27/01/2015 16h07 - Atualizado em 27/01/2015 17h34

'Sereias do Cantareira' faz marchinha e clipe contra falta de água em SP

'Quem vai Alckmizar água de esgoto por aí?', ironiza a canção.
Novo bloco será lançado no dia 7, na Rua Gravataí, no Centro.

Lívia MachadoDo G1 São Paulo

Inspirado no drama da crise hídrica, um grupo de 11 amigos paulistanos criou uma marchinha de carnaval durante viagem de férias, no começo do mês. Produziram um clipe para a canção, lançado nesta segunda-feira (26) no YouTube, e pretendem participar do concurso de marchinhas do já consolidado bloco "Nois Trupica Mais Num Cai". A disputa ocorre neste sábado (31), na Praça Victor Civita, na Zona Oeste.

O protesto travestido de humor também será transformado no bloco independente “Sereias do Cantareira”, que estreia no dia 7 de fevereiro, na Rua Gravataí, no Centro.

“Começou com uma brincadeira pensando na sereia, que estaria encalhada no Cantareira, e aí fomos desenvolvendo a ideia”, explica o artista visual Bruno Ferreira, de 28 anos, uma das 11 cabeças criativas.

Segundo ele, o novo bloco quer unir folia ao problema do abastecimento. "A gente não pode esquecer, mesmo sendo carnaval, que a Canteira está secando. Todos nós já passamos por falta de água em casa, é um problema do nosso cotidiano", lamenta.

'Sereias do Cantareira' transforma o problema da falta de água em marchinha de carnaval  (Foto: Divulgação/Sereias do Cantareira )'Sereias do Cantareira' transforma falta de água em marchinha. (Foto: Divulgação/Sereias do Cantareira)

A ideia ganhou (ainda mais) graça na sanfona do compositor e cantor Marcelo Jeneci, também fundador do bloco. Na letra, o sobrenome do governador de São Paulo dá origem a um irônico neologismo: “Quem vai Alckmizar água de esgoto por aí, do M´Boi Mirim até U do Morumbi?”, questiona a canção.

Para gravar o clipe, dois dos idealizadores saíram em uma espécie de expedição até o reservatório que dá nome à marchinha. Na última sexta-feira (23), o arquiteto e fotógrafo Flávio Raffaelli, de 27 anos, e a diretora de arte Joana Brasiliano, de 28 anos, percorreram a região de Piracaia, Nazaré Paulista, e Bragança Paulista. Na data, Joana, que faz uma das vozes na canção, assumiu o papel da metafórica sereia “seca”.

“Eles foram de carro, conversando com as pessoas, vendo que a represa está realmente muito seca, e que a água vai mesmo acabar. Decidimos fazer uma coisa bem humorada, que as pessoas realmente vissem, e trazer o tema para o carnaval”, relata Bruno Ferreira. O material foi editado de forma coletiva e em poucos dias já catapultou divulgação nas redes sociais.

Clipe foi gravado na região de Piracaia, Nazaré Paulista, e Bragança Paulista (Foto: Divulgação/Sereias do Cantareira)Clipe foi gravado na região de Piracaia, Nazaré Paulista, e Bragança Paulista (Foto: Divulgação/Sereias do Cantareira)

Para a estreia nas ruas do Centro, os amigos devem criar figurinos relacionados à falta de água. "A gente queria fazer umas fantasias temáticas e levar para o bloco todos os personagens da crise. Teremos a direção da Sabesp, o governador Geraldo Alckmin e vamos improvisar um caminhão pipa de mentira", destaca Ferreira.

Com mote ativista, o grupo já vislumbra vida longa ao bloco, e planeja os temas dos próximos anos. A ideia, de acordo com os fundadores, é sempre transformar os problemas da cidade em marchinhas. Assunto, portanto, é o que não deve faltar.

"Acho que é mais do que continuar com esse tema, a proposta é trazer as questões cotidianas que vivemos em São Paulo para o carnaval: Lava Jato, Homofobia Não, Trânsito, entre outros. Há muitas opções", garantem.

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Anotação da marchinha criada pelo grupo durante viagem de férias  (Foto: Divulgação/Sereias do Cantareira)Processo de criação da marchinha criada pelo grupo durante viagem de férias (Foto: Divulgação/Sereias do Cantareira)

 

 

 

 

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