Rio Bairros

Igrejas católicas da Tijuca tombadas como patrimônios cariocas se tornaram ícones do bairro

Templos guardam relíquias históricas para a cidade

Interior da Igreja dos Capuchinhos
Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Interior da Igreja dos Capuchinhos Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Entre os diversos símbolos urbanos da Tijuca, as igrejas católicas ocupam um lugar especial na memória afetiva, cultural e histórica dos tijucanos, independentemente de religião. Algumas são, inclusive, tombadas como patrimônios cariocas. Por isso, em quase todos os casos a importância dos templos ultrapassa as fronteiras do bairro, que está fazendo 258 anos.

É o exemplo do Santuário Basílica de São Sebastião Frades Capuchinhos, a popular Igreja dos Capuchinhos, na Rua Haddock Lobo, que mês passado completou 70 anos como paróquia. Lá se encontram peças que remetem ao período da fundação do Rio de Janeiro, como explica o frei Arles Dias de Jesus:

— Por meio de uma lei de 1965, os capuchinhos se tornaram os guardiões das relíquias da cidade. Estamos com a pedra que é o marco da fundação do Rio, com o corpo de Estácio de Sá (1520-1567) e as imagens de São Sebastião, a original do século XVI e a réplica.

Os frades capuchinhos já estavam instalados no Rio de Janeiro desde 1840. A igreja, originalmente, foi construída no Morro do Castelo, no Centro. Porém, ele foi destruído em 1922 pelo prefeito da então capital federal Carlos Sampaio, para promover uma reforma urbanística na região.

— A reconstrução da igreja na Tijuca começou naquele mesmo ano, 1922, e só terminou em 1931. Em 1947, fomos elevados à condição de paróquia. Em 2014, abrindo as comemorações para os 450 anos da cidade, nós nos tornamos santuário. Já em 2015, o Papa Francisco elevou a igreja à condição de basílica menor de São Sebastião — resume o frei Arles.

— A Igreja dos Capuchinhos é um templo religioso de especial interesse afetivo para os tijucanos e os cariocas. Somos também uma espécie de museu, onde está guardada a nossa História — completa o religioso.

Pelo lado social, o frei destaca uma novidade: no último dia 26, foi inaugurado, em anexo ao templo, o Espaço Capuchinhos, um local para festas de casamento e aniversários, no estilo cerimonial. Curiosamente, no templo aconteceu a primeira apresentação de Tim Maia, em 1956. Um dos filhos mais ilustres do bairro, na época, além de frequentar a igreja, integrava o conjunto Os Tijucanos do Ritmo.

Igualmente simbólica, a Igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho é a mais antiga do bairro. Sua primeira capela foi erguida em 1567, a pedido de Mem de Sá, então governador-geral do Brasil, ao lado do Rio Trapicheiro. Na época, o local era propriedade dos padres jesuítas.

O templo chegou a ser reconstruído em 1795. Entre 1805 e 1815, recebeu paredes de pedra e cal. Passou por nova reedificação em 1870, com dinheiro doado pelo Duque de Caxias. Entre 1908 e 1914, a igreja foi ampliada.

Projetada em forma de cruz, perdeu um dos braços na última grande intervenção sofrida, devido às obras da atual estação de metrô São Francisco Xavier, na década de 1970.

O marco religioso mais antigo do bairro, assim como a Igreja dos Capuchinhos, também guarda suas relíquias. Lá está abrigado, por exemplo, um fragmento ósseo de São Francisco de Assis, doado pelo Papa Pio XI em 1931, ano em que a igreja foi vinculada à Basílica de São João de Latrão, em Roma. Outro destaque do acervo é a imagem de Nossa Senhora das Dores, trazida da Europa e pela imperatriz Thereza Cristina, mulher de Dom Pedro II. Ainda mais remota é uma pia batismal de mármore, trazida em 1627 da França por jesuítas. É considerada a mais antiga ainda utilizada na cidade.


Igreja de São Francisco Xavier é a mais antiga do bairro
Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Igreja de São Francisco Xavier é a mais antiga do bairro Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Já na Rua Conde de Bonfim, duas igrejas se destacam pela imponência, em meio a uma das vias mais movimentadas da região: a Matriz dos Sagrados Corações e a Maronita Nossa Senhora do Líbano.

A primeira foi inaugurada no dia 16 de março de 1952. Já a segunda surgiu quando o cardeal Dom Sebastião Leme convidou os missionários libaneses maronitas padre Elias Ghorayeb e padre Gabriel Zaidan para se transferirem para o Rio. Em 1932, eles conseguiram uma casa na Rua Conde de Bonfim. Em 1946, por intermédio de um decreto do cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, foi criada a paróquia maronita de Nossa Senhora do Líbano. Cinco anos depois, diante de Câmara e do presidente Getulio Vargas, inciaram-se as obras para a construção do templo, concluídas em 1960.

Em outra das principais ruas da Tijuca, a Barão de Mesquita, encontra-se a Igreja Matriz de Santo Afonso Maria de Lignori, conhecida simplesmente como Igreja de Santo Afonso, com seu estilo neogótico e que foi inaugurada em 1907.

Na Rua Mariz e Barros, a Matriz Basílica de Santa Teresinha do Menino Jesus foi a primeira no mundo inaugurada (em 1925) em homenagem à santa. Sua arquitetura também é diferenciada: foi inspirada em um convento francês de Liseux, cidade onde Santa Teresinha viveu.

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