Rio

Cedae: não há risco de falta d’água na Região Metropolitana do Rio

Problemas podem acontecer em locais abastecidos por mananciais isolados

RIO - O Rio de Janeiro vive a maior estiagem em 50 anos. Segundo o presidente da Cedae, Wagner Victer, no entanto, a Região Metropolitana não corre o risco de ter o abastecimento de água prejudicado. De acordo com Victer, problemas podem acontecer em locais que são abastecidos por mananciais isolados, como é o caso de Paraty, Paty do Alferes e alguns distritos de Valença.

— Não há risco de desabastecimento na Região Metropolitana, que engloba a cidade do Rio, a Baixada Fluminense e Niterói, pois é um sistema que não trabalha com represas, como as principais fontes de outros estados. Na capital e na Baixada, ao contrário, estamos levando água para outros locais, como aconteceu hoje, quando inauguramos o sistema da Pedra de Guaratiba e na semana que vem vamos inaugurar o complexo do Turano e o Guarabu, na Ilha do Governador, além do complexo de São Carlos que foi inaugurado ontem — explicou.

Ainda segundo Victer, a Região Metropolitana do Rio é abastecida pela Estação do Guandu, que obteve registro do Guiness Book of Records como maior do mundo, com produção de 43 mil litros por segundo. Atualmente, de acordo com a Cedae, está produzindo em pico 45 mil litros por segundo, o que é além de sua capacidade.

— Em relação ao Rio Paraíba do Sul, a operação tem sido conduzida de maneira correta pela Agência Nacional de Águas (ANA), já que é um rio federal, e certamente não haverá qualquer modificação que venha a afetar o abastecimento do Rio de Janeiro — confirmou Victer.

Em sabatina promovida na tarde desta quinta-feira pelo GLOBO, o governador Luiz Fernando Pezão admitiu a possibilidade de o Rio de Janeiro sofrer com falta d’água, caso não chova nos próximos 30 dias. Ele disse que o sistema de Ribeirão das Lajes ainda garante o abastecimento “por uns 30 dias”.

De acordo com o secretário estadual de agricultura, Alberto Messias Mofati, os prejuízos por causa da estiagem ainda estão sendo contabilizados, mas a secretaria já teve informações sobre redução de cabeças de gado em locais como Itaperuna, São Francisco de Itabapoana e São Fidélis. Além disso, também já houve perdas na produção de leite, hortaliças e frutas. Em Campos, a estimativa é de que a produção de cana de açúcar tenha sofrido uma redução de cerca de 30%, uma vez que a expectativa de produção era de 2,5 a 2,8 milhões de tonelada e o volume, segundo as primeiras informações, chegou a apenas 2 milhões.

— O problema é que as chuvas do último verão foram muito poucas, não conseguimos fazer uma boa reserva. E agora, que seria o momento de chover novamente, também não veio nada. A estiagem, normalmente, acontece de maio a agosto. Os produtores rurais sabem disso e se preparam para isso. Estamos quase no final de outubro e nada de chuva. Estamos torcendo e rezando para que venham as chuvas. Se continuarmos assim pelos próximos 30 dias, a situação vai ficar bem complicada, vamos ter que pensar em importar comida para o gado do Sul, por exemplo, e isso significaria um gasto que não conseguimos nem mensurar agora —apontou o secretário, que informou ainda que o grande problema também se dá pelo fato de a estiagem atingir outros estados da região Sudeste, como São Paulo, Minas Gerais e Belo Horizonte.