Não é exagero afirmar: a Chapada Diamantina tem o poder de mexer com os sentidos. Quem visita a região da Bahia, não volta apenas encantado, mas atento. E convicto de como é importante preservar o patrimônio.
As reservas de diamante já se esgotaram, mas o valor de tanta beleza não se consegue calcular. Além da paisagem, o povo também faz parte dos melhores cartões postais da Chapada.
Dona Maria Emília, dona de casa: Olha, este prato foi eu que inventei!
Globo Repórter: Moqueca de jaca? Nunca tinha ouvido falar.
Dona Maria Emília: Aqui a gente já fazia tudo com jaca.
Globo Repórter: Prato curioso! Fruta doce com tempero salgado. É só a jaca mesmo?
Dona Maria Emília, dona de casa: A jaca, o leite de côco, dendê, cebolinha.
Foi com um banquete delicioso e bem original que dona Emília recebeu a equipe do Globo Repórter. E na cozinha da casa dela, nos apresentou a mãe, dona Francelina, dona França, como ficou conhecida. Noventa e quatro anos de muita sabedoria.
Globo Repórter: Essa carne está com uma cara boa, dona Francelina. E a senhora gosta de cozinhar?
Dona Francelina de Oliveira, 94 anos: Gosto, toda a vida eu cozinhei.
Mas tem uma coisa de que Dona França gosta muito mais: conversar com Deus.
“Eu falo assim: ‘Ó meu Deus, enquanto eu estiver sabendo o que é que eu estou fazendo, enquanto eu estiver com a minha mente boa, pode me deixar mais uns dias’. Mas a hora que eu não estiver mais sabendo como, onde eu estou, ele pode me levar”, disse dona Francelina.
Duas semanas depois da visita do Globo Repórter, dona Francelina nos deixou. Do jeito que desejava: subitamente, sem dar trabalho a ninguém. E toda a equipe guardou boas lembranças de uma senhora de 94 anos, lúcida e alegre. Foi um prazer conhecer a Dona França e sua família.
E com o sabor de uma aventura inesquecível, nos despedimos da Chapada Diamantina. Parte de um Brasil que nos enche de orgulho e de vontade de voltar.