Um negócio que, literalmente, movimenta Ponta Grossa é o setor de transportes. De acordo com o presidente do Conselho Superior do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Ponta Grossa (Sindiponta), Ademar Barbosa, este segmento fatura cerca de R$ 1 bilhão por mês e representa 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Município. A cidade possui 587 empresas de transporte e emprega mais de dez mil pessoas, conta. Ademar toma como exemplo a sua própria empresa, que emprega 148 pessoas e atinge mais 80 indiretamente. Minha empresa é de pequeno porte, tenho 31 veículos, mas tem outras transportadoras com mais de mil veículos, diz, acrescentando que 60% das cargas transportadas por aqui são grãos e outros 20% são produtos de indústria e comércio.
Segundo ele, além de gerar emprego e renda diretamente, o setor de transportes também interfere em outros segmentos. Veja quantos postos de combustíveis dependem de nós, oficinas mecânicas, retíficas de caminhões e tantos outros, conta. De acordo com o empresário, as transportadoras adquirem 800 caminhões novos todos os meses, em média.
Apesar de todos esses números, Ademar lamenta que o setor não recebe incentivos, ao contrário, é um dos que mais paga impostos. Não tenho nenhum incentivo do governo federal, estadual ou municipal e nosso impostos são altíssimos. Pagamos 43,2% em cima de tudo que faturamos, reclama.
Além dos impostos, Ademar critica a tarifa de pedágio, que ele considera alta nas estradas que cortam os Campos Gerais. Ponta Grossa e região são sitiadas por pedágios caríssimos, que encarecem o nosso frete em mais de 12%. E para qualquer direção que você vá quando sai da cidade se depara com pedágios, dispara. O valor da tarifa também é criticado pelo prefeito Marcelo Rangel (PPS): o pedágio é caro e infelizmente estamos presos a um contrato muito bem arquitetado.
Quanto à tarifa, o presidente da Rodonorte, José Alberto Moita, diz que se trata de um dinheiro investido no Paraná. Quem paga o pedágio? Setenta e oito porcento são caminhoneiros que trazem cargas do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. Eles trazem dinheiro de fora e, com a tarifa, deixam esse dinheiro aqui, o que rende ISS [Imposto sobre Serviços] para os Municípios, observa.
Ademar também reclama da prioridade dada a algumas obras em detrimento de outras que considera mais necessárias e urgentes. Ademar se refere ao desvio de Campo Largo, de 14 quilômetros. Enquanto isso, falta duplicar a estrada de Jaguariaíva, importante ligação com São Paulo, diz.
Moita garante que a duplicação da PR-151, entre Piraí do Sul e Jaguariaíva (trecho da concessão), está sendo feita e deve durar dois anos. A duplicação de 49 quilômetros está orçada em R$ 42,2 milhões. O restante da rodovia até a divisa com São Paulo não pertence à Rodonorte e cabe ao governo estadual fazer interferências.
Transportadoras faturam R$ 1 bilhão ao mês Foto: Rodrigo Covolan