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Eles entraram juntos na NBA, fizeram mais de R$ 100 milhões cada na liga e estão unidos nas ruas em protestos nos EUA

Jaylen Brown e Malcolm Brogdon. Os dois nomes foram ouvidos na noite do dia 23 de junho de 2016, no Draft da NBA, quando os jovens entraram na liga para defender, respectivamente, Boston Celtics e Milwaukee Bucks. Quatro anos se passaram desde aquela data, e a dupla mantém uma ligação. Na verdade, com muito mais em comum do que a “turma” de seleção.

Na última semana, tanto Brown, quanto Brogdon estiveram nas ruas de Atlanta, protestando contra o racismo e a violência policial, depois da morte de George Floyd, em Minneapolis. Os dois marcharam juntos, com megafones em mãos, discursando, na manifestação pacífica.

O ala-armador dos Celtics, aliás, fez mais do que isso: foi um dos líderes do ato e dirigiu aproximadamente 15 horas desde Boston para participar do protesto que aconteceu bem perto de sua cidade natal, Marietta, também na Geórgia, a cerca de 20 minutos dali.

“Eu dirigi 15 horas para chegar à Georgia, minha comunidade. Este é um protesto pacífico. Ser uma celebridade, um jogador da NBA, não me exclui de nenhuma conversa. Primeiro e principalmente, sou um homem negro, sou um membro dessa comunidade”, disse Brown.

“Nós estamos nos levantando por algumas injustiças que temos vistos. Não está tudo bem. Como um jovem, você tem que ouvir à nossa perspectiva. Nossas vozes têm que ser ouvidas. Tenho 23 anos, não sei todas as respostas. Mas sinto como todos estão se sentindo”, seguiu.

Terceira escolha no Draft de 2016, Brown mostra engajamento também dentro da liga, na qual já faturou 21,4 milhões de dólares (R$ 108 milhões na cotação atual) em quatro temporadas. Ele é um dos vices da NBPA, a associação de jogadores da NBA, presidida por Chris Paul.

No sindicato, ele tem como companheiro, Brogdon, hoje no Indiana Pacers e também um dos vices das entidades. O armador de 27 anos é outro exemplo de atleta com a vida garantida na NBA (faturou US$ 23,7 milhões, ou R$ 120 milhões até aqui), mas que esteve nas ruas.

“Eu tenho irmãos, tenho irmãs, tenho amigos que estão nas ruas, que estão aqui, que não fizeram chegarmos a esse nível, que estão vivendo isso, que estão sendo parados, discriminados, dia após dia”, afirmou Brogdon, ao lado de Brown, em Atlanta.

“Lidando com a mesma m..., isto é sistemático. Não é algo que chegamos e... nós não temos que queimar nossas casas. Nós construímos esta cidade. Esta é cidade negra mais orgulhosa do mundo. Do mundo, caras. Vamos ter orgulho, nos focar, curtir isso juntos”, continuou.

“As pessoas vão olhar para trás, nossos filhos vão ver isto e diz, ‘Você foi parte disso’. Eu tenho um avô que marchou ao lado de Martin Luther King Jr. nos anos 60, e ele foi incrível. Estaria orgulhoso de nos ver aqui. Temos que seguir em frente, Jaylen tem liderado isso, e tenho orgulho dele. Nós precisamos de mais líderes”, encerrou Brogdon.

Além de ter liderado o protesto, Brown também mostrou preocupação em suas redes sociais com três pessoas que foram presas na manifestação em Atlanta realizada no último sábado. Ele pediu ajuda aos seguidores para conseguir o nome de cada uma delas.

George Floyd, negro, morreu depois de ter sido gravado sendo asfixiado por Derek Chauvin, policial branco, que ajoelho em seu pescoço por vários minutos. O episódio gerou protestos muito além de Minneapolis se espalhando por cidades por todo os Estados Unidos.

Na NBA, Brown e Brogdon não foram os únicos a ir as ruas. Em Oakland, astros como Stephen Curry e Klay Thompson, do Golden State Warriors, também protestaram.

Ex-jogador da liga, campeão em 2003 com o San Antonio Spurs, Stephen Jackson era amigo de Floyd e protagonizou um dos momentos mais marcantes dos protestos, com a filha de George nos ombros quando ela gritou: “Papai mudou o mundo”. Em um protesto em Minneapolis, ele teve a companhia de Karl-Anthony Towns e Josh Okogie, ambos do Minnesota Timberwolves.