24/10/2014 20h27 - Atualizado em 24/10/2014 20h27

Cinco suspeitos de envolvimento em adulteração de leite são liberados

Outras 11 pessoas seguem presas no Presídio Regional de Chapecó.
Ao todo, 16 suspeitos haviam sido presos na última segunda-feira (20).

Do G1 SC

Operação começou na manhã desta segunda-feira  (Foto: MPSC/Divulgação)Operação começou na manhã de segunda (20)
(Foto: MPSC/Divulgação)

Cinco suspeitos de envolvimento na adulteração do leite em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foram liberados pela Justiça. Segundo o juiz Kledson Gewehr, uma pessoa foi liberada na manhã desta sexta-feira (24), outra na quinta (23) e três na quarta (22). Outros 11 seguem presos no Presídio Regional de Chapecó, no Oeste catarinense.

O Ministério Público estadual (MPSC) deve concluir as investigações sobre o caso na próxima quarta (29) e o resultado dos trabalhos será entregue à Justiça. Ao todo, 16 pessoas haviam sido presas na última segunda (20) e foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão nos dois estados.

Donos e gerentes de laticínios e funcionários de transportadoras são suspeitos de fraudar a qualidade do leite adicionando produtos químicos, que maquiavam a validade original. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), as provas coletadas durante as apreensões e prisões serão analisadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Segundo o promotor de justiça Carlos Alberto Galdino, da comarca de Justiça de Quilombo, a investigação corre em segredo de justiça. Ele não descarta novas prisões durante o período e outros nomes de indiciados. O Mapa já contém algumas informações sobre indústrias, pois é o órgão responsável por licenciar o funcionamento das empresas e trabalhou em cooperação com a operação do Gaeco.

Material quimico foi encontrado em carro de transportadores (Foto: Gaeco/Divulgação)Material quimico foi encontrado em carro de
transportadores (Foto: Gaeco/Divulgação)

Produtos químicos adicionados ao leite
Segundo o promotor Simão Baram Júnior, da comarca de Justiça de Xaxim, que também trabalha no caso, as empresas verificadas realizaram adição de sódio puro, soda cáustica, citrato e peróxido sódio ao leite. Os produtos químicos, com alto teor tóxico, alteravam acidez e pH da bebida. Eles eram utilizados para maquiar a validade do produto.

Durante a operação 'Leite Adulterado III', foram flagradas situações "inusitadas". Um transportador de produtos de laticínio escondeu citrato de sódio, que era adicionado ao leite cru, dentro da máquina de lavar de casa. Outro envolvido despejou o material no banheiro para tentar eliminar provas durante o cumprimento dos mandados.

"Se você der um produto com alta concentração de citrato de sódio para uma criança ou idoso com insuficiência renal, é um veneno", esclareceu o engenheiro químico Jerônimo Luiz Friedrich.

Investigações
Esta investigação leva o nome de 'Leite Adulterado III'. Os nomes das empresas envolvidas ainda não foram divulgados. As duas primeiras foram 'Leite Adulterado I' e 'Leite Adulterado II', em 19 de agosto, no Oeste catarinense, nas quais 48 pessoas foram indiciadas. Destas, 22 foram detidas. Elas tinham envolvimento com duas empresas de laticínios investigadas pelo MPSC: Mondaí Ltda, em Mondaí, e Lajeado Grande - em Ponte Serrada e Lajeado Grande. Nas amostras de leite coletadas nas empresas, havia um número excessivo de bactérias e presença de substâncias químicas proibidas, como água oxigenada e soda cáustica.

Segundo o Ministério Público, há cerca de seis meses ocorrem investigações em laticínios. Cerca de 70 agentes do Gaeco e 12 fiscais do Ministério da Agricultura e Pecuária atuam na operação. Os trabalhos ocorrem em laticínios, queijarias, unidades resfriadoras e transportadores de leite, nos quais há denúncias de que  empresários e funcionários "supostamente estão falsificando, corrompendo, adulterando ou alterando o leite destinado a consumo humano, o que pode tornar o produto nocivo à saúde ou reduzir seu valor nutricional", conforme o Ministério Público.

Conforme as denúncias, eram misturados produtos químicos ao leite para mascarar o prazo de validade e aumentar a rentabilidade. As perícias químicas detectaram peróxido de hidrogênio (água oxigenada), citrato de sódio, polifosfato, hidróxido de sódio (soda cáustica), e outros, como a adição de água e soro de leite.

A carga bacteriana nos leites adulterados passava do padrão aceito pelo Ministério da Agricultura. Em testes com amostras de uma das empresas, cerca de 2 milhões de bactérias foram encontradas por mililitro de leite, quando o número máximo aceito pela entidade era de 300 mil.

No dia 19 de agosto, quatro lotes (54, 59, 67 e 71) da Mondaí foram retirados de circulação. Antes, no dia 12 do mesmo mês, a Vigilância Sanitária de Santa Catarina determinou a retirada do mercado do leite UHT integral da Lajeado Grande fabricado em 7 de junho de 2014. O produto era vendido para grandes indústrias no Paraná e São Paulo.

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