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Entrevista

'Tem regiões que as pessoas ainda acham que Claudinha está no Babado', diz Mari Antunes

Por Rafael Albuquerque

'Tem regiões que as pessoas ainda acham que Claudinha está no Babado', diz Mari Antunes
Com pouco mais de dois anos à frente do Babado Novo, a cantora Mari Antunes é só alegria. Depois de ter gravado um DVD em pleno 2 de Julho, dia da Independência da Bahia, com participação de Carlinhos Brown e Xande de Pilares, a artista, natural de Itabuna, lida com a expectativa para ver o material finalizado. Em entrevista ao Bahia Notícias, a jovem artista, oriunda da banda Sarypa, fala sobre o novo trabalho, a relação com os empresários, confessa que tem vontade de ser apresentadora de TV e comenta o motivo de o Babado Novo ainda não ter estourado nacionalmente. 
 

Bahia Notícias: Você gravou um DVD recentemente com dois convidados especiais. Como foi o processo de escolha e como eles receberam esse convite?
Mari Antunes:
Pelo fato de o DVD ter sido gravado lá no Pelourinho, a gente queria um artista que representasse bem a Bahia, pois a nossa intenção maior foi vender a baianidade para o Brasil e para o mundo. E aí coincidiu que Brown tinha me chamado pra fazer uma participação na música da Timbalada. Então a gente já tinha uma relação, já tinha ido para estúdio. A ideia do DVD veio logo após, e quando paramos para pensar foi a primeira ideia que veio à minha mente. Ele me acolheu demais e tem uma sensibilidade artística incomparável. Foi uma escolha minha. Xande de Pilares surgiu como convite da gravadora Som Livre. A gente queria colocar algo diferente, algo que fomentasse o Brasil em si, o samba. Mas isso era uma ideia interna. Quando a gravadora sugeriu nós topamos na hora.

BN: A ação da gravadora deve ter sido por conta da divulgação da carreira solo dele, que deixou o grupo Revelação.
MA: É, na verdade foi bom para ambos. Ele, na carreira solo, e a gente podendo colocar no DVD o grande artista que é Xande. Na hora que eu soube, se eu tivesse um rojão eu soltava de tanta alegria.

BN: E a escolha das músicas? 
MA: A que eu canto com Brown é uma composição dele chamada “Te amo família”, que todo mundo conhece. Ela fala muito desse acolhimento que é a família, o amor. Eu amo essa música. A de Xande de Pilares foi uma música feita pra ele, na verdade. A gente queria misturar um sambinha da Bahia com o samba do Rio de Janeiro, fazer uma mistura do partido alto com o samba de recôncavo. Como era uma música encomendada as coisas são mais difíceis, mas foi tudo fluindo e deu certo. No dia a gente estava no camarim passando a música e ficou show de bola.

BN: E como foi a escolha de todo o repertório?
MA: Olha, a maioria do nosso repertório é de inéditas. Claro que a gente relembra a história do Babado Novo com músicas que fizeram sucesso na época de Claudia (Leitte) e na época de Guga e Igor. As músicas foram escolhidas por mim e por meus empresários.
 
BN: Não é perigoso para um DVD você apostar em muitas músicas inéditas?
MA: É perigoso e não é. Na verdade, é como se a gente tivesse dando um tiro no escuro, mas também pode ser uma boa sacada. A gente quis mostrar a verdade, o que está acontecendo com o novo Babado, mas sem desvincular a história da banda em si. 
 
BN: Quais as regravações?
MA: De outros artistas, tem a de Brown, “Te amo família”, tem “Eu piro quando você passa”, da Diamba. Do Babado tem “Mãozinha”, “Bola de sabão”, “Me chama de amor”.
 
BN: Então teve bastante coisa do Babado antigo.
MA: Teve. A gente escolheu as consagradas e as que eu gosto bastante. Mas a maioria é de inéditas. 
 
BN: Durante a coletiva do Bloco Papa no ano passado, foi divulgado que a gravação do DVD estava prevista para acontecer em Porto Seguro. Porque mudou tudo de lá pra cá?
MA: A gravação ia ser em Porto Seguro, em outubro do ano passado, mas não aconteceu por conta de condições climáticas. Tocamos uma semana antes lá e tava um pé d’água. Aí tivemos que mudar tudo. No final das contas a gente sabe que Deus sabe o que faz. Quando foi abortada a ideia, voltamos para o zero. Em uma dessas discussões de quando realmente iria ser gravado o DVD, Manoel (Castro) resolveu trazer o DVD para Salvador. A gente gostou da ideia porque algumas bandas já tinham escolhido Salvador. Ivete já tinha feito, Saulo, o Cheiro. Todos valorizando nossa cidade. E teve uma reunião de empresários e eles disseram que seria bom criar essa “corrente do axé”, para valorizar nossa cidade. Então Manoel veio com essa ideia de fortalecer Salvador, o mercado e tudo mais.

BN: Mas de onde surgiu a ideia de gravar no Largo do Cruzeiro de São Francisco, no Pelourinho?
MA: Na verdade ainda não tínhamos decidido o local. Queríamos uma coisa mais diferente, aí veio o 2 de Julho. Manoel gostou da data porque já tem essa história de ser a Independência da Bahia. Aí ensamos, o que vamos fazer de diferente? Daí tivemos a sacada de fazer lá e ficou incrível com a igreja de fundo. Fizemos projeções na igreja, ficou maravilhoso. 
 
BN: Tem artistas que fazem sucesso fora e preferem gravar DVD em outros locais, pois não têm tanto público aqui em Salvador. Diante disso, como foi essa questão de público lá?
MA: Tem um pouco a ver com o nosso caso, porque a gente toca muito mais fora. A gente faz muito Minas Gerais, Tocantins, Amazonas etc. Quando pensamos em Salvador, teve também o lance de que aqui estava fervendo por causa da Copa. Temos alguns fã-clubes aqui e veio muito fã de fora também. Tinha bastante turista e tal. Nosso público foi muito misturado. Fora que era 2 de Julho e já tinha muita gente por ali. Tanto que não fizemos nem tanta divulgação porque ficamos com medo de o espaço não caber a quantidade de pessoas. Então, esse lance de público pra nós foi tranquilo, além de que foi um show aberto. 
 

 
BN: Nesse dia também choveu. Como deu para fazer a gravação?
MA: Na segunda música começou a chover, cair uma tempestade. Foi uma confusão para guardar tudo, esconder os equipamentos. No final, depois de quase uma hora e meia, todo mundo que estava vendo o show voltou para a área. A gente não tinha estrutura de cobertura justamente porque queríamos usar a igreja como cenário. Um momento marcante pra mim foi que quando começou a chover eu desci e fui para debaixo do palco. Tinha uns fãs na frente do palco que não saíram de jeito nenhum. De lá eu vi eles fazendo uma corrente de oração para parar a chuva. Lá embaixo, eu parei e pensei: “meu Deus, é da tua vontade que tenha esse DVD. Se for, que tire essa chuva. Se não, a gente grava amanhã”. O problema é que não dava para gravar no dia seguinte, porque a igreja é tombada e dependíamos de licenças e tal. No final das contas deu tudo certo e em umas duas horas e meia conseguimos gravar tudo. 
 
BN: Tem muito artista que vai fazer carreira solo por causa de divergência com os empresários. Mas pela sua fala percebo que vocês têm uma boa relação.
BA:  Minha relação é muito boa com eles, bem aberta, de cumplicidade, parceria e procurar ver o que é melhor. Com as loucuras do dia-a-dia algumas coisas acabam passando por cima. No DVD, por exemplo, eu fiz parte de tudo. A gente sentou, conversou, escolheu as músicas. Às vezes a gente só bate papo, resenha, dá risada. 
 
BN: Seus empresários são Manoel Castro e Paulo Borges?  
MA: É uma verdadeira legião (risos). Tem Manoel Castro, Paulo Borges, Rodrigo Melo, Bógus, Bruno Melo e Cal Adan. São três empresas: Carreira Solo, Grupo Notável e Bicho da Cara Preta.
 
BN: O que mudou em Mari Antunes da Sarypa pra cá?
MA: Mudou muita coisa em termos de amadurecimento pessoal e profissional. Naquela época era tudo muito novo, pois eu ainda estava em período de adaptação aqui em Salvador. Hoje já estou mais tranquila, tenho boa relação com os artistas daqui, com a música, com os fãs. Também aumentou muito a quantidade de shows e apresentações, de viagens. A cada dia vou aprendendo alguma coisa. 
 
BN: Mas o que ainda falta? Você tem feito muitos shows pelo Brasil, mas o Babado Novo ainda não emplacou nacionalmente. Essa é uma expectativa?
MA: É uma expectativa e eu quero, com certeza. A música é um fator primordial para deslanchar uma carreira. Além disso, eu creio que as coisas só acontecem no tempo certo. Muitas vezes as pessoas brincam dizendo que se fosse há dez anos eu já teria estourado e tal. Mas os tempos eram outros. O mercado do axé está muito mais difícil. A expectativa e a ansiedade existem, mas acredito que tudo tem seu tempo. Esse meio é muito volúvel e não existe a fórmula do sucesso. Isso é uma coisa que a gente busca diariamente. Eu quero ser famosa, porque isso é resultado de um trabalho que está sendo executado de maneira que está agradando a todo mundo.  Da mesma forma que existe médico, advogado e engenheiro famosos, eu quero ter fama no que eu escolhi. Mas isso não é só o “eu quero ser”, mas sim uma busca diária. Pra você ter ideia, tem regiões no Brasil que as pessoas ainda acham que Claudinha ainda está no Babado Novo. Apesar de a internet, das redes sociais, da TV, tem gente que ainda não conhece nosso trabalho. 
 
BN: Mas vem o cartão de visitas que é o DVD.
MA: Então, esse será mesmo nosso cartão de visitas. Estamos colocando nosso foco nesse DVD, porque através dele as pessoas que não conhecem essa nova história do Babado vão passar a conhecer. Claro que ali não tem tudo que acontece nos shows, mas as pessoas a partir do DVD vão começar a nos conhecer.
 
BN: Só que ainda falta “A música”.
MA: É, com isso fica tudo muito mais fácil. As pessoas associam a banda a uma música. Por exemplo, “15 mil por mês” a gente fez para entrar na novela, mas não foi muito bem pensada. Só que estamos tendo muita surpresa com ela, porque várias bandas de forró tocam ela. Então, no Nordeste e alguns locais do sudeste as pessoas já cantam todinha no show. Mas é só isso que vai fazer acontecer? Não é. Mas estou na espera, na fé. 
 
BN: Quando você entrou no Babado Novo as comparações foram inevitáveis. Mas não foram tão fortes e frequentes. 
MA: Eu imaginava que seriam muito mais.
 
BN: Você acha que a cota de comparações envolvendo Claudia Leitte esgotaram com Ivete?
MA:
(Risos). Será, gente? Logo quando eu assumi o Babado Novo eu não estava pensando em nada do que viria. Eu só fazia agradecer todos os dias. Houve comparações, mas não foram pesadas. Talvez porque teve o intervalo de cinco anos e a passagem dos meninos (Guga e Igor) antes de eu entrar. Tinha gente que achava até que a marca não existia mais quando eu assumi. As primeiras entrevistas foram em cima disso, mas tirei de letra porque sendo comparada e ela eu estava no céu. Foi tranquilo porque Claudinha tem a personalidade dela e eu tenho a minha e tô construindo minha história. E outra coisa, a maioria dos fãs dela me abraçou. Os fãs de Ivete também me abraçaram com força. 
 
BN: Falando em Ivete, como surgiu o convite pra você participar do show dela no Festival de Verão?
MA:
Menino, foi ela que me ligou no dia anterior e tal. No dia do Festival eu tinha show em Praia do Forte, mas na hora que ela ligou eu não pensei em nada, só em aceitar. Não deu tempo de ensaiar, de nada. Quando eu liguei pra Manoel Castro pra avisar nem ele acreditou. Mandou eu largar de pressão (risos). Foi aí que ele me lembrou do show que a gente tinha no outro dia. Ele apertando minha mente e eu disse pra ele conseguir, nem que me botasse em cima de um jegue, porque eu já tinha dito a ela que sim e não ia mais desmarcar. Eu liguei pra Alina Amaral, a menina responsável pelo meu figurino, e avisei que Ivete queria que eu fosse de branco, preto ou preto e branco. Eu sei que Manoel contratou um helicóptero e conseguiu antecipar meu show em Praia do Forte, que era corporativo. Nisso tudo não deu tempo de eu experimentar a roupa, ensaiar a música, de nada. Consegui chegar a tempo. Quando eu pisei no palco ela me anunciou e tudo aconteceu e deu certo. Precisa de muita coragem, porque o Festival de Verão é palco para o mundo. Era um sonho cantar com Ivete e foi realizado naquele dia. 
 
BN: Voltando ao DVD, ele já tem previsão de lançamento?
MA: Tá pra ser lançado agora entre outubro e novembro.
 
BN: Vai ter um evento para lançamento em Salvador?
MA: Vai, sim. Só não sabemos quando nem como.  Vamos fazer uma coletiva, um show. A turnê começa a rodar o Brasil logo após o lançamento. Inclusive já estamos trabalhando a música “Roubou meu coração”, que estará no DVD. Ela tem uma pitada de humor e com suingue muito gostoso. Ela é de Tiago, um compositor de Itabuna, minha região, de onde sempre trago coisas. 
 
BN: E como tá a vida de Mari Antunes como garota propaganda?
MA: Pois é, menino. Tem uma linha de esmalte com o Babado Novo e também fiz uma propaganda de uma rede de materiais de construção, e também do Frango Gurjão, uma rede de alimentos. 
 
BN: Você tá gostando?
MA: Sim, adoro. Ligou a câmera eu já tô gostando.
 
BN: Então, tem vontade de ser atriz?
MA: Nisso eu nunca pensei. Mas apresentadora de TV é uma vontade que eu tenho. Eu gosto desse lance de TV, de comunicação. 
 
BN: Falando em trabalho fora da música, você anda fazendo uns bicos como enfermeira ainda?
MA: (risos) Eu sou enfermeira mesmo. Engraçado, dia desses eu apliquei no percussionista lá da banda. Ele chegou me chamando de enfermeira pra aplicar uma injeção pra dor de coluna. Sempre que tem algum problema de corte ou machucado na banda, sou eu que cuido deles. Eu já trabalhei na área e os meninos acham que é Deus no céu e eu na banda (risos). 
 
BN: Como foi o show lá em Cabo Verde?
MA: É, foi semana passada o nosso primeiro show internacional. Tocamos em Cabo Verde, na África, pra 100 mil pessoas. 
 
BN: Pra finalizar, já tem novidades para o Carnaval 2015?
MA:
O Papa nós vamos fazer pelo menos um dia. Esse ano fizemos só um dia por causa da agenda apertadíssima. Pra você ter ideia, no Carnaval, em um dia, eu fiz cinco shows. Vamos fazer também o Happy pelo terceiro ano consecutivo. Esse ano fizemos o Babado Elétrico sem corda e puxamos uma multidão. Tenho interesse que se repita ano que vem. Fora os camarotes, que a gente toca bastante. Estamos focando mais na música e no DVD, mas temos no mínimo dois dias garantidos no Carnaval de Salvador. Tem também a Farrinha do Babado, um projeto que já levamos a algumas cidades, mas que ainda não trouxe a Salvador.

Fotos: Jamile Amine // Bahia Notícias