14/12/2014 14h00 - Atualizado em 14/12/2014 14h00

Jovens criam projeto para revelar histórias de desconhecidos

‘Teresina Invisível’ traz relatos de pessoas que passam despercebidas.
Criado há pouco mais de um mês, comunidade tem 2 mil seguidores.

Patrícia AndradeDo G1 PI

THE Invisível - Perfil Facebook (Foto: Rede Social)Página no Facebook traz várias histórias (Foto: Rede Social)

Um projeto recém-criado por jovens de Teresina tem levado histórias emocionantes de pessoas que passam despercebidas diante do ritmo frenético do dia a dia. A ideia, segundo o grupo, é mostrar que por trás do manobrista, do hippie que vende bijuterias na praça ou do pedinte que fica na esquina, existe uma história de vida. Criado há pouco mais de um mês, o perfil Teresina Invisível no Facebook e Instagram já atraiu mais de 2 mil seguidores.

Ivna Dias, Lorena Galdino, Maria Paula Martins, Maria Clara Ferreira, Zenon Ribeiro e Vitória Dias são os jovens responsáveis pelo projeto. O olhar sensível dos estudantes busca diariamente pelos “invisíveis”.

A intenção da divulgação em massa é mostrar que por trás daquela pessoa que já olhou seu carro, existe uma história e uma guerra pra vencer todos os dias. É quebrar preconceitos, os olhares maldosos, as difamações e o pensamento negativo contra elas"
Ivna Dias, integrante do projeto Teresina Invisível

“Geralmente são pessoas que passam despercebidas pela população, e a nossa vontade é, justamente, dar um pouco de cor à elas. Nós chegamos para conversar, trocamos ideias, nos conhecemos e depois falamos do projeto. Se ela concordar, fazemos a entrevista. Há resistência de muitos deles”, conta Ivna Dias, administradora dos perfis nas redes sociais.

São histórias como a de Raimundo, 34 anos, que há sete anos trocou a cidade de Araripina, no Pernambuco, pela capital piauiense que constam na página do Teresina Invisível. Raimundo é deficiente visual e toca violão, atividade que aprendeu sozinho. “Eu não toco como trabalho, toco porque gosto. As pessoas costumam me ajudar, me dão umas moedas e, no final, já dá pra comprar alguma coisa. Não uso isso como minha renda mensal, mas me ajuda bastante”.

Certamente muita gente já passou pelo calçadão da Rua Simplicio Mendes, no Centro de Teresina, mas nunca parou para ouvir a música de Raimundo. Assim como outras pessoas talvez não tenham tido a curiosidade em saber como Ivan, que é cadeirante, foi parar nas ruas. O homem hoje com 39 anos teve paralisia infantil. Casado e pai de gêmeas, Ivan tira o sustento da família com a ajuda que consegue na rua.

“É complicado viver em cadeira de rodas, você não faz ideia. Mas se eu tivesse tido essa oportunidade, eu, com certeza, trabalharia na área de computação. Acho bonito! Se você tem um obstáculo na sua frente, vá lá e enfrente. Nada nesse mundo consegue ser maior do que sua força de vontade”, disse Ivan ao perfil Teresina Invisível.

Os relatos dos personagens sobre suas histórias de vida são breves, porem marcantes e entram nas redes sociais sempre acompanhados de uma foto em preto e branco.

“A intenção da divulgação em massa é mostrar que por trás daquela pessoa que já olhou seu carro, existe uma história e uma guerra pra vencer todos os dias. É quebrar preconceitos, os olhares maldosos, as difamações e o pensamento negativo contra elas. É mostrar que elas são pessoas, são humanos e precisam de respeito, afeto e atenção como qualquer outro. As fotos em preto e branco é para se assemelhar a forma que muitas pessoas a enxergam: sem futuro, sem saída, sem vida e, até mesmo, sem existência. E, a partir da leitura feita da vida de cada uma, ela já começar a enxergá-la com cor”, explica Ivna.

O Teresina Invisível nasceu a partir de uma comunidade criada por dois jovens paulistas, a São Paulo Invisível.  A ideia foi ganhando “fãs” e hoje outras cidades como Florianópolis, Recife, Fortaleza, Goiânia e Campinas têm também perfis nas redes sociais para contar a história de seus “invisíveis”.

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