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'Garçom' de Neymar pai na várzea e recusado no Santos. Conheça M. Fernandes

Marcelo Fernandes brilhou na várzea de Santos, onde jogou ao lado de Neymar pai - Divulgação/Santos FC
Marcelo Fernandes brilhou na várzea de Santos, onde jogou ao lado de Neymar pai Imagem: Divulgação/Santos FC

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

20/03/2015 06h00

Apesar de não ser um treinador renomado, Marcelo Fernandes, novo técnico do Santos, não “caiu de paraquedas” no futebol. Para chegar ao cobiçado cargo, Fernandes foi reprovado três vezes em peneiras do próprio time da Vila Belmiro, mas não desistiu. Destaque nos campos de várzea, ele despertou a atenção da Portuguesa Santista no início da década de 90, quando disputou pouco mais de dez partidas pela Briosa em uma divisão intermediária do Campeonato Paulista, até ser contratado para a equipe principal do Santos.

De Santos a Náutico, Marcelo Fernandes peregrinou por mais de dez clubes no Brasil. No entanto, após encerrar a carreira de atleta em 2003, Fernandes voltou a brilhar na várzea de Santos. Considerado um “meia clássico” nos campinhos do litoral paulista, ele conquistou muitos títulos e foi até “garçom” de Neymar pai em muitos campeonatos.  

“Eu era meia, nunca joguei de zagueiro na várzea, eu era meia-armador dos times. O pai do Neymar jogou no meu time, ele era atacante. Eu deixei o Neymar pai muitas vezes na cara do gol. Ele não era do meu time, no início, mas veio jogar com a gente, pois viu que não dava para ganhar da nossa equipe”, afirmou Marcelo Fernandes ao UOL Esporte.

O novo comandante santista é respeitado em diversos times de várzea da Baixada Santista. Entre eles: Juventude da Nova Cintra, Saldanha, Largo São Bento, Vaia de Abreu, Botafogo do BNH, todos de Santos, e Flor de Maio, de São Vicente.

“Conquistei oito vezes a Copa Brahma, sete pelo Flor de Maio e uma pelo Juventude. Sempre gostei de jogar na várzea”, disse.

Pelos amigos e adversários, Marcelo Fernandes carrega a fama de brigão e guerreiro dentro de campo, mas causava temor mesmo por seus chutes potentes. “Eu era de discutir, mas não de chegar a vias de fato”, alega Fernandes, que recebeu o apelido de “Zé do calo” quando jogava no Santos, devido aos chutes de três dedos.

Enquanto brilhava na várzea, Marcelo Fernandes já projetava seu futuro como técnico. Em 2010, quando conquistou um dos títulos da Copa Brahma, ele fez estágio com Alexandre Gallo, no Náutico. Em seguida, ingressou em alguns cursos da Federação Paulista de Futebol.

Um ano depois, Marcelo Fernandes foi convidado pela diretoria do Santos para trabalhar de “observador-técnico”. Ele tinha a função de assistir os jogos dos adversários e passar as informações para o então técnico Muricy Ramalho. No início de 2012, Fernandes foi promovido por Muricy e começou a trabalhar no campo, como auxiliar do atual comandante do São Paulo.

Muricy é uma espécie de tutor de Marcelo Fernandes. Os dois trabalharam juntos no Náutico, onde conquistaram dois Campeonatos Pernambucanos – em 2001 e 2002. Na equipe pernambucana, Fernandes era o capitão e líder de Muricy dentro de campo.

Entre a várzea e até chegar a comissão técnica do Santos, Marcelo Fernandes ainda foi o líder da equipe do Santos de Showbol, onde conquistou um Rio-São Paulo e um Campeonato Brasileiro. Fernandes era o responsável por convocar os atletas santistas. Entre eles: Robert, Axel, Paulinho Kobayashi, Carlinhos, Serginho Chulapa, Paulo Rink e companhia.

Em 2015, ano "abençoado" de Marcelo Fernandes, começou com ele resistindo aos cortes da nova diretoria, comandada pelo presidente Modesto Roma. Integrante da comissão técnica fixa do Santos, ele assumiu o time interinamente após a demissão de Enderson Moreira. Bastaram apenas dois jogos – contra Botafogo e Palmeiras – e o apelo de Robinho e companhia, para que a diretoria santista desistisse das contratações de Dorival Júnior e Vagner Mancini, e efetivasse Marcelo Fernandes no cargo. Depois da efetivação, ele ganhou mais duas partidas – contra Marília e Londrina.