luana, e os dois filhos dela, de 8 e 11 anos — moraram juntos no imóvel do Lins. Em 2013, Lucia decidiu voltar para Recife, sua terra natal.

— Quando ela se mudou, ele começou a ficar deprimido e depois começou a ficar estranho. Deixou o cabelo crescer muito e eu brincava que ia cortar o cabelo dele. Um dia ele disse que se eu continuasse com essa brincadeira ele iria me eliminar. Eu fiquei com medo, mas não sabia que ele seria capaz de fazer uma coisa dessas. Para mim, ele é um monstro — disse Leonardo.

Muito abalada, Lúcia não comentou o motivo de sua mudança para Recife e disse apenas que a família toda era cristã.

— Ninguém sabe que seita era essa que ele participava. Ele era um bom menino, não sabemos o que aconteceu — diz Graciene Oliveira, de 44 anos, outra tia da vítima.

Segundo o juiz Guilherme Schilling, da Central de Custódia, a prisão preventiva do suspeito visa a proteger os dois filhos de Luana, de 8 e 11 anos, que moravam com os dois irmãos. "Desconhecendo-se o verdadeiro propósito e caso confirmada a autoria, existe dúvida se a soltura prematura do custodiado seja capaz de colocar em risco aquelas crianças", escreveu na decisão.

Além dos golpes de martelo, o corpo da produtora tinha também marcas de queimaduras no corpo. A polícia acredita que o suspeito tenha tentado queimar o cadáver.