Rio

Livro conta a história da Vista Chinesa sob os olhares de 17 personagens

Obra mostra como anônimos e famosos interagem com o espaço

Beleza nublada. Mulher se exercita na Vista Chinesa: publicação tem imagens inéditas, algumas do século passado, e crônicas
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Márcia Foletto
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O Globo
Beleza nublada. Mulher se exercita na Vista Chinesa: publicação tem imagens inéditas, algumas do século passado, e crônicas Foto: Márcia Foletto / O Globo

RIO - Quem pedala, caminha ou corre pela Vista Chinesa — ou pretende incluir o passeio em seus próximos roteiros — deveria ficar atento não apenas à beleza do Alto da Boa Vista, mas à riqueza das histórias dos frequentadores da trilha urbana que rasga a Floresta da Tijuca. É o que sugere o livro “A vista do Rio – Histórias e personagens da Vista Chinesa”, publicação de quase 200 páginas que homenageia 17 pessoas que podem ser encontradas por aquelas curvas.

Escrito por dois apaixonados pelo ponto turístico, Gustavo da Rocha Lima e Luiza Mussnich, em coautoria com o fotógrafo Alex Ward, o livro, lançado esta semana, mostra a diversidade humana que se exercita, trabalha ou simplesmente se deixa levar pelo cenário: há um padre ciclista que passa a mil por hora, irreconhecível sem a batina; um policial do Bope, que corre, orgulhoso, com a camisa oficial da corporação; atletas, aposentados e famosos, como o ator Rodrigo Hilbert e o músico Dado Villa-Lobos.

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A primeira parte do livro remonta à memória do lugar e prepara o leitor para as crônicas. Coube à pesquisadora Patricia Pamplona apresentar dados históricos e curiosidades, além de fotos inéditas produzidas desde 1890.

— Ela fala da ligação da região com a imigração chinesa, do espaço como área de lazer do imperador Pedro II e da elite, da inauguração do mirante e a escolha da Vista como cenário de filmes nacionais e estrangeiros — conta Lima.

Fotos antigas mostram imagens da Vista Chinesa e da Praça Afonso Viseu, no início do século XX. Na inauguração do pavilhão da Vista Chinesa, em 1903, o prefeito Pereira Passos levou o presidente Rodrigues Alves, junto com ministros, generais e políticos para realizar um passeio no local.

De acordo com os autores, a Vista Chinesa já levava este nome muito antes de o pavilhão ter sido construído: a origem seria um pequeno acampamento de chineses (o Rancho dos Chinas), no início da década de 1810. Na segunda parte do livro, os autores se juntaram ao fotógrafo Alex Ward, figurinha conhecida da região, e selecionaram alguns dos muitos rostos que costumam ver por ali.

Entre os entrevistados, além de Hilbert e Dado Villa-Lobos, estão o aposentado que sobe lendo, que depois descobriram ser Jayme Buarque de Hollanda, primo de Chico Buarque, a atleta Dani Genovesi e a jornalista Renata Ceribelli.

Entre pesquisa, produção e edição, foram nove meses de trabalho. Segundo Lima, a rapidez do resultado reflete o envolvimento do trio com a via. Ele, por exemplo, é um ex-executivo que decidiu mudar o estilo de vida e incluiu as pedaladas em sua nova rotina. Luisa é uma triatleta que treina por ali e Alex Ward ganha a vida clicando o vaivém e a natureza.

— Eu me inspirei no livro “Anônimos famosos”. Mas a ideia é mostrar que, além dos personagens, vimos que ali existem coisas como o Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada); um grupo de geografia da PUC, que estuda a mata; e histórias de superação, de pessoas que usaram o ciclismo para curar a depressão. Pensamos até em fazer um nova edição — diz Lima.