Topo

Acabou a paciência do São Paulo com Pato. Mas há quem peça mais tempo

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

29/07/2014 06h00

Muricy Ramalho não vê mais tempo hábil na rotina de treinos, com dois jogos por semana, para fazer Alexandre Pato se adaptar a alguma das três funções possíveis no ataque. O retrato desse fim da paciência com o atacante é sua reserva desde a parada para a Copa do Mundo. Pato voltou do período sem jogos – só de treinos, quando teria de se adaptar – mais no banco do que nunca. Mas ainda há, no meio de uma avaliação interna negativa, quem acredite que Pato poderá render se ganhar chances consecutivas como titular.

Quando Pato foi contratado, Muricy afirmou que o atacante jogaria como falso 9 – sem centroavante, no lugar de Luis Fabiano – ou como segundo homem de frente, atrás do centroavante. A primeira alternativa nem foi testada porque Luis Fabiano vive bom momento em 2014, e Alan Kardec chegou logo depois. Na segunda, Pato teve desempenho razoavelmente bom na média, mas comprometeu a armação da equipe por obrigar a saída de Ganso de sua função original. Um ponto Muricy garantiu em fevereiro: Pato não jogaria ponta, posição na qual fracassou no Corinthians. Quase seis meses depois, Pato briga pelas vagas nas pontas do São Paulo.

Pato voltou da excursão aos Estados Unidos no banco de Ademilson. Nos últimos dias, Muricy Ramalho deu recados ao atacante que deixou o Corinthians na troca por Jadson. “É um talento. Eu o conheci muito pequeno no Internacional, e ele já era um talento. Sempre foi. Mas é claro que o jogador não pode ser só talento, e a gente teve o grande exemplo na Copa: grandes craques trabalharam muito para o time”, disse. “No futebol atual está se dando muita importância ao time, e é isso que ele precisa pensar: a palavra time é fundamental, e por isso é necessário trabalhar o tempo todo. É importante o cara correr sem a bola, e ele tem de entender isso. Talento ele tem, mas precisa colocar na cabeça que esse pensamento é fundamental. Você vê os grandes jogadores correndo 13 quilômetros por partida, ajudando sem a bola”, acrescentou.

O presidente Carlos Miguel Aidar prefere não fazer uma análise sobre o futebol de Pato. Afirma que esse não é o papel dele como dirigente, mas sim da comissão técnica. Afirma que não chegou ao São Paulo, diretamente ou pelo Corinthians – que detém os direitos econômicos do atleta – qualquer proposta do exterior que pudesse causar a ruptura antecipada do empréstimo. Pato assinou contrato com o São Paulo até o fim de 2015.

Na diretoria, ainda, há quem compactue com o que mostra Muricy Ramalho e aqueles que discordam, querem mais chances para o jogador. Não há, no entanto, qualquer crítica ao comportamento de Pato. Todos eles afirmam que a conduta do atleta é exemplar e que os problemas estão no campo, na incapacidade de se adaptar à disciplina tática. Parte dos dirigentes crê que o jogador, de fato, não cabe no time e se tornou um reserva de luxo. Outra parte gostaria de vê-lo como titular no lugar de Ademilson ou Osvaldo, para que pudesse mostrar no jogo, e não no treino, se de fato não pode atuar entre os 11.

Nesta quarta-feira, no entanto, Pato será titular. E provavelmente em função que ele não costuma fazer. Sem Luis Fabiano e Alan Kardec, que não pode jogar na Copa do Brasil, deverá ser centroavante contra o Bragantino, em Ribeirão Preto, na quarta-feira. Oportunidade para os que defendem mais chances ao jogador, mas comprometida pelo posicionamento.