Os coletores de lixo de São Vicente e Praia Grande, no litoral de São Paulo, continuam em greve. Os trabalhadores protestam porque as empresas não estão cumprindo uma determinação da Justiça.
Os sacos de lixo se acumulam nas duas cidades desde segunda-feira. Em menos de 40 dias, esta é a segunda greve dos coletores. De acordo com o sindicato da categoria, as empresas não cumpriram a determinação do Tribunal Regional do Trabalho. A Justiça estabeleceu um reajuste salarial de 12,5% e que os 14 dias que ficaram parados na greve do mês passado não fossem descontados. "Essa paralisação é pelo descumprimento da empresa. Descontaram 14 dias. Nós temos trabalhadores de todas as cidades que nós representamos que estão sem salário desde maio. Tem trabalhador que recebeu apenas R$ 100. Não aplicaram o reajuste de 12,5% nos salários e benefícios", afirma Paloma dos Santos, presidente do Sindilimpeza.
Enquanto a situação não é resolvida, as prefeituras improvisam para dar conta do lixo. Em uma das ruas de São Vicente, onde teve feira livre, a limpeza foi feita pelos funcionários da Codesavi. Os moradores aproveitaram os caminhões para jogar o lixo que se acumulou na porta das casas. Em alguns casos, os sacos já estavam abertos e o lixo ficou espalhado pela rua. "Essa rua ficou o verdadeiro inferno. Apareceu muito bichinho, rato, barata. O pior é que entra para dentro de casa. É um sufoco", explica o aposentado Juvenal Bueno de Araújo. "O mau cheiro entra todo para dentro de casa, principalmente, quando chove e enche a rua, vai tudo para dentro de casa", reclama a faxineira Ijuara de Araújo Bittencourt.
Lixo acumulado em São Vicente(Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Em Praia Grande, os coletores também estão em greve. Os funcionários da Secretaria de Serviços Urbanos estão circulando com caminhões e tratores na cidade para recolher o lixo. Mesmo assim, ainda há sacos de lixo em várias partes da cidade. O problema incomoda os moradores e também comerciantes. "Nós trabalhamos com comida, com bebida. Como é que eu vou vender um produto meu se o cara chega na minha porta e vê que não consigo nem se livrar do que eu tenho. É vergonhoso para um comerciante. Não tem como", diz o comerciante José Vilberto Rabelo.
Por outro lado, Rafael Pereira da Silva, o diretor do Sindlimpeza, explica que os coletores acabam encontrando muitas dificuldades, o que dificulta o trabalho diário e acaba provocando as greves. "É dificil correr atrás do caminhão no Sol e na chuva. Chega no dia do pagamento, a empresa não quer saber do trabalhador, só quer saber do lucro. Lucro todo mundo quer. Mas, o que custa dar o salário digno. Nós cumprimos os 70%, porque a empresa não cumpre o que foi determinado pela lei?", questiona ele.
Segundo a Terracom, o pagamento dos dias parados vai ser feito nesta quinta-feira (10) aos trabalhadores de São Vicente. Já a prefeitura de Praia Grande disse que notificou a empresa Ecopraia, que prometeu voltar ao trabalho também nesta quinta-feira. A coleta da cidade está sendo feita pelos trabalhadores da Secretaria de Serviços Urbanos da cidade. O sindicato da categoria afirma que os coletores só voltam ao trabalho após o dinheiro ser depositado.
