Política

Diretor de unidade de Pedrinhas é preso por suspeita de facilitar fugas

Valores pagos pelos presos a Cláudio Henrique Bezerra Barcelos podem chegar a R$ 300 mil

O diretor da Casa de Detenção (Cadet), unidade do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, Cláudio Henrique Bezerra Barcelos, de 45 anos, foi preso na manhã de hoje (15), acusado de facilitar fugas de detentos da unidade. De acordo com os delegados André Gossain e Thiago Bardhal, da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) – responsáveis pela prisão – Cláudio vinha sendo investigado desde junho passado.

O suspeito recebia dinheiro para liberar os presos, que continuavam aparecendo como internos do sistema prisional, mesmo estando livres, informaram os delegados. Ao menos 10 detentos estariam nessa condição. Os valores que teriam sido pagos pelos presos estão sendo apurados pela polícia, mas os primeiros levantamentos indicam que variavam de R$ 2 mil a R$ 300 mil.


Diretor foi preso nesta segunda-feira
Foto: Divulgação
Diretor foi preso nesta segunda-feira Foto: Divulgação

Cláudio Barcelos foi preso em seu gabinete, na própria Cadet, às 10h. Interrogado na Seic, teria admitido o esquema de facilitações de fugas, segundo o GLOBO apurou. O envolvimento no crime de outras pessoas ligadas ao diretor está sendo investigado.

O diretor foi indiciado por facilitação de fuga, prevaricação (quando um funcionário público deixa de cumprir propositalmente sua função) e corrupção ativa. Ele vai ficar preso preventivamente no quartel da Polícia Militar, no bairro do Calhau, em São Luís.

21º ASSASINATO

O detento Eduardo Cezar Viegas Cunha, de 32 anos, foi achado morto, esfaqueado e enrolado num lençol, numa cela da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), unidade de Pedrinhas, na noite de sábado (13). “Costinha”, como era conhecido, cumpria pena por roubo e receptação. Foi o 21o preso assassinado no sistema carcerário maranhense neste ano – o 14o só em Pedrinhas.

No ano passado, 60 detentos foram mortos nos presídios do estado, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ao menos quatro foram decapitados. Cenas filmadas pelos próprios presos em 17 de dezembro, comemorando as decapitações de três rivais em Pedrinhas, correram o mundo.

Após a séria crise que se instalou nas prisões do Maranhão, com os assassinatos bárbaros de presos e a morte, em 6 de janeiro, de uma menina de 6 anos – Ana Clara Santos Sousa, cujo ônibus em que viajava com a mãe e a irmã foi incendiado, a mando de criminosos presos em Pedrinhas –, medidas emergenciais foram tomadas pelo Estado e pelo Ministério da Justiça.

O ministério ajudou a governadora Roseana Sarney (PMDB) a conseguir vagas no presídio federal de Campo Grande (MS), para transferir 25 líderes de facções, e tornou a presença da Força Nacional (FN) duradoura no estado, por meio de seguidas prorrogações de permanência da tropa – enviada para fazer a segurança de Pedrinhas.

O caos no sistema prisional maranhense, no entanto, persistiu. Do plano emergencial – que previa, além da transferência de presos perigosos para presídios federais e a ajuda da FN ao Maranhão, a criação de um comitê gestor (gerido pela governadora), a criação de um mutirão de defensores estaduais e federais para analisar a situação de detentos e a construção de novas prisões, entre outras medidas – restaram poucos resultados eficientes.

O comitê e a gestão prisional batem cabeça: demoraram, por exemplo, quase um dia inteiro para recontar os presos do CDP e confirmar quantos haviam fugido na noite da última quarta-feira (10), quando uma caçamba (caminhão basculante), ocupada por criminosos e por um motorista rendido por eles, derrubou parte do muro do Centro de Detenção Provisória (CDP; unidade de Pedrinhas), facilitando a fuga de vários detentos.

Primeiramente, a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap), que faz parte do comitê gestor, informou que apenas 6 internos haviam fugido, para horas depois divulgar 36 fugas.

Até chegar à cena cinematográfica da caçamba sendo jogada contra o muro do CDP, as cadeias maranhenses viveram, de outubro de 2013 até este setembro, segundo levantamento do GLOBO, 21 assassinatos de presos, 4 decapitações, um esquartejamento (de Rafael Alberto Libório Gomes, 23, em 12 de agosto, em Pedrinhas) e 13 fugas (sendo que 84 detentos escaparam e apenas 14 foram recapturados).

OS 21 PRESOS ASSASSINADOS EM 2014 NO SISTEMA PRISIONAL DO MARANHÃO

1- Josinaldo Pereira Lindoso, 35

Encontrado estrangulado na manhã de 2 de janeiro, na cela 9 do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas. Tinha condenação por assalto.

2- Sildener Pinheiro Martins, 19

Morto a “chuçadas”, igualmente no dia 2 de janeiro, à tarde, também no Centro de Detenção Provisória (CDP), numa cela do Bloco Alfa. Acusado de assalto e homicídio. Sem condenação.

3- Jô de Sousa Nojosa, 21

Assassinado por enforcamento, com uma “teresa” (corda improvisada), no dia 21 de janeiro, na cela 7 do bloco D da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) de Pedrinhas. Tentou entrar com maconha e um celular, numa visita a um detento. Preso porque já havia um mandado de prisão contra ele, por porte ilegal de arma. Sem condenação.

4- Cledeilson de Jesus Cunha, 37

Assassinado por estrangulamento na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de Santa Inês (a 245 quilômetros de São Luís) em 22 de janeiro. Cumpria condenação por assalto e respondia também por participação no homicídio de Josinaldo Pereira Lindoso, no CDP de Pedrinhas, em 2 de janeiro.

5- Valdiano Fernandes da Silva, 27

Espancado no dia 26 de janeiro (domingo) por quatro presos, na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de Balsas (a 790 quilômetros de São Luís), morreu na terça (28 de janeiro), no Socorrão de Imperatriz. Estava preso por assalto. Sem condenação.

6- Joelson da Silva Moreira, 29

Joelson, conhecido como “Índio”, foi espancado no dia 7 de fevereiro (sábado), por outros detentos, na Delegacia Regional de Itapecuru-Mirim (a 120 quilômetros de São Luís). Foi trazido no mesmo dia para a capital e internado no Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão 2), com múltiplos ferimentos, em estado grave. Morreu na noite de quarta-feira (12).

7- João Francisco Diniz Pereira

Encontrado enforcado na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do bairro do Anil, na tarde do dia 26 de fevereiro, na cela 4 do Pavilhão Externo. Havia 6 presos na cela. João Francisco era acusado de assaltos e tráfico de drogas. Havia ingressado no dia 25 de janeiro de 2012 no sistema prisional maranhense.

8- Pedro Elias Martins Viegas, 31

Assassinado por enforcamento no fim da tarde de 1o de março, no Centro de Detenção Provisória (CDP - Pedrinhas). Preso por tráfico de drogas. Havia sido transferido do Centro de Triagem para o CDP há menos de uma semana.

9- Antonio André de Sousa Santana, 23

Assassinado com golpes de espeto de ferro, no peito e nas costas, no dia 24 de março, no Presídio Jorge Vieira, em Timon. O detento Leidiano Alves Feitosa, 31, confessou a autoria do crime. Leidiano disse que matou Antônio porque este teria roubado e furado com faca sua irmã, fora do presídio. O assassinato aconteceu na cela 1 do Pavilhão Alfa. Após ser atingido, Antônio correu para a área do banho de sol, para pedir ajuda, mas morreu ali.

10- João Altair Oliveira Silva, 18

Assassinado na tarde de 12 de abril, na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), unidade do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Tinha perfurações pelo corpo, provocadas por “chuços” (facas artesanais). O corpo de João Altair foi encontrado por monitores no corredor da unidade.

11- Wesley Sousa Pereira, 24

Achado enforcado no bloco D, cela 14, da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), unidade do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, na tarde de domingo, 13 de abril.

12- André Valber Costa Mendes, 25

Havia chegado na manhã de 14 de abril no pavilhão Delta do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas para cumprir pena de 26 anos por assalto. No fim da noite do mesmo dia 14, foi enforcado por outros detentos.

13- Laurêncio Silva, 26

Encontrado enforcado, na manhã de 17 de abril na cela 2 da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do Anil (que não faz parte do Complexo Penitenciário de Pedrinhas), em São Luís. A morte do preso teria ocorrido durante a madrugada, informou a Secretaria de Estado da Justiça e Administração Penitenciária (Sejap). Ele cumpria pena por tráfico de drogas.

14- Jean Araújo Pereira, 19

Morto por enforcamento, na tarde de 18 de maio, na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. A morte ocorreu na cela 9 do Bloco D da unidade. Sete presos que ocupavam a mesma cela foram transferidos para a Delegacia da Vila Embratel para serem investigados. Jean Araújo cumpria pena por assassinato.

15- Jhonatan da Silva Luz Ferreira, 20

Na manhã de 2 de julho, cerca de 11h, logo após a visita, o preso Jhonatan da Silva Luz Ferreira, o “Jocozinho”, de 20 anos, foi encontrado morto no bloco D da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), unidade de Pedrinhas, com sinais de espancamento e enforcamento. Jhonatan estava preso por porte ilegal de arma e havia chegado à CCPJ em 5 de junho.

16- Luís Abreu de Araújo, 19

Conhecido como “Moleque Doido”, Luís Abreu de Araújo foi assassinado na noite de 7 de julho, na cela 3, Pavilhão D, da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ). Ele foi morto a golpes de “chuço”. Pertencia à facção “Bonde dos 40”, uma das que atuam nos presídios maranhenses.

17- Rafael Alberto Libório Gomes, 23

Rafael havia desaparecido em 7 de agosto, da cela 10 do bloco A do Presídio São Luís 1, que faz parte do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Seu corpo foi achado cinco dias depois (12). O corpo estava esquartejado e enterrado em um saco plástico, numa área situada entre as celas 14 e 15 do mesmo bloco e na mesma unidade em que o preso desapareceu. O detento cumpria pena por homicídio qualificado.

18- Aleandro da Conceição Sousa

Conhecido como “Pequeno”, Aleandro cumpria pena por assalto à mão armada na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de Pedreiras (a 273 km de São Luís). Foi morto por policiais militares que tentavam controlar um motim na prisão, na madrugada de 23 de agosto.

19- Marcos Paulo Ramos Sales, 29

Assassinado por estrangulamento por outros presos, na noite de 27 de agosto, após uma briga na cela 5 do Centro de Triagem do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Ele foi morto no mesmo dia em que foi transferido do 1o Distrito Policial (Beira-Mar) para o Centro de Triagem. Respondia por assalto.

20- Thiago Costa dos Santos, 25

Morreu na manhã de 4 de setembro, atingido com um tiro na cabeça, durante um tumulto envolvendo duas facções criminosas na Penitenciária de Pedrinhas (PP), unidade do Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

21- Eduardo Cezar Viegas Cunha, 32

Foi achado morto, esfaqueado e enrolado num lençol, numa cela da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) de Pedrinhas, na noite de 13 de setembro. “Costinha”, como era conhecido, cumpria pena por roubo e receptação.