27/08/2014 20h06 - Atualizado em 27/08/2014 20h59

Jovem suspeita que esposo colocou agulhas no corpo da filha de 3 anos

Quitéria Santos disse que marido fazia ritual para afastar demônios.
Menina relatou agressões e apontou padrasto como autor.

Do G1 AL com informações da TV Gazeta

Em entrevista para TV Gazeta, a jovem Quitéria dos Santos, mãe da criança de 3 anos vítima de maus-tratos que está com agulhas pelo corpo, disse que suspeita que o padrasto da menina seja o responsável pelas agressões. Segundo ela, o companheiro, identificado apenas como Ronaldo, não gostava da criança e costumava bater com frequência na menina.

"Ele costumava colocar ela de castigo e batia muito. As agulhas eu nunca vi ele colocando. Mas vi ele acendendo velas pela casa e escutei o amigo dele dizendo que se fosse preta ou de outra cor era melhor. As velas eram para afastar a sombra preta que estava dentro da menina", relatou Quitéria ao negar participação nas agressões e assegurar que ela mesma já havia retirado algumas agulhas das costas da filha.

Denúncia e investigação
O Conselho Tutelar de Jacaré dos Homens, município do Sertão de Alagoas, averígua um caso de maus-tratos contra uma criança de Atalaia. Após denúncias anônimas, a menina de três anos foi encontrada na casa da tia com uma hematoma no olho esquerdo. Exames realizados na criança também constataram que ela tinha três agulhas espalhadas pelo corpo.

O conselheiro José Carlos Ferreira conta que a tia, cansada de ver a menina sendo vítima de maus-tratos, levou a criança de Atalaia, onde vivia com a mãe e o padrasto, para Jacaré dos Homens, em uma tentativa de resgatá-la. "Quando chegamos lá vimos que a menina estava com o olho machucado e ela relatou também que tinham cortado o cabelo dela. Perguntamos quem tinha feito isso e ela respondeu que foi padrasto", relata o conselheiro.

Ainda segundo o conselheiro, a mãe da criança foi dias depois para a Jacaré dos Homens e contou que já havia retirado do corpo da menina algumas agulhas que estavam sob a pele. Questionada pelo conselheiro quem tinha feito isso, a mulher se isentou. "Ela disse que só moravam os três e que não tinha sido ela e só poderia ter sido o marido, padrasto da menina", ressalta.

Após o relato, o Conselho Tutelar pediu um exame de corpo de delito ao Instituto Médico Legal (IML) e um raio-x do abdômen da criança, em uma clínica de Arapiraca. O resultado saiu na segunda-feira (25) e foi constatado que agulhas estavam no corpo da criança. "Havia três agulhas no corpo da criança e junto com a Secretaria de Saúde solicitamos uma consulta urgente", explica Ferreira.

Radiografia mostra agulhas no corpo da menina de 3 anos  (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Radiografia mostra agulhas no corpo da menina de
3 anos (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

A criança passou pela Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca na terça-feira (26), mas o médico que atendeu a garota disse que não havia necessidade, por enquanto, de cirurgia. "Disseram para gente que não era necessário retirar as agulhas e que a criança poderia ficar anos sem sentir nada ou ter uma complicação em meia hora", relata o conselheiro.

Por conta da informação passada pelo médico, o Conselho Tutelar disse que irá buscar uma outra opinião. "A menina chora muito de dor e isso não deve ser normal, por isso vamos procurar uma segunda opinião médica", diz José Carlos Ferreira.

A reportagem do G1 entrou em contato com a delegacia de Atalaia que está a frente do caso, já que a menina foi vítima de maus-tratos no município. Entretanto, o delegado Dalmo Lima não estava na delegacia e os agentes não tinham informação sobre o caso até a publicação desta reportagem.

Sobre o médico que atendeu a menina, a assessoria de comunicação da Unidade de Emergência do Agreste disse que não estava sabendo do caso e que iria averiguar para só após se posicionar.

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