25/08/2014 20h34 - Atualizado em 26/08/2014 15h11

Rio Atibaia tem a pior vazão do ano e Sanasa recorre ao estado pela 4ª vez

Vazão do Rio chegou a 2,72 metros cúbicos por segundo no domingo (24).
Apesar da demanda ter superado oferta, Campinas afasta racionamento.

Do G1 Campinas e Região

Pedido de aumento da vazão foi confirmado durante debate sobre a crise hídrica, em Campinas (Foto: Edivaldo Alves / Prefeitura de Campinas)Arly de Lara Romêo confirmou pedido para elevar
vazão do Atibaia (Foto: Edivaldo Alves / Prefeitura)

O Rio Atibaia, responsável pelo abastecimento de 95% de Campinas (SP), atingiu, neste domingo (24), a pior vazão do ano na região, com o índice de 2,72 metros cúbicos por segundo. Segundo a assessoria da Sanasa, o fluxo mais baixo registrado anteriormente foi de 2,8 metros cúbicos, em fevereiro. Para evitar racionamento, a empresa solicitou ao governo do estado nesta segunda-feira, pela quarta vez em 2014, a liberação de um fluxo extra de um metro cúbico por segundo do Sistema Cantareira. A solicitação, feita ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), segundo a Sanasa, faz parte de um acordo para manutenção do índice de segurança na cidade.

No fim da tarde desta segunda, a vazão voltou a ficar abaixo dos três metros cúbicos por segundo. Por volta das 17h50, os medidores apontavam um fluxo de 2,95. A captação de água feita pela Sanasa para abastecer a cidade está em média em 3,1 metros cúbicos por segundo. Apesar desta demanda ser superior à oferta, o diretor técnico da empresa, Marco Antônio dos Santos, afirma que não houve prejuízos porque o nível real do rio na estação de captação em Campinas é um pouco superior ao indicado na medição oficial.

"Esta vazão [de 2,72 metros cúbicos no domingo] foi registrada em Valinhos, onde fica o ponto de medição oficial do governo. Devemos considerar, no entanto, que o Córrego Ribeirão Pinheiros contribui com quase um metro cúbico de vazão a mais no curso do rio de Valinhos até chegar em Campinas", explicou Santos. Na prática, então, segundo ele, a vazão no local exato de onde a Sanasa retira água para abastecer a cidade teria sido de 3,72 metros cúbicos no domingo.

Maior vazão
De acordo com o presidente da Sanasa, Arly de Lara Romêo, o pedido de acréscimo no fluxo para o Rio Atibaia foi autorizado nesta tarde pelo Daee, mas deve chegar às bacias do PCJ no prazo de cinco a sete dias. A reportagem entrou em contato com o Daee, mas a assessoria de imprensa do órgão não comentou o fato até esta publicação.

A mais recente liberação de água do Sistema Cantareira para a região de Campinas ocorreu há três semanas, enquanto que as demais ocorreram em fevereiro e junho. Segundo a Sanasa, um pedido para manutenção do índice de segurança foi feito pela Prefeitura, ao governo do estado, no início deste ano.

Ponto de captação de água do Rio Atibaia em Campinas (Foto: Lucas Gerônimo / G1)Ponto de captação de água do Rio Atibaia, em
Campinas (Foto: Lucas Gerônimo / G1)

Racionamento?
Embora o índice de vazão registrado domingo tenha sido inferior ao valor médio de captação, Santos afastou a hipótese de racionamento na cidade. Segundo ele, a duração ocorreu em curto período e a cidade possui um reservatório capaz de abastecer o município com 1,1 milhão de habitantes por seis horas. "Quando abaixa um pouco, nós paramos de captar e esperamos o rio melhorar para puxar de novo. Temos essa margem para operar o sistema", frisou o diretor.

De acordo com a Sanasa, Campinas economizou 20% de água desde que uma lei entrou em vigor para combater o desperdício. Atualmente, a cidade consome diariamente média de 9 milhões de metros cúbicos - valor suficiente para abastecer uma cidade com 360 mil habitantes por um dia.

Recursos contra a seca
Durante um debate sobre a crise hídrica na Sanasa, a relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direito ao Uso da Água e ao Saneamento, Catarina Albuquerque, mencionou exemplos de ações realizadas por países que apresentam limitação hídrica. Ela ressaltou que os governos têm obrigação de investir em infraestrutura, ainda que o período seja marcado por uma estiagem atípica. "Uma parte está fora do nosso controle, mas, por outro lado, existe uma forma de prever e uma obrigação de planejar. Foi usado o máximo de recursos para reagir a esta seca? Parece que não", destacou a relatora. O acesso à água potável foi reconhecido pela ONU, como direito humano, em julho de 2010.

Ao ponderar sobre racionamento de água, Catarina explicou que a medida pode ser válida, desde que seja aplicada de forma igualitária entre diferentes classes sociais, os moradores da cidade sejam avisados e a quantidade fornecida seja suficiente para consumo e higiene, portanto, garanta acesso ao recurso. "Aí não há privação dos direitos humanos", frisou ao destacar que a conscientização da população é imprescindível para amenizar a crise.

Água de reuso
O primeiro acordo para fornecimento da água de reuso foi assinado pela Sanasa, nesta segunda-feira. De acordo com o diretor comercial da empresa, Luiz Carlos de Souza, uma empresa do setor de empreendimentos imobiliários irá usar 100 mil litros por dia do produto para compactação de solos e terraplanagem. O contrato terá validade de um ano.

Atualmente, a Prefeitura recebe 300 mil litros de água de reuso para aplicar na manutenção de jardins, feiras livres e vias. Cada metro cúbico de água de reuso custa R$ 1,40.

 

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