Edição do dia 26/03/2015

26/03/2015 14h10 - Atualizado em 26/03/2015 14h16

Unidades públicas de saúde registram falta de pediatras e ortopedistas

Jornal Hoje percorreu hospitais em seis capitais brasileiras.
As duas especialidades são as que mais sofrem com a falta de médicos

Giovana DouradoGoiânia

A falta de pediatras e ortopedistas é um dos principais problemas enfrentados por quem busca atendimento nas unidades públicas de saúde. O Jornal Hoje percorreu seis capitais brasileiras e encontrou pacientes que se queixam do mau atendimento e das filas de espera por uma cirurgia.

O filho da dona de casa Maria de Lourdes Santos quebrou a perna, mas ele ainda não sabe quando vai ser operado no Hospital de Urgências de Sergipe. “Até agora nada. Só lá na cama gemendo de dor e nada, não sabe que dia vai resolver", lamenta a mãe.

Outros 33 pacientes com fratura exposta esperam por cirurgia. A demora chega a 15 dias e ainda há 26 pessoas no pronto socorro com fratura no fêmur. Em Natal, a espera por uma cirurgia ortopédica também é longa. Mais de 650 pacientes estão na fila e a Secretaria de Saúde espera atender todos em três meses.

Em Cuiabá, 120 pessoas precisam de uma cirurgia ortopédica. No Tocantins, a Justiça determinou que o governo zere a fila nos próximos 20 dias. Cento e três pessoas aguardam pelo procedimento, a maioria em enfermarias e leitos improvisados nos corredores do maior hospital público do estado.

“Assim que eu cheguei escutei que faltava médico, que tinham entrado em greve e o pessoal dos outros municípios vinham tudo pra cá. Agora, diz que falta os instrumentistas”, relata o estudante Antônio Pereira Lima.

Em outras capitais, o problema é a falta de pediatras. Em Vitória, os pais superlotam os hospitais do estado porque não encontram pediatras nas unidades municipais. Muitos voltam para casa sem conseguir médico. O Governo fez um concurso em 2013, mas das 64 vagas, só 42 foram preenchidas.

Ser atendido por uma pediatra nos postos de saúde de Goiânia também não tem sido nada fácil. “Chegamos lá e não tinha medico, nem quiseram atender a gente”, conta o entregador Marcelo de Sousa Egues.

O retrato disso é a situação do principal hospital público de pediatria de Goiás, de responsabilidade do estado. A recepção e os corredores estão entupidos. Os corredores também são usados como enfermaria. Trinta e sete crianças estão a espera de um leito. A sala de reanimação foi transformada em UTI e já está superlotada.

“Se chegar aqui agora nós vamos colocar o menino em cima dessa mesa. Já fizemos isso muitas vezes”, diz a chefe da pediatria, Tania Maria de Carvalho. A direção do hospital diz que prefere receber os pacientes mesmo que de forma precária para não deixar as famílias voltarem para casa sem atendimento. Ministério Público, estado e município se reúnem, nessa quinta-feira (26), para tentar uma solução.

A Secretaria de Saúde de Goiânia disse que está preparando um pacote de medidas para desafogar o Hospital Materno Infantil. O Hospital de Urgência e a Fundação Hospitalar de Sergipe afirmaram que já conseguiram reduzir a fila de espera por cirurgias ortopédicas, que já foram ainda maiores em anos anteriores.

A Secretaria de Saúde de Cuiabá informou que está programado um mutirão de cirurgias a partir de maio para diminuir a fila. O Secretário de Saúde do Tocantins disse que vai cumprir a medida judicial fazendo um remanejamento dos pacientes para vários hospitais do estado.   

Para amenizar a falta de pediatras, o governo do Espírito Santo disse que está aumentando o número de vagas para residentes e estagiários.