Se os clubes brasileiros já reclama muito de jogar na Bolívia, principalmente em La Paz, em jogos da Libertadores e Copa Sul-Americana, a partir de 2018 a chiadeira ficará ainda maior.

No último final de semana, o Governo boliviano inaugurou um moderno novo estádio para 25 mil pessoas na cidade de El Alto, vizinha a La Paz, que fica a 4.095m sobre o nível do mar: quase 500m a mais do que o Hernando Silles, que recebe as partidas de The Strongest, Bolívar e da seleção boliviana. 

É o 2º estádio de maior altitude do mundo, perdendo somente para o Daniel Alcides Carrión, em Cerro de Pasco, no Peru. O campo é casa do Unión Minas e fica a 4.378 sobre o nível do mar - e é detentor do recorde mundial neste sentido de acordo com a Fifa e o Guinness Book.

A arena de El Alto, porém, destronou outros estádios bolivianos, como o Víctor Agustín Ugarte, em Potosí, que fica a 3.900m metros sobre o nível do mar, tornando-se o de maior altitude do país.

A obra custou 58.541.286,00 bolivianos, aproximadamente R$ 26,5 milhões, e foi erguida inteiramente com dinheiro público - vale lembrar que o salário mínimo da nação andina é de 2 mil bolivianos/mês (R$ 907,31).

Ainda estão previstos mais investimentos na construção de novas vias de acesso e também vagas de estacionamento. 

Dinheiro bem investido, segundo a imprensa local.

"A arena brilha com vestiários bem equipados, com salas de aquecimento, banheiros e chuveiros. Há também um consultório médico completo e salas com tudo de melhor para os árbitros e para o controle antidoping", elogiou o jornal La Razón.

O estádio ainda não tem nome, mas foi apelidada de "Gigante del Norte".

A obra começou a ser construída em dezembro de 2013, e foi feita com grama sintética. Também está em todos os padrões Fifa para jogos nacionais e internacionais.

60% das arquibancadas são cobertas e há oito banheiros para o público. Nos bastidores, há cabines de transmissão de primeiro mundo para televisão e rádio, além de um camarote VIP para 80 pessoas. 

A inauguração foi comandada pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, grande entusiasta de futebol, mas que pagou um mico daqueles. 

Ao tentar fazer embaixadinhas no meio de campo, ele acabou chutando a bola em um soldado do exército que fazia a segurança do evento - o "rebote" ainda acertou o soldado que estava ao lado.

O campo foi inaugurado em um amistoso entre Bolívar e The Strongest, os dois maiores clubes do país, que terminou com vitória por 3 a 2 dos aurinegros, além de briga dos atletas em campo. As arquibancadas ficaram lotadas.

"Quero expressar minha satisfação por veio cheio esse novíssimo estádio, que é um orgulho para a Bolívia e um presente para El Alto. Felicidades a todos nós", festejou Morales, no discurso de abertura. 

Graças à sua moderna infraestrutura, infinitamente melhor do que a do já antigo Hernando Silles (inaugurado em 1930), o "Gigante del Norte" deve passar a receber os jogos da seleção boliviana e dos times do país nos torneios da Conmebol a partir do ano que vem. 

Com isso, os clubes brasileiros agora terão que encarar um ar ainda mais rarefeito do que em La Paz, que fica 3.600m acima do nível do mar.

O único "problema" do estádio até agora é que ele não tem um time de primeira divisão, já que em El Alto só há clubes semi-amadores, que disputam campeonatos regionais e municipais. 

Até que isso seja resolvido, ele será a casa do pequeno Ramiro Castillo, time que foi campeão da região de La Paz e irá disputar a Copa Simon Bolívar (espécie de Copa do Brasil local) no ano que vem.