América Central

Pôr do sol diante do Concepción, na Ilha de Ometepe Foto: Elisa Martins

Nicarágua se firma como atração do turismo de aventura, tirando vantagem de belezas naturais

País tem vulcões de diferentes perfis, além de lagos e rios

por Carol Cavaleiro / Elisa Martins

Na movimentada avenida de mão dupla em frente ao aeroporto de Manágua, um outdoor com figuras coloridas se destaca na paisagem cinza: “Nicarágua, terra dos lagos e vulcões”, promete o cartaz. Se parece difícil mergulhar nessa beleza quando se está no trânsito da capital nicaraguense, a propaganda vira realidade quanto mais se entra no país. Sim, a Nicarágua é terra de impressionantes lagos e vulcões, e se firma como destino turístico de aventura na América Central.

O país de apenas seis milhões de habitantes tem ao menos 12 vulcões de diferentes perfis e graus de dificuldade para os visitantes. Há vulcões ativos, como o Masaya e sua lava incandescente. Outros cobertos por florestas há milhares de anos, caso do Mombacho. E até vulcão para surfar (o temido e adorado Cerro Negro — calma, chegaremos lá).

Entre os lagos, o mais famoso é o Lago da Nicarágua, chamado também de Cocibolca, que abriga 365 pequenas ilhas, além da famosa ilha de Ometepe, um paraíso de 276km² ameaçado por um projeto de construção de canal maior que o do Panamá. Outro ponto impressionante é a Reserva Laguna de Apoyo, uma área de 43km² com uma piscina natural formada na cratera de um vulcão extinto, segundo especialistas, há uns 23 mil anos. Em alguns pontos, a profundidade chega a 250 metros. O Rio San Juan, única conexão com o Mar do Caribe, também chama a atenção.

Em comum, são todos lugares criados pela natureza, que conservam ar selvagem apesar do turismo crescente. É uma viagem para encantar os olhos e cansar as pernas, nas caminhadas trilha acima de um vulcão — e para descansar também, boiando em algum lago, desde que não seja o Cocibolca que, dizem, tem tubarões.

A simplicidade e a simpatia dos nicaraguenses — “nicas”, para os íntimos — são atrações à parte. O país — um dos mais seguros da América Central e cobiçado cada vez mais por imigrantes da região — investe em infraestrutura para tirar vantagem do que a natureza lhe deu. E sem deixar de lado sua história, marcada por invasões, conflitos internos e uma ditadura que afundaram a Nicarágua em desigualdade social.

Esse passado continua vivo em cidades coloniais como Granada, incendiada e reconstruída várias vezes, e León, berço da revolução sandinista, que livrou o país do ditador Somoza. Mas esses são só alguns dos destaques que transformam o território de 130 mil km² (menor que o Ceará) num grande destino.

Ativo, verde, radical: tem vulcão para todo gosto

Esse tema poderia estar numa daquelas listas de coisas a fazer antes de morrer: ver um vulcão ativo. O Masaya, a uns 40 minutos de carro da cidade de Granada, atende o pedido: sua lava incandescente que brilha no escuro faz lembrar até o desenlace da jornada de Frodo em “O senhor dos anéis”.

São duas opções de visita por dia: manhã e fim da tarde. O horário depois do pôr do sol é o mais concorrido, pois se vê melhor a boca fervente do vulcão. Vans de turismo começam a se enfileirar na entrada do parque do vulcão antes de 17h. Para garantir o acesso, é melhor agendar o passeio com antecedência, normalmente por agências (a uns US$ 30 por pessoa, com transporte e ingresso).

Com o gigante de 635 metros acordado, caminhar dentro do parque é proibido. Só carros circulam, e a subida íngreme não é para qualquer um. Na paisagem mista de vegetação baixa com terra preta, veem-se resquícios de erupções de outrora.

As vans param após uns quinze minutos de trajeto e, a alguns passos dali, apenas uma muretinha separa o estacionamento da cratera do Masaya. É a única hora para andar. Impressionante como se chega tão perto da cratera — há alguns anos, se podia visitar até a entrada dos túneis de lava, mas uma “tosse” de gases em 2008 levou o parque a restringir o acesso. A natureza está viva, afinal.

O contraste da lava incandescente com o cair da noite é tão grandioso que, não à toa, o Masaya recebeu dos colonizadores espanhóis a alcunha de “Boca do inferno” — e, no século XVI, uma cruz para “exorcizar” o demônio. A visita é curta, máximo 15 minutos no topo, por segurança. Os turistas se apinham em dois pequenos mirantes para o melhor ângulo do rio de lava — e apesar do pouco tempo, vale muito a pena.

Durante o dia, a visita não é tão disputada, mas, em compensação, é um pouco decepcionante: a volumosa saída de gases de enxofre acaba sendo o maior indicativo de que ali há um vulcão ativo.

Mas seja de dia, ou fim da tarde, vale a dica: o Masaya fica a apenas 20 minutos do aeroporto de Manágua. Outra opção é usar a cidade de Granada como base para este e outros passeios de vulcões. É o caso do Mombacho, coberto por um manto verde de floresta há milhares de anos.

O barato é percorrer as trilhas de diferentes graus de dificuldade que pulsam entre as crateras do gigante adormecido — sim, vulcões podem ter mais de uma cratera, algo que se aprende na prática ali.

O caminho mais simples é o do Cráter, ou Cratera, com 1,5km de extensão, que leva à cratera principal. A segunda opção, Tigrillo, ou Jaguatirica, tem 2,5km e passa por duas crateras, fumarolas (o Mombacho está adormecido, não morto!) e quatro mirantes — um deles o segundo ponto mais alto do vulcão, a 1.222 metros. Já o último caminho, o do Puma, é o mais inclinado e longo, com 4km de caminhada. Nos dois últimos, o acompanhamento de um guia (oferecido pelo parque) é obrigatório.

Vulcões. Concepción e o Maderas ficam na Ilha de Ometepe - Daniel Laper

Pela encosta, de ‘esquibunda’

Vários tipos de vegetação se exibem ao longo das trilhas. É um bosque de verde vivo, úmido e habitat de um dos símbolos do continente: a rã de olhos vermelhos, que se mostra bem colorida quando algum guia a desperta de sua soneca entre as folhagens. A caminhada tem ainda paradas para observar a variedade de pássaros e flores no Mombacho, com direito a vista do vulcão Masaya e das isletas no Lago da Nicarágua.

A 25km de León, outra cidade cobiçada no Noroeste nicaraguense, surge mais um vulcão imponente: o Cerro Negro, point de um surfe radical. O vulcão nascido em 1850 já entrou em erupção mais de 20 vezes. É o mais jovem da América Central, com superfície coberta de cascalho negro.

Não o subestime à primeira vista: são mais de 40 minutos de subida íngreme em pedras. E, mesmo em dias nublados, o calor ali não dá trégua. Além do bom condicionamento físico, o turista tem de ter muque para carregar, ladeira acima, uma prancha de 0,50m x 1,40m, que seria leve e de fácil transporte não fosse o vento, o sol e o caminho empinado. É com o apetrecho que ele descerá os 500m do vulcão calmo, mas ativo. De esquibunda. A velocidade da descida pode chegar a 100km/h. (leia mais no box)

Esse chamado volcano boarding no Cerro Negro foi criado em 2004 pelo australiano Daryn Webb, primeiro dono do Big Foot Hostel em León. Reza a lenda que antes de adotar de vez a tal prancha — um trenó de madeira compensada reforçada com metal e fórmica — ele chegou a tentar a descida com pranchas de bodyboard, colchões e até frigobar.

Hoje o vulcão recebe, em média, 150 visitantes ao dia. Todos saem igualmente empoeirados, cheios de cascalho nos cabelos e ouvidos. Alguns, menos afortunados, perdem o equilíbrio, e a queda pode custar escoriações leves ou fraturas. Tem também quem sai rindo. E volta, para descer de novo.

Na onda do surfe de vulcão

Quem se dispõe a fazer o volcano boarding no Cerro Negro deve considerar alguns detalhes. Primeiro, o equipamento de segurança oferecido pelas operadoras se resume a macacão, óculos e luvas finas. Segundo, é bom levar lenço para cobrir o rosto e evitar que cascalhos entrem na boca e nariz. E terceiro, para os mais aventureiros, há empresas que prezam pela velocidade e a tornam o destaque do programa.

Turistas descem o Cerro Negro - Carol Cavaleiro

Se a adrenalina não é o seu forte, há operadoras, como a cooperativa de turismo Las Pilas El Hoyo (laspilaselhoyoleon. weebly.com), que dão prioridade à segurança. Com macacões resistentes e regras rígidas sobre o que se deve ou não fazer durante a descida, a empresa registra menos acidentes. A gosto do freguês.

Para diminuir a velocidade na descida, o indicado é usar os pés e uma das mãos como freio. No caso dos mais aventureiros, uma opção pode ser uma operadora que aposte na velocidade, como a Big Foot (bigfoothostelleon.com), que recomenda que o turista mantenha os pés sobre a prancha ou que não deixe que toquem o chão. O tronco inclinado reduz a resistência e, para uma freada brusca, é indicado sentar-se com ele mais à frente, e colocar os dois pés no chão. Dessa maneira, perder o controle é quase inevitável: com o tronco mais à frente, o bico da prancha pode se encher de cascalho, levando a pessoa a um curto sobrevoo seguido de pouso forçado em uma pista de pedras. E ao tentar frear em alta velocidade com os pés, facilmente se termina rolando vulcão abaixo já que, na descida, os pés afundam e o aventureiro capota.

Para quem confia fortemente no anjo da guarda, também dá para descer de bicicleta ou de pé sobre a prancha. O equipamento de segurança é o mesmo, acrescido de um capacete. O recorde atual dessa modalidade é de 130 km/h.

Em geral, o transfer de León para o Cerro Negro e a entrada do parque saem por cerca de US$ 35. Por mais US$ 5, um ajudante carrega a prancha do turista ( Carol Cavaleiro ).

Atrações que vão do luxo à simplicidade

Lago. O Nicarágua e suas isletas. Ao fundo, o Mombacho - Carol Cavaleiro

O Lago da Nicarágua é o maior da América Central e o segundo maior da América Latina, com 8.264 km². Só perde para o Titicaca, que tem 8.372km². Aos pés do vulcão Mombacho, foi presenteado com 365 novas ilhas, uma para cada dia do ano, resultado de uma erupção furiosa ocorrida há milhões de anos. Isso transformou o lago para sempre.

Hoje, juntas, as isletas abrigam cerca de 1.200 pessoas em construções heterogêneas: casas humildes de pescadores, restaurantes, hotéis, casarões de empresários, escola e até um cemitério. Uma das ilhas é reservada a quatro macacos-prego, um deles sem rabo, por tentar escapar pela fiação elétrica. Colocados lá para fins turísticos, não estão em seu habitat e dependem da comida trazida pelos barcos.

Em outra isleta, a única construção é uma igreja, e o maior acontecimento do ano é a Semana Santa, quando barcos saem em procissão, lembrando a via-crúcis.

O passeio por entre as 365 ilhas leva em torno de três horas de barco. É grande a variedade de árvores frutíferas e de pássaros, como garças e martim-pescador, mas a água turva não serve ao mergulho, por causa do esgoto das casas. No fundo do lago, há peixes-espada e tubarões, que teriam chegado pelo Rio San Juan, única conexão com o Mar do Caribe.

Agências de turismo garantem que é possível nadar em algumas partes, já que a poluição se dilui no volume d’água e os tubarões se concentram apenas perto da conexão com o rio. Mesmo assim, difícil achar quem tire a prova durante o passeio.

Toda essa imensidão de lago-mar também prometia uma explosão econômica, aos moldes do Panamá. Um novo canal unindo Pacífico e Atlântico cortaria o sul do país pelo rio San Juan e seria três vezes mais longo e duas vezes mais profundo. O maior movimento de terra da História. A promessa que tiraria a Nicarágua da pobreza.

Cheio de superlativos, o canal ainda não saiu do papel, para alívio de ambientalistas e insatisfação de investidores. Por enquanto, o grande lago permanece sem cargueiros. É possível andar de caiaque individual a US$ 12 a hora ou percorrer as ilhas a partir de US$ 20 de barco para até dez pessoas.

A maior embarcação que hoje cruza por ali é o ferry que leva turistas à Ilha de Ometepe, ou “lugar de duas colinas”, na língua indígena náhuatl. Duas colinas-vulcões: Concepción (1.610m), que impõe 12 horas de subida a quem se atrever a desbravá-la, e Maderas (1.395m), de oito horas de aventura.

A melhor maneira de conhecer a ilha de 276km² é de moto. Mas devagar, porque sempre passa um boi, porco ou galinha atravessando a rua. A paisagem parou no tempo: são fartas as casas simples, de portas abertas e quintal amplo, sempre com os vulcões à vista. E a paz no pôr do sol visto da estreita faixa de areia de Punta Jesús María, em um dos limites da ilha (entrada a US$ 1), nos faz agradecer que o canal ainda não tenha ido à frente.

Se um dia virar realidade, aliás, a obra ambiciosa vai alagar a pacata Punta Brito, no litoral do Pacífico, onde deságua o Rio Brito. Até 20 anos atrás, o local ermo era de difícil acesso por terra, com estradas esburacadas e sem rede elétrica.

Aeroporto e hotel de luxo

Hoje, toda essa região, a área costeira de Rivas, com mais de 70km de praia, se divide entre hotéis de alto luxo e pequenas vilas de pescadores. O potencial turístico é grande e conta com investimentos pesados. O nicaraguense Carlos Pellas, empresário e produtor do rum Flor de Caña, por exemplo, construiu um aeroporto para atender a região — o Costa Esmeralda —, um exclusivo hotel de luxo, o Mukul, e um empreendimento imobiliário que tem como alvo nicaraguenses que deixaram o país durante a revolução sandinista, entre 1979 e 1990, e que desejam voltar às raízes.

Areia. O Hotel Mukul fica à beira do Oceano Pacífico - Carol Cavaleiro

A 15km de Punta Brito, pela costa, está o vilarejo de pescadores de San Juan del Sur. O lugar, destino de nicaraguenses e turistas em sua maioria americanos, vive uma explosão de pequenos hostels e pensões. Além de tomar banho em uma praia em forma de meia-lua, o visitante também pode comprar artesanato a preços camaradas. Quadros feitos de palha de milho que imitam mosaicos pintados um a um, apitos em forma de pássaros da região e jarras de barro trabalhadas em recortes são exemplos de peças exclusivas da região. Vale a compra, já que tal variedade é difícil de se encontrar em outras cidades. Fora dali, só no aeroporto, onde o preço, via de regra, nunca é camarada.

As belas praias da região são visadas por surfistas. Para aqueles que desconhecem a arte, a Tropicsurf oferece aulas para iniciantes, a partir de US$ 150 a hora.

Passeio, pesca e almoço a bordo

O sol batia nas águas esverdeadas da Costa Esmeralda. Saímos cedo, de barco, rumo a San Juan del Sur. O caminho de cerca de 40 minutos nos mostrou uma vista agradável do Pacífico, com contornos da Costa Rica ao fundo. A embarcação parou na Praia Gigante, e um café da manhã bem leve foi a nossa melhor decisão.

Durante todo o percurso, quatro varas encaixadas na parte de trás do barco indicavam que, além da vista deslumbrante, algumas surpresas poderiam interromper nosso caminho. Na ida, a curvatura da vara já anunciava a primeira delas: sob gritos de torcida da tripulação, puxamos os molinetes para duas sierras do Pacífico, peixe comum na América Central. Na volta, foram quatro atuns, pescados mar adentro, que, em meio a ondas, ainda nos reservou um espetáculo de golfinhos.

E nesse passeio de barco, a gastronomia não ficou de fora. O almoço foi farto: sushis com os peixes recém pescados, ultra-frescos. O menu do barqueiro deixava claro o treinamento de sushiman: após ostras de entrada, o sabor foi sendo construído do mais suave para o mais forte. A raiz forte (ou wasabi, para os íntimos) já estava sabiamente colocada entre cada fatia generosa de peixe e cada bolinho de arroz.

Sushi de sierra com caviar vermelho, para começar. O atum foi servido em seguida, primeiro apenas com gengibre e arroz “para limpar o paladar”, e depois com abacate, jalapeño e pimenta vermelha em pó.

Pois o almoço seguiu: sushi de lagosta com limão e sal marinho, além de polvo cozido com sal e limão. Para fechar, o “Arnold Palmer”, drink de chá gelado com limão que na versão nicaraguense leva o nome do famoso jogador de golfe americano e recebe rum branco e muito gelo. ( Carol Cavaleiro )

Granada, León, saques e resistência

Vista de Granada, com destaque para o coreto localizado em meio ao verde - Carol Cavaleiro

Fundada em dezembro de 1524, a cidade colonial de Granada é uma das cidades mais antigas do continente, com a vantagem de ainda estar exatamente no mesmo lugar de sua fundação. Não foi fácil: alvo de disputas históricas, saques, ataques piratas e invasões de ingleses e franceses que lutavam pelo controle do país, a cidade que já foi até queimada (três vezes!) conseguiu conservar sua bela arquitetura apesar das reformas.

O nome é uma herança da Granada da Espanha, cidade da rainha Isabel La Católica. São muitos os casarões antigos e, claro, as igrejas. Destaques para o museu convento de São Francisco e a Igreja de La Merced, construída pelo rei espanhol Felipe II em 1534 e reconstruída a cada invasão — a configuração atual é de 1862.

Vale subir a torre do sino, que revela uma vista panorâmica da cidade de telhadinhos quadrados, com o vulcão Mombacho ao fundo. É indescritível o contraste do prédio amarelo da Catedral de Granada com o céu azul e o verde do jardim da praça em frente, onde frutas como manga, groselha e jocote (nossa seriguela) são vendidas ainda verdes, com vinagre, sal e pimenta. Ao cair da tarde, pássaros tomam as árvores da praça, cada canto num tom, embalando o movimento de crianças que voltam da escola, de moradores e dos turistas que curtem o pôr do sol (e que tiram casquinha do wi-fi grátis nessa quadra).

Memórias de uma guerrilha

Erguida em 1525, a catedral também foi saqueada e incendiada várias vezes. Hoje é uma bela construção neoclássica, reformada em 1972. Na esquina, começa a rua Calzada, com cafés, hostels e lojas de suvenires. O calçadão se estende até a Igreja de Guadalupe. Mais à frente, se avistam as margens do Lago da Nicarágua.

Nessa mesma rua, hotéis e restaurantes que mantiveram o estilo colonial exibem em seu interior pátios floridos e preços mais caros. Caso do Museu do Chocolate, que traz explicações sobre o cacau e oficinas do tipo “fabrique seu próprio chocolate” (por US$ 21), em um programa que é salgado para o que de fato oferece.

O segredo está em explorar as opções de uma cidade que, pela proximidade com os passeios de vulcões e da capital Manágua (45km), muitas vezes é preferida como hospedagem dos turistas que chegam ao país.

Granada disputa protagonismo com sua irmã não tão rica, mas mais politicamente ativa, León. Foi esta a primeira cidade a ser libertada do domínio da Guarda Nacional, em 1979. Isso depois de muitos confrontos e mortes de nicaraguenses organizados em guerrilhas contra o ditador Anastácio Somoza, também presidente e chefe das Forças Armadas.

A Catedral de Granada, que foi erguida em 1525 e reformada em 1972 - Carol Cavaleiro

Daquele tempo, restam memórias e pinturas, principalmente nas ruas do centro. “Lutamos pela liberdade e juramos defendê-la”, diz um mural perto do Museu da Revolução. Outro grafite traz o perfil de Augusto C. Sandino, mártir nacional que foi morto em 1934 e que, nos anos 1960, deu nome à chamada Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Essa história resiste no Museu da Revolução, na praça da catedral de León (outra que vale o passeio). Detalhe: a visita (a US$ 3) é guiada por um ex-guerrilheiro. Hoje restam 200 combatentes daquele período, a maioria sem trabalho formal, segundo eles. Muitos moram no museu, que, curiosamente, já serviu de base à Guarda Nacional. É nos pátios carentes de reparos, decorados com figuras de revolucionários, que eles voltam no tempo. “Sandino vive”, diz um. A Nicarágua também.

A repórter Carol Cavaleiro viajou a convite do Mukul Resort

SERVIÇO

ONDE COMER

GRANADA

Pan de Vida. Imperdíveis o suco natural de maracujá e a pizza vegetariana. C. La Calzada 406

El Zaguán. Refeições em torno de US$ 13. Av. La Sirena s/n.

El Tranvía. No casarão colonial onde funciona o Hotel Darío, cardápio gourmet combina as cozinhas internacional e tradicional nicaraguense. Calle La Calzada. bit.ly/2tnOJx0

LEÓN

Al Carbón. Prato principal com carne em torno de US$ 13, entradas por US$6. 1ª Calle NE.

PASSEIOS

Vulcões. Para a visita ao vulcão Mombacho, a Tierra Tour cobra US$ 50 por pessoa com transporte desde Granada, guia e entrada no parque. É possível ir por conta própria, mas são 2,5km de caminhada íngreme da base até a entrada na trilha. Para o vulcão Masaya, de Granada, US$ 25 , com transporte e entrada no parque.

Ilha de Ometepe. Aluguel de moto a US$ 35 (2 dias), na Dinarte’s rental ( facebook.com/MeidyDinarte ).

Reserva Laguna de Apoyo. Hotéis disponibilizam suas instalações para relaxar às margens da lagoa. A Buena Tour faz o transporte de Granada e day use no Hostel Paradiso a US$ 11 por pessoa. buenanicaragua.com

Costa Esmeralda. Passeio pela Costa Esmeralda e visita ao povoado San Juan Del Sur podem ser combinados com barqueiros no local.

ONDE FICAR

GRANADA

Hotel Darío. Diárias a US$ 112. Calle La Calzada. hoteldario.com

Hotel Glifoos. Diária a US$ 30, mais US$ 3 por pessoa para o café da manhã. C/ Real Xalteva 205. glifoos-ni.book.direct

LEÓN

Hotel El Convento. Diárias a US$ 125,85. 3ª Av NO y 1ª C. NO. elconventonicaragua.com

ILHA DE OMETEPE

Hostal Casa Moreno. Diárias a US$ 30. Moyogalpa, hostalcasamoreno.com

COSTA ESMERALDA

Mukul Beach, Golf & Spa. Com aeroporto privativo, o resort se estende por 6km na praia de Guacalito de la Isla. Dispõe de 11km de trilhas para trekking ou mountain bike. O hotel abriga a agência-escola Tropicsurf, com aulas de até dez níveis. Há pontos de mergulho e snorkel. O spa tem seis pavilhões – cada um dedicado a uma temática de bem-estar. O campo de golfe de 18 buracos é assinado pelo arquiteto escocês David MacLay Kidd. Diárias a US$ 567 com café da manhã e transfers do aeroporto (mínimo de quatro noites). mukulresort.com