Esportes

Nos 10 anos do Pan, instalações estão abandonadas e em péssimo estado

Miécimo da Silva e o Morro do Outeiro são exemplos do descaso pós Rio-2007
Pista de atletismo do Centro Esportivo Miécimo da Silva está deteriorada. A última reforma aconteceu antes do Pan-2007 e degradou ainda mais após os jogos. Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Pista de atletismo do Centro Esportivo Miécimo da Silva está deteriorada. A última reforma aconteceu antes do Pan-2007 e degradou ainda mais após os jogos. Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo

No placar, ainda está o adesivo que, à época, era sinal de esperança. Hoje, desbotado e imperceptível, é só a marca da desilusão e da crise. Uma situação deplorável que, dez anos completados hoje, afeta instalações esportivas, atletas, patrocínios. O esporte na terra dos Jogos Pan-Americanos de 2007 virou um pesadelo.

Entre as 16 instalações utilizadas está o Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, na Zona Oeste. Maior complexo esportivo administrado por um município na América Latina, com 64 mil metros quadrados, o local vive em uma situação precária no lado esportivo, mas busca resgatar o cidadão com a cultura.

ROUBO DE CABOS

Deteriorada, com buracos e pedras que se soltam a cada passada, a pista de atletismo é pior que o asfalto remendado das ruas. Em contrataste ao visível problema estão as arquibancadas recém-pintadas, o que não acontecia desde 2007.

— Eu moro na região há 30 anos e uso diariamente o centro. O estado da pista é deplorável. Esse descaso revolta — diz o militar Luiz da Silva.

A pista rodeia o campo que foi utilizado pelo futebol feminino em 2007. Um gramado que há menos de um ano parecia um matagal e chegou a ser arrancado com as mãos pelos professores. Agora está aparado, demarcado e tem sido utilizado para ligas locais.

Os refletores não funcionam por conta do roubo de cabos, assim como o placar eletrônico no interior do Ginásio do Algodão. No piso, há buracos profundos, e faltam bancos nas arquibancadas. Há ainda problemas nas quadras de handebol, futsal e basquete, que receberam paliativos como pintura e remendos.

— Eu assumi aqui há um ano. Peguei quase dez anos de abandono, sem reformas, sem manutenção desde o Pan — afirma o gerente do complexo, Thiago Barros. — Não temos verba. Sem as OSs (Organizações Sociais), não temos como bancar R$ 2 milhões para fazer uma pista nova. Por isso, precisamos de apoio.

Em dez anos, três OSs administraram o Miécimo, recebendo quase R$ 63 milhões para investir e manter o local. Mas nada foi feito.

— Temos potencial. Falta vontade, falta fiscalização, falta os gestores terem a consciência que o esporte é o futuro do país — diz Barros.

De todas as instalações utilizadas, nove foram locais de competições esportivas nos Jogos Olímpicos da Rio-2016; uma virou Vila Olímpica dos atletas; quatro foram apenas emprestadas e uma inexiste. É o Morro do Outeiro, também na Zona Oeste. No local onde aconteceram as competições de ciclismo BMX e estrada, só se vê um canteiro de obras e muito mato.

Na pista aberta em meio à mata, pegadas de cavalo, depósito de canos, alguns enferrujados, e restos de construções. Pessoas transitam livremente de um lado para outro, inclusive usuários de drogas. A Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação informou que a área foi utilizada pela Cedae para a construção de um reservatório.

TALVEZ EM 2018

Considerado inadequado para a Rio-2016, o velódromo do Pan foi desmontado e sua estrutura levada para Pinhais (PR), em 2013, onde seria construído um complexo esportivo. Já se passaram quatro anos, e as vigas seguem enferrujadas em um terreno da prefeitura à espera de uma licitação.

O secretário municipal de Governo, Ricardo Pinheiro, explica que a construção do complexo está prevista para fevereiro ou março de 2018, caso a Caixa Econômica Federal aprove a licitação:

— Está sendo realizado um novo processo, que será entregue no fim de julho à Caixa (órgão fiscalizador). O banco terá até 120 dias para analisar, e depois disso será realizado o processo licitatório.